Capítulo LIV

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                           (Luiz)

   Eu amava aquele garoto mais que tudo, e eu odiava profundamente a maneira como as pessoas da sua família o tratavam, como se fosse uma criança, fazendo chantagem barata. O seu pai é opressor demais. E olhar que o filho deles é uma das pessoas mais boas que existem, bem diferente da sua filhinha psicopata que eles tanto defendem.

   Ele entregou o telefone para o irmão, seu pai havia desligado o telefone, ele olhou para mim um pouco perdido. Nem parecia aquele João de poucos minutos, agora ele estava abatido, preocupado, eu jurava como ele estava querendo chorar.

   — O que foi que aconteceu João? O nosso pai disse que a Ana estava chorando —.

   — Ela falou mal de você, eu te defendi, aí ela me chamou de porco gordo, eu falei algumas coisas, algumas que precisavam ser ditas —.

   — Você não falou de vocês dois, ou falou? —.

   — Não, mas deu vontade de falar, deu vontade de mostrar pra ela que esse porco gordo aqui... —.

   — Não fala isso, você não é essas coisas que ela está falando, sabe como ela é maluca, ela odeia todo mundo —. Gabriel da um abraço no irmão. Foi ali que eu entendi porque o João o defendia com unhas e dentes, por algum tempo acreditei que ele fosse igual a irmã, mas isso não é verdade. Gabriel ama o seu irmão, ele fez e faz sacrifícios enormes por ele. Por isso eles não são iguais.

   — Eu não sei o que eu fiz pra merecer isso, e posso não ser a melhor pessoa do mundo. Mas eu tento ser, eu tento não machucar as pessoas, tento mesmo, mas a Ana é tão má e perversa, parece que que ela nasceu apenas pra ser o meu inferno aqui na terra —.

   — Você é bom João, não liga pro que ela diz, você é o melhor de todos nós, se fôssemos apenas eu e você nossa família seria uma perfeição. Mas infelizmente aquela idiota existe. Não há como apagar a existência dela, mas há como relevar. Por isso nós temos que ir embora daqui —.

    — Ele não pode ficar aqui? Seu pai não pode obrigá-lo —.

    — Poder, ele pode, mas ele não vai querer —.

    — Só queria entender porque ele não pode simplesmente ficar comigo, e que raios nós todos temos a ver com as maluquices da sua irmã. Quer saber de uma coisa, eu não vou descansar até fazer ela ir parar em um manicômio, custe o que custa. Se ela pensa que vai atormentar a minha vida, ou a do meu filho ou a do Pedrinho ela está muito enganada —.

   — Acontece Luiz, que não é tão fácil fazer isso, nós dois sabemos bem das leis —.

   — Eu vou para casa quando o papai chegar —. João fala já com uma cara de triste muito grande.

   — Meu bem você não é obrigado a se submeter a essas coisas apenas porque é seu pai, eu sei que ele te ama, mas ele está misturando as coisas —.

   — Eu não quero ficar com um e ficar sem o outro, eu preciso de você na minha vida tanto quanto eu preciso do meu pai —.

   — João, eu sei que você ama demais o nosso pai, mas pensa um pouco, acha mesmo que a Ana Paula vai ficar por muito mais tempo lá com nossos avós? Ela vai voltar, ela vai implicar com sua vida. O papai mudou, nossa mãe também, ele agora ama a Ana, e a quer proteger porque de qualquer forma ela está frágil —.

  — Aquela é minha casa Gabriel, minha, eu vou voltar pra lá de cabeça em pé, vou fazer as coisas do jeito que eu quero, e ela que se exploda, eu já cansei de tentar ser essa pessoa boazinha —.

   — Você não está sendo inteligente —.

   — Eu sei o que estou fazendo, não se preocupem, de qualquer forma eu não vou ficar por muito tempo no mesmo teto que aquela bruna, de uma forma ou de outro vamos estar bem longes um do outro —.

   — Assim espero —. Gabriel disse.

   Depois de uma longa conversa conversa eu fechei a porta do quarto, e abracei o meu pequeno bem forte, dei um beijinho da sua cabeça. Me odiava demais ver ele assim, e era tudo culpa dessa família problemática dele, o Gabriel é doido também, mas ainda assim ama o irmão demais e faz qualquer coisa por ele, mas esses pais. Primeiro que traumatizadas ambos os filhos por conviver com uma mini-psicopata dentro de casa, fazendo todos os dias as coisas mais diabólicas. E depois ainda querem encenar uma família perfeita que estão longe de ser.

   — Eu odeio a Ana, eu queria que ela sumisse, seria tão bom pra todo mundo, eu daria qualquer coisa pra ela ir pro outro lado do mundo, eu mataria pra colocar ela em um foguete para Marte —.

   — Esquece ela, olha pra mim — Aqueles lindos olhos gélidos vieram na direção dos meus — Eu te amo demais, eu te prometo que toda essa bagunça vai passar, eu vou fazer de tudo pra ficar com você e com o meu filho. Quando você entrar para faculdade eu vou junto com você, está bem? Vamos pra qualquer lugar que você quiser —.

    — Tudo bem, eu aceito —. Ele me apertou bem forte, com aquele abraço eu me sentia o homem mais surtudo desse mundo. Era tão estranho e complexo como uma pessoa podia me causar um misto de sentimentos tão bons e únicos como aquele garoto conseguia me provocar.

    Acho que era aquele jeitinho doce, aliado a uma beleza estupenda, e um cérebro único que me conquistou tão rápido e tão profundamente. Eu mataria por aquele garoto, eu viveria por aquele garoto. Me pergunto como não havíamos nos visto antes, sem contar quando ele era criança na formatura. Acho que deve ter sido culpa do Gabriel, por ter uma certa fobia da sua família, ou então apenas culpa do destino.

   Mas uma hora ou outra nos vimos, e nos apaixonamos, fiz coisas desagradáveis, mas ao olhar o que consegui, não me arrependo, pois foram sacrifícios, sacrifícios por um bem maior. O amor da minha vida.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

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O Dono do Meu Corpo [+18]Where stories live. Discover now