Capítulo XXVII

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Quando cheguei em casa minha mãe estava sentada no sofá, lendo um livro. Dei-lhe um bom dia, e pulei em cima do sofá, e fiquei olhando direto para ela no outro sofá.

— O que o senhor andou aprontando? Eu posso saber? Para estar sorrindo desse jeito? —.

— Nada demais —.

— Ah o senhor aprontou sim, pode começar a me falar, senão vou lhe colocar de castigo —.

— Foi nada demais, só uma pessoa da minha escola que me chamou para sair —.

— E foi um menino ou uma menina? —. Questionou sem nem mudar o olhar de ternura em seu rosto, como se o gênero da pessoa não tivesse importância, sendo que nunca havíamos conversado sobre minha sexualidade.

— Um garoto, Victor o nome dele —.

— E ele é legal, você gosta dele —.

— Na verdade nos conhecemos recentemente, por isso marcamos um encontro, para nos conhecer ainda melhor —.

— Fico feliz que esteja interessado em alguém, pensei que você seria como o Gabriel, passar tanto tempo sem se interessar por alguém para depois ficar anos sofrendo por uma pessoa —. Nesse momento, lembro que quase passei por essa mesma situação, com a mesma pessoa inclusive. Só fico triste pelo meu irmão, porque sei que ele merece alguém muito melhor que o Luiz, alguém que saiba o seu real valor.

— O Gabriel ainda a preocupa? —.

— Um pouco, tem dias que eu me preocupo mais com ele do que com a Ana, você sabe sua irmã passa dos limites, mas pelo menos ela tem as amizades dela, o meu Gabriel passa tanto tempo sozinho, tão longe da família dele, pelo menos a Ana eu sei que não está sozinha —.

— O Gabriel é assim mesmo mãe, ele gosta de isolar, algumas pessoas são assim —.

— Mas isso não faz bem, mas enfim, ainda bem que você não me dá preocupações, você é minha base, nunca mude —. Ela se levantou e foi para a cozinha, fiquei algum tempo meditando naquelas palavras, será que eu era mesmo tão importante assim. Acho que se minha mãe soubesse do que eu fiz com o Luiz, ela me deserdaria, depois da Ana me matar. Lembro da vez que ela teve uma crise de ciúmes com seu antigo namorado e quebrou o telefone dele no chão depois de espancá-lo. Acho que era isso que me esperava no final das contas uma bela prestação de contas com ela.

No fim acabei subindo para o meu quarto, eu queria tirar um cochilo e depois ir estudar um pouco.

(Luiz)

Depois de uma conversa um pouco longa com o Gabriel, estávamos acertados mais uma vez, assim eu esperava, eu lhe expliquei que meus sentimentos para com ele se limitavam apenas a amizade. Depois de nossa conversa, ele ficou na sala de repouso e foi dormir, eu fui trabalhar, no horário do almoço fui acordá-lo conforme combinado, quando lá cheguei ele estava acordado falando ao telefone dando risadas.

— E o papai já sabe? —. Alguém falava ao telefone, não consegui ouvir o que a outra pessoa falava, mas acho que deveria ser alguma coisa boa. Quando entrei pela porta Gabriel, falou que precisava desligar, mas seu sorriso permaneceu.

— E esse sorriso? Já sei, conseguiu a aprovação para sua pesquisa? —.

— Não, era minha mãe dizendo que o João Pedro está gostando de alguém —. Naquele momento tive um leve susto, será que ele tinha conversado com a mãe dele sobre o fato de estar se relacionando com alguém, mas acho que não citou meu nome, pois o Gabriel não estaria sorrindo desse jeito.

— Sério? —. Foi inevitável conter o sorriso, será que ele estava passando por um outro momento de dúvidas.

— Uhum, o tal garoto chamou o Joãozinho para sair, eles estudam na mesma escola, o mais engraçado é que ele nunca tinha contado para ninguém que gostava de meninos —. Aquele sorriso foi se desmanchando devagar em ódio puro, não consegui permanecer naquela sala nem por mais um segundo.

— Acho que eu esqueci de prescrever uma medicação, você pode me esperar lá na copa? —.

— Claro —. Ele disse, eu saí apressado, mas não fui prescrever nada, entrei na sala de triagem e fechei a porta ela estava vazia, sentei-me na poltrona e coloque a mão na cabeça, tentando digerir o que eu tinha acabado de ouvir. Eu não conseguia aceitar o fato dele estar afim de outra pessoa, sendo que dias atrás ele estava entre meus braços, e agora estava combinando de sair com um qualquer, um garoto da sua escola, eles nem são homens o suficiente para o João.

Peguei meu celular, olhei a única foto que eu tinha dele, era uma foto que eu tinha tirado na festa, uma live photo em que ele estava se divertindo e me olhava em seguida sorria para mim. O sorriso dele era uma coisa que mexia profundamente comigo, confesso que nunca fiquei tão interessado por alguém quanto por ele. Não a ponto de passar o dia inteiro lembrando de momentos, nem no meu trabalho eu conseguia separar as coisas.

Respirei profundamente, depois fingi que tudo estava normal, e fui procurar por Gabriel, ele estava sentado em uma mesa, apenas me esperando para comer enquanto mexia no seu celular com um grande sorriso no rosto.

— Nossa, ele é bem bonito hein, sempre soube que você iria arrasar corações por onde passasse —. Disse em uma mensagem de áudio. Em seguida virou o telefone em minha direção.

— Olha o garoto que está afim do João, não é bonitinho?! —.

— Pra mim é normal, não vejo nada demais —

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— Pra mim é normal, não vejo nada demais —.

— Ah esqueci que o senhor é hétero, e não acha nenhum homem bonito —. Disse com sarcasmo.

— O único homem que acho bonito é você seu idiota —. Digo. Ele ri um pouco.

— Ah o João é mó bonitão não acha?! —.

— É ele é bem bonito também —. Digo e tento fugir daquela conversa, me irritava saber o que o Pedrinho andava fazendo por aí. Bem se ele me bloqueou é porque não quer mais nada comigo, que assim seja, eu que não vou ficar correndo atrás de ninguém.

O Dono do Meu Corpo [+18]Where stories live. Discover now