Capítulo II

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                        (Luiz Felipe)


— O paciente deve ficar em observação, registre o horário que ele acordar, monitore se a frequência cardíaca irá aumentar ou diminuir —. Eu disse ao enfermeiro. Eu tinha acabado de fazer uma cirurgia em um paciente, uma longa cirurgia. Eu estava exausto, mas ainda era cedo. E hoje eu iria sair com uma gata.

— Felipe, meus pais querem que você venha jantar conosco, eles fazem questão da sua presença —.

— Fazem questão? —. Questiono, já estávamos saindo a uma semana, acho que não havia necessidade em já ir a um jantar com toda a família dela.

— Sim ué —. Não era bem meu estilo ir a esses programas de família, eu já fui a fim de alguém antes, me magoei e não quis mais isso para minha vida.

— Não sei, a gente tá ficando só a uma semana —.

— Anda vai, eu te prometo fazer aquilo que você gosta —. Ela sabia como me chantagear, e pior que eu gostava.

— É melhor se preparar porque você vai me pagar bem caro —. Ela somente riu e desligou o telefone, aquela garota era louca. Eu não tinha o menor interesse de namorar com ela, mas por uma boa transa eu fazia tudo.

Eu estava ficando com a irmã do meu melhor amigo, se bem que ele estava meio estranho comigo esses últimos dias. Acho que é ciúmes da irmã sei lá, deve ser pela minha fama de galinha e cafajeste.

— Gabriel, estava te procurando o dia todo, parece até que estava fugindo de mim — Digo ao lhe encontrar nos corredores quando eu já estava saindo do meu plantão.

— Não parece, eu estava, olha eu sou seu amigo, mas acho que tenho um limite de até onde tolero essa sua falta de disciplina. Mas ainda assim te dou uma chance de não ser um otário com minha irmã —.

— Calma cara, começamos a ficar agora, somos amigos desde a faculdade, e isso tem oito anos, eu não faria nada que prejudicasse a nossa amizade —.

— Luiz, por eu te conhecer desde a faculdade que não confio em você, ainda mais tendo um caso com minha irmã, eu conheço sua fama, até porque é comigo que você conta todas as suas aventuras sórdidas —.

— Cara você me conhece muito bem, eu nunca iria a um jantar de família se não estivesse realmente interessado na sua irmã —.

— Depois conversamos, eu tenho duas cirurgias, felizmente não poderei comparecer ao jantar, mas aproveite a comida de minha mãe e sinta-se à vontade na casa de meus pais —.

Mesmo sendo amigos a muito tempo, eu nunca tinha ido na casa dos pais do Gabriel, eu sabia de algumas coisas, afinal ele me contava em nossas longas conversas, falava sobre como seus pais eram exigentes, e em como sua irmã era insuportável, pra falar a verdade era, bastante por sinal, mas ela é muito gostosa, então é só tapar os ouvidos que fica tudo bem.

Eu não pretendia mesmo ter nada sério com ela, mas mesmo assim eu me sentia atraído a comparecer naquele jantar, eu já estava com um rolo com uma morena da academia, acho que ela fazia mais o meu tipo, minha vontade era somente ir pra casa e avisar pra Ana que eu não iria para esse jantar, mas aí ela iria surtar, o Gabriel iria me odiar pro resto dos tempos, então naquele momento acreditei que a melhor escolha era ir naquele jantar, pelo menos fingir um pouco de interesse, e depois invento alguma coisa.

Mas essa foi uma das maiores roubadas que eu me meti na minha vida, eu nem deveria ter ficado com ela pra começo de conversa, mas ela estava em uma festa, eu nem lembrava quem ela era, só fui descobrir quando acordamos pelados no outro dia em meu apartamento, quando seu irmão apareceu lá e flagrou toda cena, foi um escândalo, ele quis me bater e tudo, mas eu entendo, até surtaria daquela forma.

(João Pedro)

— Mãe esse garoto vai ficar aí o tempo todo, manda ele tomar um banho que ele está infestando toda a sala com esse cheiro de suor azedo —. Ana como sempre distribuindo sua gentileza de graça pela casa, ainda mais comigo, queria entender porque tanta raiva comigo. Gabriel disse que eu não deveria dar muita atenção afinal ela odiava a todos.

— Quem fede aqui é você garota — Digo.

— Pedrinho, vai tomar um banho meu filho, depois você joga mais, está bem? —.

— Mãe, será que não posso ficar no meu quarto durante esse jantar, não estou muito afim de sentar a mesa e ficar olhando pra cara da Ana e desse namorado dela —.

— Filho, independente de tudo ela é sua irmã, e o namorado dela é um dos melhores amigos de seu irmão. Venha para o jantar, amanhã deixo você escolher o que quiser para o jantar —. Não sei porque minha mãe insistia tanto na Ana, afinal ela era quase um caso perdido, acho que foi por essa razão que o Gabriel não mora mais conosco, acho que nem ele conseguia mais suportar os surtos, nem as provocações, já tem mais de quatro anos que ele se mudou, acho que para ter mais privacidade, ou para poder receber alguém sem ter vergonha, afinal quase nunca ele trazia um amigo ou uma garota para casa. Acho que é por isso que ele não vem tanto aqui, acho que prefere ficar suturando membros dilacerados do que tentar suturar sua família.

Lá vou eu com a maior paciência do mundo, subindo as escadas indo para o meu quarto, tiro a roupa e me deito na minha cama por um tempo, tiro minha camisa e a cheiro, eu não senti nada. A Ana gostava mesmo de me encher o saco.

Tudo o que eu sabia era que ela estava namorando o melhor amigo do Gabriel, um tal de Luiz, eu não sabia quem era, pois nunca tinha visto o sujeito, nem o Gabriel tinha qualquer foto com ele, afinal nem rede social ele tinha, pois passava o dia estudando. Tudo o que eu sabia sobre ele era um monte de hipérbole que minha irmã soltava pela casa, enquanto conversava com seus amigos.

Mandei uma mensagem no meu grupo de amigos:

— Como se vestir para um jantar de apresentação do namorado chato e otário da sua irmã também chata e insuportável? —.

— Com um saco na cabeça —. Douglas respondeu.Acho que eu precisava mesmo de um saco na cabeça.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO;

O Dono do Meu Corpo [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora