Capítulo XVI

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  (João) 

   Era um pouco confuso acordar e saber que nem os meus sonhos eram tão absurdos como agora minha vida havia se tornado. eu não havia dado uma palavra sequer desde que eu havia acordado, parecia que o mundo havia me silenciado. Eu estava imerso em pensamentos. Por mais que eu dissesse, no final das contas eu não consegui me controlar e deixei minhas vontades prevalecerem. E eu não sabia que eu era ruim assim. Para ser capaz de transar com o namorado da minha irmã. E o pior era que eu estava me sentindo mal, eu sei que a culpa era minha também, mas foi ele quem começou aquele joguinho barato de sedução.

Eu agora me questionava como isso aconteceu comigo, eu estava quieto em minha casa, ele quem invadiu minha vida, ele que fez fazer tudo. Então já que eu não procurei pelo Luiz, acho que a Ana também tinha um pouco de culpa nisso, pois foi ela quem fez com que nos aproximássemos. É essa sua mania de querer a todo custo fingir aos nossos pais que ela superou todo seu passado e agora é uma filha melhor. Olha o que isso trouxe, não é difícil supor que talvez esse seja um plano seu apenas para me jogar contra meus pais.

Agora eu sentia um aperto no peito. Só queria minha vida perfeita de volta, não queria estar pensando em milhares de coisas que podem acontecer ou não devido ao que eu fiz ontem. Ana voltaria daqui a três semanas eu não sei como eu seria capaz de olhar em seu rosto e fingir que nada aconteceu entre seu namorado e eu. Ela deve ter todos os defeitos do mundo, mas eu sei o quanto ela gosta dele, ele sabe também e fez o que fez. Acho que ele bem sabia das consequências, e mesmo assim fez, o que significa que ele não dá a mínima importância com o que ela pensa, sente ou teme. Depois de muito tempo em silencio falei, ao lembra de uma frase sua;

— Está muito enganado se eu vou ficar correndo atrás de você —. Se tinha uma coisa era amor próprio eu posso ter cometido esse deslize, mas jamais iria ficar me humilhando para ele. Na verdade, não tenho o mínimo interesse de vê-lo nunca mais, por mim ele saía do país também, para bem longe, Afeganistão, Iraque, ou qualquer lugar bem longe daqui.

(Luiz)

Depois de um curto repouso, sou acordado por Gabriel, ele estava com uma cara estranha. Como e escondesse alguma coisa, eu não fazia nem ideia do que era, mas imagino que era bom, porque senão ele não estaria quase surtando para contar.

— Que foi? —.

— Minha pesquisa vai sair na capa da maior revista do mundo —.

— Nossa sério? Meus parabéns, mais tarde comemoramos, mas agora eu preciso mesmo dormir —. Eu nem demorei muito a apagar, mas ainda pude sentir o Gabriel me cobrindo com um lençol.

Durante todo dia fiquei lembrando do que aconteceu na noite anterior, as vezes me perdia pensando, e quando percebia eu estava excitado, eu tive que esconder minha ereção com um prontuário enquanto estava conversando com uma enfermeira. Eu nem lembrava da Ana, mas ela não queria ser esquecida de jeito nenhum, já que a todo momento ficava me ligando.

— O que foi? Eu estou no meu trabalho droga! Eu não sou um desocupado como você —.

— Calma Luiz, eu só queria saber se você está bem, não precisa ser rude comigo —.

— Eu estou bem, e vou ficar ainda mais se para de me ligar enquanto estou trabalhando —. Desliguei, eu estava irritado, nem percebi que tinha gritado, até que percebi todo o hospital olhando para mim. As fofocas ali corriam depressa. Eu nem sei porque ainda dava importância para a Ana. Eu nunca quis nada com ela, eu só queria terminar e pronto. Mas agora eu tinha outros afazeres, eu podia ser a pessoa mais incoerente fora do meu trabalho, mas isso ficava do lado de fora do hospital, pois dentro eu era um médico, e um médico deve ser disciplinado e ter respeito com os pacientes.

Quando eu estava no refeitório comendo, peguei novamente meu celular, para checar se o João não havia dado sinal de vida. Mas nada, o moleque era duro na queda, bem ao contrário de sua irmã que mandou milhão de mensagens me falando que eu deveria ter mais atenção com ela, afinal namorávamos, eu não dei a mínima apenas mandei um sinal de positivo. Eu não estava mais afim de dever qualquer coisa a ela portanto peguei meu celular novamente e digitei:

"— Olha só, eu sei que você gosta de mim, mas eu não quero mais continuar com esse relacionamento, você pode me cobrar um motivo, mas não vou lhe dar nenhum, apenas digo a você que eu quero seguir minha vida, siga a sua. Não me mande mais mensagem, não me procure nem na minha casa, nem no meu trabalho. Você pode dizer o que quiser ao seu irmão, mas acho que Gabriel vai me entender. Enfim seja feliz —." Digitei, mandei, respirei aliviado e dei um sorriso gigantesco. Como se eu houvesse adquirido minha liberdade.

Só espero que isso não altere minha amizade. Mas acho que isso era quase impossível. Quando eu procurei por Gabriel ele estava falando ao telefone com alguém. Estava na sala de repouso, estava de costas para porta, portanto não notou minha presença.

— A senhora quer que eu faça o quê? Eu já tenho um milhão de problemas para me preocupar, mesmo assim não fico ligando pra ninguém — era uma voz feminina acho que sua mãe — A Ana que se resolva com ele, não tenho nada a ver com isso, desde o primeiro momento alertei para quem o Luiz é, não me ouviu porque não quis — Ele fez uma longa pausa, eu conseguia ouvir algumas palavras, como "ela está chorando".

— Mãe, eu deveria estar trabalhando, mas não estou, sabe por quê? Porque eu estou aqui ouvindo reclamações de uma inconsequente sobre outro inconsequente. Dane-se se ela é da família. Olha só mande ela própria resolver seus problemas —. Ele jogou o telefone repentinamente na parede com muita força. Logo em seguida se virou.

— Aí está você seu filho da puta —. Ele veio pra cima de mim com muita raiva, eu conhecia Gabriel, ele costumava ser uma pessoa calma, mas as vezes explodia.

— Gabriel, nem inventa eu não vou bater em você —.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

O Dono do Meu Corpo [+18]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant