Capítulo XLIX

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(Luiz)

   — Bom dia —. Gabriel falou para mim quando passou por mim no corredor do hospital, mesmo eu achando aquilo a coisa mais estranha do mundo, considerando o fato de que ultimamente ele vem demonstrando todo o seu ódio para com minha pessoa.

— Bom dia, aconteceu alguma coisa? O seu irmão está bem? —. Questionei.

— Está sim, como não estaria sabendo que aquela maluca está bem longe de todos nós —.

— É, mas até quando? Quem é que pode segurá-la? Sua irmã precisa urgentemente de ajuda psiquiátrica, ou então sabe-se lá o dano que ela poderá causar na vida de qualquer um de nós —.

— Infelizmente essa decisão não está nas nossas mãos —.

— Por que voltou a falar comigo? —.

— Porque o meu irmão gosta de você, e se ele gosta quem sou eu para desgostar?! —.

— E eu gosto do seu irmão —.

— Você me disse que gostava da minha irmã também, mas no fim acabou a traindo, só espero Luiz que você nem pense em fazer isso com o meu irmão, porque se ele chegar para mim pelo menos triste você vai me pagar bem caro, e se você fizer chorar ou se ousar traí-lo vou te matar. O João é muito jovem para uma decepção amorosa, e ele não merece alguém que não o ame. Ele é uma das melhores pessoas desse mundo, diferente da minha irmã, então não há motivo para você machucá-lo. Pois ele nunca vai fazer isso com você, trate-o da forma com ele merece —.

— Não precisa me dizer como tratar o seu irmão. E não se preocupe eu o amo, e eu quero o melhor para ele —.

— É eu sei, convivi bastante tempo com você pra saber quando você está falando a verdade, e mais ainda pra saber quando você está amando alguém, fico feliz que goste do meu irmão, pois ele gosta muito de você também, e te digo mais uma coisa cara, a sorte que você tem não é para qualquer um —.

— Eu sei, seu irmão é uma pessoa maravilhosa. Acho que meu filho vai ter dois ótimos tios —.

— Ah ele vai —.

Nosso pequeno diálogo foi somente até ali, estávamos ambos ocupados com muitos pacientes e casos complexos, ainda lembro da primeira vez como pisamos em um hospital como acadêmicos, Gabriel estava tão nervoso, mas nem o Google conseguia responder as perguntas que o professor fazia com tanta precisão. Mas agora éramos dois bons médicos, ele cirurgião pediátrico e eu cirurgião cardiovascular. Se o Pedrinho tiver a inteligência do irmão ele será um dos melhores, senão o melhor. Acho que eu poderia ajudá-lo nessa caminhada.

(João)

— E você está comendo direitinho? —. Minha mãe questiona enquanto nos falamos por uma chamada de vídeo.

— Estou mãe pode ficar despreocupada —.

— Sua avó está doida para te ver, ela disse que é para você vir aqui passar suas férias —.

— Seria legal —.

— O que foi, por que esse desânimo? Está acontecendo alguma coisa com você —.

— Por nada, fico pensando que daqui alguns meses eu vou ter que ir embora para fazer faculdade, vou ficar longe de você, do papai, do Gabriel —.

— E da sua irmã. Eu sei que isso é o que você sempre quis, mas se não quiser ir embora não é obrigado meu filho, eu e o seu pai estaremos sempre do seu lado —.

— Vocês sempre disseram isso, mas que eu me lembre bem, não ficaram do meu lado, em um certo momento semanas atrás —.

— João Pedro, depois conversamos sobre isso —.

— Tudo bem, depois conversamos sobre isso —. A Ana entrou no quarto onde a mamãe estava e ficou falando um monte de besteiras, tipo exigindo que a mamãe fizesse um monte de coisas por ela, só porque está grávida.

— Filho, mais tarde eu ligo para você, tudo bem? —.

— Deixa esse garoto para lá, ele não vai morrer só porque vocês viajaram, está bom dele se virar e deixar de ter essa vidinha boa dele, não faz nada só dá trabalho —. Mesmo eu ouvindo aquele monte de insultos tentei relevar pelo meu sobrinho, pois ele precisa vir ao mundo e não seria que causaria qualquer mal a ele. Mas minha vontade foi dizer tudo que estava entalado a dezoito anos.

— Até mais tarde mamãe, eu te amo —. Digo e dou um tchauzinho. Depois disso jogo meu celular bem longe. Saio da cama, caminho até a sala, sento no sofá, fico olhando a grande coleção de livros do meu irmão. Foi ele quem me ensinou a ler, e também quem lia para mim todas as noites antes de eu dormir. Era ele quem dormia na minha cama quando eu estava com medo. Eu sempre cresci rodeado de muito amor, mas também por ódio. Nunca achei que eu precisaria tanto assim de um amor de outra pessoa, ainda mais de uma pessoa que eu conheci a tão pouco tempo. Mas era uma coisa tão forte, como uma voz na minha cabeça me dizendo para largar tudo e fugir com ele, como ele propôs. Eu me perguntava como esse amor era capaz de fazer pensar nisso e pior cogitar e cogitar.

Eu estava olhando os livros de anatomia do Gabriel quando alguém bateu na porta, eu caminhei e fui atender. Desejei de todo o meu coração que essa pessoa fosse o Luiz, como se isso fosse capaz de materializá-lo ali minha frente.

Não era o Luiz, era alguém que eu nunca vi na vida, era um cara de pele parda, de cabelos quase cacheados mas curtos, com olhos escuros, ele tinha uma barba recém feita e estava vestido muito bem, tinha uma caixa enorme em mãos com um laço vermelho. Ele tinha uma expressão muito engraçada no rosto, de susto com timidez.

— Desculpa acho que bati na porta errada —. Disse ele logo em seguida caminhando no corredor olhando de porta em porta. Eu me inclinei para vê-lo novamente. Até que ele volta.

— O Gabriel se mudou? Ele morava aqui nesse apartamento —.

— Ele não se mudou, ele está trabalhando, quem é você? —. Questionei.

— Meu nome é Dário, desculpa eu não sabia que ele tinha namorado, se eu soubesse eu não tinha me envolvido com ele —. E a história só melhorava, naquele momento não pude deixar de demonstrar minha total surpresa.

— Ele é meu irmão, ele não é meu namorado, venha entre ele está perto de chegar —. O rapaz se sentou no sofá, ele estava nervoso. Eu o achei bem fofo.

— Então você namora o meu irmão? —.

— Não, ele te falou alguma coisa sobre namoro? —.

— Não, por quê? —.

— Eu o pedi em namoro, acho que ele não gostou muito da ideia, e desde então ele vem me evitando —. Eu não conhecia esse lado do Gabriel, que gosta de partir corações por aí.

— Você gosta do meu irmão mesmo? —.

— O Gabriel é a pessoa mais incrível desse mundo, ele é tão bonito, inteligente, claro que eu o amo, gosto dele demais, mas acho que ele não sente o mesmo por mim —. Ele falava do meu irmão com um sorriso tão grande no rosto que por um momento pensei que ele houvesse sido enfeitiçado.

 Ele falava do meu irmão com um sorriso tão grande no rosto que por um momento pensei que ele houvesse sido enfeitiçado

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    *Gente eu imagino o Dário assim, exceto pela trança.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

O Dono do Meu Corpo [+18]Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora