Capítulo XLII

2.9K 268 12
                                    

 (João Pedro)

     Eu continuava conversando com o Luiz pelo celular, era tão bom ouvir sua voz, mas era uma pena ter que falar baixo, mesmo de portas fechadas eu ainda assim temia a Ana, nesses dias essa sua obsessão piorou ainda mais, ela passava horas e horas conversando com suas amigas, algumas delas a visitavam eu ouvia muito bem a conversa delas.

— Eu não entendo sabe, estávamos tão bem, nunca havíamos brigado e eu simplesmente liguei para ele e ele terminou, eu tenho quase certeza que tem outra pessoa envolvida nessa história, pois ele me ama, nós fomos feitos um para o outro —. Ela falou, o pior de tudo é que eu estava sozinho em casa com ela, meus pais confiavam demais nessa mudança repentina de caráter da Ana, mas eu não, e eu também não era o único, pois meu irmão também não confiava.

— Amiga, não deixa essa história de vocês morrer assim, investiga, procura a fundo cada fato ou pista que te leve a verdade, ninguém termina um relacionamento sem razão, ele deve ter tido uma razão —.

— Tem razão, eu vou procurar bem a fundo, não tenho muita ajuda aqui com minha família, eles o detestam, pelo menos uma vez na vida eles ficaram do meu lado, mas com o insuportável do Gabriel nunca posso contar, mas pelo menos ele não se intromete na minha vida —.

— Nós como suas amigas podemos te ajudar — Uma delas falou a outra concordou, era isso o que eu temia, ela e outras pessoas investigando o Luiz, seria tão melhor se eu fosse morar com o Gabriel, mesmo que ele não aprove o meu envolvimento com o Luiz, eu tenho certeza que ele nunca deixaria a Ana chegar perto de mim, e com o tempo eu tenho certeza que ele acabaria cedendo.

— Só precisamos saber onde investigar, e o quê investigar —. Outra falou.

— O Luiz estava com o olho roxo, e até o insuportável do Gabriel não estava mais falando com ele, acho que devemos começar nossas investigações a partir daí —. Eu não estava gostando muito daquela conversa, Ana podia não ser uma das pessoas mais inteligentes do planeta, mas naquela cabeça, coisas mirabolantes aconteciam e era isso o que temia.

(Luiz)

Eu estava na lanchonete, lendo um livro sobre como cuidar de bebês, eu decidi que iria me dedicar ao máximo para saber cuidar do meu filho, para provar para qualquer um que ele deve ficar comigo. Fazia dias que eu não via o Pedrinho pessoalmente, eu estava ficando com cada vez mais saudades.

Questionei sobre quando seria a próxima vez que nos veríamos, ele disse que não sabia, pois era difícil despistar sua família. Eu não queria apressar as coisas, fiquei surpreso pelo fato dele ter aceitado facilmente a gravidez da sua irmã, e ainda mais por ele não ter me abandonado como fez nas ultimas vezes.

Gabriel continuava me ignorando, só conversávamos quando o assunto envolvia o nosso trabalho, às vezes eu não entendia como uma pessoa tão brilhante conseguia ser tão infantil, eu não sou a melhor pessoa para falar de maturidade, mas eu só queria entender por que eu não posso ficar com o seu irmão e ser seu amigo.

Ele passava agora muito tempo no seu celular, e longos plantões no hospital. Essa solidão doía bem fundo na minha alma, e o piro de tudo era que eu não queria sair, pois eu queria ficar com o Pedrinho, e não conseguia pensar em ficar com outra pessoa naquele momento, ou fazer qualquer coisa que pudesse fazer ele se afastar de mim.

Em um dia de folga, eu fui dar uma olhada em um quarto vazio do meu apartamento, em que seria o quarto do bebê, achei aquela cor muito fria para um quarto de criança, acho que eu precisaria fazer umas reformas nele, me deitei no chão daquele quarto e fiquei pensando nas possíveis cores que eu poderia pintar.

Foi aí que eu percebi o quão bom era pensar nessas coisas, causava uma sensação tão boa dentro do peito, talvez paternidade fosse um sonho meu, eu apenas não havia pensando ainda.

De repente me deu uma vontade muito grande de encher aquele quarto com brinquedos, lembro que quando eu era criança, eu amava um dinossauro, eu brincava com ele em qualquer lugar que eu ia, eu o chamava de Predador, por conta da sua boca cheia de dentes, isso me causou boas recordações.

Mas eu não iria ficar meu filho ali por muito tempo, isso era provisório, quando eu tivesse oportunidade eu iria embora com ele para bem longe da mãe maluca dele, eu entendia muito bem os danos que isso poderia causar em uma criança.

Ainda estava bem cedo para fazer qualquer coisa, me preocupei principalmente em aprender a cuidar de uma criança, digamos que eu não tenho experiencias muito boas com minha família. Eu li um pouco de um livro depois caí no sono, acordei com alguém batendo na minha porta. Fiquei tão assustado que rapidamente me levantei e fui atender, abri a porta sem nem pensar duas vezes, pensando que poderia ser o Pedrinho.

Mas para o meu desprazer não era ele, mas sua irmã imbecil, ela chegou lá sozinha, e ficou bem na minha frente com uma cara bem cínica.

— O que você está fazendo aqui? —. Questionei sem muita paciência.

— Ué, você é o pai do Leonardo, não posso ao menos conversar com você, caso não saiba temos muitos assuntos para tratar, não vai me convidar para entrar? —.

— Entre, mas não pense que vai acontecer qualquer coisa entre nós —. Ela adentrou, sentou-se no sofá, e logo em seguida e ficou me olhando sem parar, eu estava de pé de braços cruzados.

— O que quer conversar? —.

— Por que terminou comigo? —.

— Vou deixar uma coisa bem clara, não converse comigo sobre qualquer coisa que não envolva meu filho —.

— Mas isso envolve nosso filho —.

— Não, isso envolve apenas você, porque eu já saí dessa história a muito tempo, aceita isso, eu não sei porque dessa obsessão sua —.

— Eu só queria entender como isso acabou, não acha que eu mereça uma explicação? Eu te amei de verdade, amei não, eu te amo ainda, eu dei o melhor de mim, eu tentei mudar por você, e inexplicavelmente você terminou comigo. Por quê? —.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

O Dono do Meu Corpo [+18]Where stories live. Discover now