Capítulo XXXVIII

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  — Acho muito bonito esse amor que você sente pelo seu irmão, mas você está muito errado em colocar a responsabilidade do bem-estar dele sobre meus ombros, não esqueça que ele pode muito bem se manter longe de mim, eu não sou monstro ou coisa do tipo, eu não vivo atraindo-o para mim. Você fala como se eu fosse machucá-lo, se tem tanto medo assim da sua irmã machucá-lo deveria fazer alguma coisa, é com ela que deve se preocupar—.

— Eu mato você, mato ela, e qualquer pessoa que possa machucá-lo. João Pedro tem 18 anos, mas ainda assim é muito criança, ele não vai conseguir ficar longe de você, se ele conseguisse isso, não teria tantas incertezas como ele tem. Se você gosta mesmo dele como diz, faça o que eu te peço —.

— Não se preocupe, não serei eu quem vai correr atrás do seu irmãozinho, mas se vocês têm tanto medo assim da sua irmã, deveriam internar ela, em vez de afastar o João Pedro das pessoas, o envolvendo em mentiras, só digo que assim é muito pior, mas eu nem tenho nada a ver com essa família perturbada de vocês —.

— Se fosse por mim nesse momento estaríamos bem longe daqui, mas meus pais não deixam, e o João é muito apegado a eles, que por outro lado acreditam que a Ana é uma boa pessoa, mas eu sei que não —.

— Você acha que esse bebê é meu? —.

— Acho que sim, ela gosta de você, isso é inegável, ela já esteve grávida outras vezes e abortou, eu acho que é muito provável que seja seu, e acho que seja ainda mais provável que ela ficou grávida apenas para você ficar com ela —.

— Eu juro que eu não queria que as coisas chegassem a esse ponto —.

— E eu muito menos, mas chegaram, aí você decide, vai querer ver o João Pedro bem, ou não, sem falar que tem outra vida para se preocupa agora, o seu filho, a ideia da Ana ser mãe me dá embrulhos no estômago, tenho medo do que pode acontecer com essa criança, tendo aquela doida como mãe —.

— Acha que ela pode fazer alguma coisa de mal com ela —.

— Acho que sim, como você vai ter um filho com ela você tem o direito de saber, ela é sociopata, psicopata, maluca, maníaca. Você teria coragem de deixar uma criança perto dela? —.

— Claro que não, mas e se eu perder a guarda o que vai acontecer? —.

— Se isso acontecer meus pais não deixarão ele desamparado, e ele terá dois bons tios cuidando dele, minha família pode ser maluca para você, mas nunca deixaríamos uma criança sofrer nas mão daquela maluca, pelo menos não eu —. Gabriel falou com um olhar de perdido, como se recordasse de algo em um passado distante.

— Bom eu tenho que ir, tenho cirurgias para fazer —. Ele se levantou e foi andando até a porta.

— Gabriel —.

— Sim —. Respondeu.

— Tem alguma chance de voltarmos a ser amigos? —.

— Não, você me traiu das piores maneira possíveis, você mentiu para mim. Não existe mais amizade entre nós dois Luiz, nem nada mais —. O silencio reinou na minha sala, me levantei e tranquei a porta, com a Ana Paula pelo hospital eu teria de tomar mais cuidado.

Quando meu plantão acabou, eu arrumei minhas coisas e rapidamente entrei no elevador, minha sala ficava no último andar, havia algumas pessoas no elevador, mas elas saíram no segundo andar, e foi por entre essas pessoas que o João Pedro entrou no elevador, com a cara no celular e fones de ouvido. Acho que ele não tinha me visto, pois se não teria saído, pelo que eu o conheço bem. Não dei nenhuma palavra, ele estava de costas para mim, tentei não olhar muito para ele, mas ele estava fofo demais, sem falar que seu cheiro invadiu o elevador. Aquele moleque cheirava tão bem.

De repente o chão tremeu, nos olhamos assustados, só então ele percebeu que eu estava ali, em seguida ele ficou apertando os botões do elevador.

— Não adianta o elevador quebrou, vamos ter que esperar aqui —. Coloquei minha capa no chão e sentei em cima, ele ficou ali em pé como se estivesse surtando.

— Ah não, só o que faltava, eu vou ter que ficar aqui preso com você? —.

— Olha aqui minha cara de felicidade —. Respondi ironicamente.

— Se você está achando que vai acontecer alguma coisa aqui dentro você está muito enganado —.

— Moleque deixa de ser surtado, eu estou aqui sentado no meu canto, eu lá quero saber de você, para de se achar o irresistível, eu não vou pular em cima de você —.

— Eu não me acho o irresistível, apenas conheço o seu histórico —.

— Você não lembrou dele quando estava transando comigo, ou o seu juízo de valor só se aplica a questões nossas que envolvem quaisquer coisas menos sexo? —.

— Do que está falando? —.

— Estou falando você me enganou direitinho João Pedro, me fez acreditar que você acima de tudo não ficaria com uma pessoa apenas por sexo, e a coisa mais surpreendente era que você fazia justamente isso comigo —.

— Ah então eu tenho culpa que você é um mal resolvido, inconsequente —.

— Acho bem idiota como você tenta se isentar da culpa de tudo, mas acaba se condenando —.

— Eu tenho culpa, eu já aceitei isso, foi você que ainda não entendeu as coisas, não olhou completamente a situação, você vai ser pai do meu sobrinho, minha irmã louca é ainda mais louca por você, eu não quero me machucar —.

— O seu problema João Pedro, é que você deixa de fazer o que quer, porque fica pensando no que seus pais, seus irmão e todas as pessoas ao seu redor vão pensar, mas não se preocupa em satisfazer a si mesmo. Por que você se priva assim? Acha que pensar tantos nos outros assim vai te tornar feliz? —.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

O Dono do Meu Corpo [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora