Capítulo XL

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                                (João)

   Meu pai havia sido operado, tudo havia corrido bem, nesse meio tempo eu permaneci no hospital com ele, o máximo que eu pude. Era quase inevitável não cruzar com o Luiz pelos corredores. De vez em quando nos encontrávamos na lanchonete e comíamos alguma coisa, o mais naturalmente possível para não levantar suspeitas de ninguém principal da Ana Paula.

   Nesse meio tempo, eu voltei a falar com ele pelo celular também, ele de vez em quando me mandava mensagens. Não sei o que aconteceu, mas ele estava sendo muito fofo e carinhoso comigo. Por uma razão que eu não faço ideia, mas não tenho do que reclamar.

   Minha família se reuniu inteira para ver o resultado do exame de DNA, Luiz se juntou a nós, sentamos em uma mesa na sala de reuniões.

   — Pra que tanta cerimônia? Abre logo esse exame —. Ana Paula estava impaciente, minha mãe depois que soube de sua gravidez estava mais protetora ainda com ela, e meio que ela me deixou lado, isso me incomodou um pouco.

   Luiz pegou o envelope e abriu, de lá tirou uma folha de papel bem dobrado. Ele lei por alguns segundos, eu estava nervoso também, ele estava sozinho de um lado da mesa, enquanto minha família estava do outro lado.

   — Positivo, o filho é meu —. Luiz disse com uma aparente cara de decepção, acho que ele não desejava mesmo ter um filho com a maluca da Ana Paula.

   — Eu não disse, eu poderia muito bem esfregar essa porcaria de exame na sua cara, mas isso me deixaria estressada —.

— Muito bem, o filho é meu, mas como eu disse, quando essa criança nascer eu vou mover céus e terras para ficar com ela, e nem pense Ana Paula que vou ao menos pensar em ficar com você, nem que a vida dessa criança dependesse disso —.

— O filho é meu, eu que estou gerando ele dentro de mim, me diz por que você quer ficar com ele, acha que tem algum direito? —.

— Essa é a razão pela qual estou aqui, acha que eu estou aqui apenas para olhar sua cara? —.

— É melhor você falar direito com minha filha rapaz, ela precisa de todo apoio e eu não aceito desaforo, ainda mais na minha frente —. Meu pai falou.

— Olha só, eu não me importo com o que o senhor aceita ou não, eu apenas estou aqui pelo meu filho, esteja, todos cientes, eu vou fazer de tudo para que essa criança viva comigo, e eu vou para bem longe de todos vocês. Mas não se preocupem, eu irei custear tudo que sua filha precisar durante a gravidez —.

— E quem disse que vamos deixar você ficar com nosso neto? —. Minha mãe disse, Gabriel apenas revirava os olhos, eu nem sabia porque estava ali, talvez porque a conversa envolvesse meu futuro sobrinho, ou talvez porque o assunto era o filho do Luiz.

— Que lutem então, mas eu que não abrir mão do meu filho, não sou doido o suficiente para deixar meu filho com sua família —.

— Quem você pensa que é para falar da nossa família seu vagabundo —. Meu falou já se levantando irritado e apontando para Luiz, que estava sentando de mãos juntas e apoiadas sobre a mesa, com a expressão mais calma do mundo.

— Eu posso ter meus problemas, posso não ter o apoio de muitas pessoas, ou posso não ter preparo para ser pai, mas ainda assim se juntar todos vocês eu ainda tenho mais saúde mental —.

— Todos vocês são pessoas muito passionais, vocês estão colocando interesses individuais acima do bem-estar de uma criança que ainda vai nascer, querem mesmo que ela cresça em um ambiente tão conflituoso, em que as famílias dela estejam constantemente em conflito —. Gabriel pontuou, ele parecia ser a única pessoa naquela mesa com um pouco de razão.

— O quê quer dizer? —. Luiz perguntou.

— Sejamos francos, nenhum dos dois tem a menor maturidade para cuidar de uma criança, Luzi você parece que nunca amadureceu, Ana você há 24 anos vem dando trabalho aos nossos pais, sem falar nos seus traços de psicopatia. Mas enfim ainda bem que o filho não é meu, vocês que se resolvam, só me deixem fora dessa, agora me deem licença, eu tenho que salvar vidas —.

— Tinha que ser você mesmo não é, não faz outra coisa senão atazanar minha vida, me dê licença mesmo, estou tendo náuseas com sua presença —. Ela falou lançando um olhar nada legal que ele retribui em uma intensidade ainda maior.

— Só lamento que essa criança tenha você como mãe, mas eu como um bom tio vou pagar todo o tratamento psicológico dele —.

— Gabriel, chega vai trabalhar deixa sua irmã em paz —. Minha mãe falou irritada.

— Bom, acho que acabamos por aqui, já falei tudo o que eu tinha para falar, e também preciso trabalhar —. Luiz se levantou e saiu da sala, ficou um silencio bem ruim na sala, depois disso meu pai nos levou para casa. Quando lá cheguei havia uma mensagem do Luiz, que dizia assim:

"— Quando eu chamei sua família de malucos eu não me referi a você, me desculpa se eu te constrangi —".

— Tudo bem, mas só não fica chamando minha família de maluca, a única pessoa que não bate bem é a Ana, eu não gosto muito disso sabe, eu sei que você tem seus problemas com eles, mas eu amo a todos, eles me criaram com todo amor e carinho —.

"— Eu sei, é que está sendo um pouco difícil para mim aceitar algumas coisas assim repentinamente, mas eu não quis te deixar mal, me desculpa mesmo —". Ele respondeu.

— Pelo fato de você ser pai? —.

"— Sim, eu tenho tanto medo, eu sou cheio de traumas sabem, meu pai foi um escroto, além disso me deixou tão cedo, e eu tive que viver com uma tia nojenta, tenho medo que essas coisas se repitam com meu filho, eu sei que tenho repudio, mas tem coisas na vida que por mais que deixemos longe elas sempre vem para perto —".

— Olha, não precisa ter medo Luiz, você vai ser um bom pai, você é uma boa pessoa —. Ele do nada me mandou uma foto de visualização única, meio receoso mas ainda assim eu abro a foto.

 Ele do nada me mandou uma foto de visualização única, meio receoso mas ainda assim eu abro a foto

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"— Preciso de um carinho —". Ele escreveu como legenda, eu sorri, aquela nova versão do Luiz estava me encantando.

CONTINUA NO PROXÍMO CAPÍTULO

O Dono do Meu Corpo [+18]Where stories live. Discover now