Capítulo III

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                           (Luiz Felipe)

    Cheguei a casa dos pais do Gabriel, e naquele momento me deu a maior vontade de dar meia volta e ir para casa. Sinceramente eu nem queria ficar com aquela garota, só fiquei porque eu era amigo do Gabriel, e ele me disse que se eu magoasse a irmã dele nossa amizade acabaria.

  Eu comprei flores, da última vez que comprei flores para uma garota eu me dei tremendamente mal, e pior de tudo que eu não queria ir além de umas ficadas, mas a amizade com o Gabriel valia bem mais que isso.

   No elevador eu me questionava se tudo aquilo realmente valia a pena, afinal Ana era bonita, mas não possuía uma beleza grande ao ponto de me fazer lutar por ela. Eu só queria uma transa legal, mas infelizmente saiu tudo errado, acho que esse é o preço em ser tão galinha.

Um jantar na casa dos pais do meu melhor amigo, o que poderia dar errado? Espero que nada afinal não quero criar problemas com eles, mas como meus amigos dizem eu não vou a lugar nenhum se o perigo não estiver lá. Acho que viver no perigo é bom, mas creio que isso não pode durar para sempre, não quero desperdiçar longos anos em aventuras, e não ter uma vida normal como todo mundo.

Cheguei na porta do apartamento deles, fiquei alguns segundos me questionando se eu deveria mesmo bater naquela porta, o elevador ainda estava ali, era só entrar e apertar o botão para ir para o térreo pegar meu carro e inventar uma desculpa qualquer.

Não tinha outra escolha, bati na porta, e rapidamente Ana atendeu, ela estava com um grande sorriso no rosto, por uns segundos ela ficou olhando as flores, com certeza pensando que era pra ela, mas logo tratei de informá-la que eram da sua mãe. Ela me puxou pelo braço para dentro. Era um apartamento bonito, bem dentro do que eu esperava, afinal sempre soube que a família do Gabriel tinha dinheiro, não muito, mas com certeza mais do que a minha.

Dei uma olhada ao redor, vi seus pais na cozinha, eles quando me viram vieram em minha direção para me cumprimentar, primeiro dei as flores a dona Cristina, ela agradeceu, logo em seguida apertei a mão de seu pai, ele tinha uma cara bem séria, agora sei a quem o Gabriel puxou, ao Rogério.

— Você estudou mesmo com o nosso filho, não lembramos de você na formatura —. Rogério questionou com um ar investigativo.

— Sim, nos vimos pouco, eu estava com minha família, mas eu estava lá —.

— Tem certeza? —.

— Tenho, bem talvez não lembrem de mim porque eu mudei bastante daquela época até aqui —. Bem, naquela época eu não dava muita atenção ao meu corpo, nem muito menos a minha beleza, mas depois que eu comecei a dar mais valor a mim mesmo, minha vida mudou bastante, eu mudei bastante, na escola eu sempre fui o garoto que ninguém dava muita atenção, gordinho, cabeludo, usava óculos, e ainda por cima era mal vestido.

— Entendi, bem se sinta à vontade, temos que olhar o forno, vamos querida —. Rogério disse e levou sua esposa para a cozinha, eu fui para a sala junto de Ana, ela estava esquisita, mas não dei muita atenção. Eu só queria vazar dali, seria somente um jantar, depois eu largava elaa largava, e inventava alguma coisa para o Gabriel, ele que se entenda sua irmã.

— E por que achou isso? —.— Pensei que não viria —. Ela falou.

— Porque me disseram coisas não muito boas de você, mas eu sabia que era tudo mentira, eu sabia que isso tudo não era apenas coisa da minha cabeça. E acho que meus pais gostaram de você, e isso é bom, porque não é apenas eles que estão gostando —. Eu não estava gostando mesmo dos rumos que aquilo estava tomando.

— Que bom que está gostando de mim —. Fui frio o máximo que eu pude, mas mesmo assim ela me beijou, nossa que garota grudenta. Mas pelo menos enquanto eu estivesse com ela sexo não seria problema. Ficamos nessa por uns minutos, até que seus pais nos chamaram para o jantar.

— Luiz, pode juntar-se conosco a mesa —.

Sentamos, eu do lado dela naturalmente, seu pai na ponta da mesa, sua mãe ao seu lado, mas tinha um lugar vazio, com um prato vazio, acho que deveria ser o irmão caçula do Gabriel, ele falava um pouco dele, mas eu não dava muito atenção, se tiver puxado para a irmã coitado de mim nesse jantar.

— Ana vai chamar o seu irmão para comer —. Cristina falou, ela olhou com a cara feia, mas foi, ficou um clima estranho na mesa, as vezes eu os pegava encarando minhas tatuagens, meu Deus só o que faltava, um jantar em meio aos puritanos.

Não demorou muito tempo, Ana voltou com seu irmão. Ela sentou-se, logo em seguida ele sentou-se a minha frente. Ele estava concentrado em seu celular.

— Filho cumprimenta a visita —. Seu pai disse todo paciente, foi visível a mudança de humor depois que o garoto chegou.

— Oi —. Ele falou com um sorriso tímido, ele era um pouco diferente do resto da família, seu cabelo era bem preto e ondulado, a pele era um pouco mais clara em um tom mais rosado, os olhos não eram verdes, mas azuis em uma tonalidade intensa.

— Luiz esse é o nosso caçula, o João Pedro, ele não é muito de falar, então não se sinta ofendido —. Ele olhou para mim novamente e sorriu.

— Filho, guarda o celular para comer, depois você joga mais, está bem? —. Ele acenou com a cabeça. Ele sim me lembrava o Gabriel, mas não fisicamente, pois o Gabriel era loiro e tinha traço mais brutos, ele tinha traços mais suaves, eles pareciam na personalidade.

— Ele parece muito o Gabriel, ambos agem de maneira muito parecida —.

— É o que todos dizem —. Seu pai falou, acho que não era muito difícil dizer quem era o favorito, Ana ao meu lado estava com muito ciúmes.

— O Gabriel é muito dedicado, sempre soube que ele se daria bem na vida, acho que ele se tornou um bom médico —.

— Ele é um grande médico, é o melhor cirurgião que temos, ele opera um coração como ninguém, o conheço desde a faculdade, ele nunca cometeu um erro sequer é nele que eu me espelho—.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

O Dono do Meu Corpo [+18]Where stories live. Discover now