Capítulo XXVI

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(Luiz)

— Vai ficar assim até quando, posso saber? —. Questionei a Gabriel, ele estava dentro da sala de repouso, ele me olhou rapidamente e depois cobriu o rosto com seu travesseiro.

— Olha, já passou do ponto de termos uma conversa, isso não é normal, há dias não nos falamos, você vem me ignorando, fingindo que não existo, e isso vem me magoando profundamente —.

— Eu não quero conversar, acabei de sair de uma cirurgia, quero descansar meu corpo e minha mente —. Ele disse em um tom nada amigável.

— Bom se você não quer ouvir, não tenho outra escolha senão... —. Fui até perto dele tirei o travesseiro de seu rosto, subi em cima dele, segurei seus braços para impedir que ele se soltasse.

— Que droga Luiz, me solta, eu já te falei que eu quero descansar, vai embora, me deixa aqui —. Ele tentava se soltar, mas eu era bem mais forte que ele.

— Gabriel, eu só queria entender por que você guardou isso por todo esse tempo, se tivesse me contado eu teria evitado tantos constrangimentos —.

— Como sempre você só pensa em você mesmo, o mundo não gira em torno de você Luiz, nem tudo é sobre você, —.

— Eu tenho consciência disso. Cara eu te amo, é isso, te amo como um irmão que eu nunca tive, te amo como meu melhor amigo, eu faria de tudo por você, mas desde que isso preserve nossa amizade. Mas o meu amor por você se limita a isso, a nossa amizade, a nossa irmandade. Eu não te amo de outra forma, nem vou te amar de outra forma, por mais que eu me esforce, eu sei que eu deveria ter falado isso para sua irmã e evitado tantas coisas, mas com você é diferente, com você eu realmente me importo. Eu não te daria falsas esperanças, jamais eu construiria algo baseado em mentiras. Você merece muito mais, eu te amo cara e é isso o que eu tinha pra falar, não sei o que seremos daqui para frente, mas se houver a mais remota possibilidade de sermos amigos, por favor pense nisso, eu sinto sua falta —. Depois daquilo ele ficou em silêncio, mas era possível ver algumas lágrimas se formando.

Me levantei e quando eu já estava indo embora, ele me chama, quando dou meia volta, ele me abraça e eu retribuo, Gabriel se desabou em lágrimas, ele estava muito cansado, eu percebi isso, mas havia coisas que deveriam ser consertadas.

— Desculpa por tudo, eu não queria que tudo isso houvesse chegado nesse ponto —.

— Isso não foi culpa sua, meu amigo, não precisa se desculpar por nada —.

(João)

Eu estava no intervalo, sentado em uma mesinha no terceiro andar do colégio, eu gostava daquele lugar pois era bem vazio, e poucas pessoas iam para lá, por conta da proximidade com a diretoria. Eu queria ficar um pouco sozinho, nesses últimos dias meus amigos estão me sufocando um pouco, mas eu entendo que eles estão apenas tentando me animar.

— Oi! Atrapalho? — Victor havia chegado, ele estava bem arrumado e bonito, dessa vez ele estava vestido com uma camiseta com o símbolo do Superman, ela deixava seus os contornos de seu corpo mais a vista.

— Não, claro que não —. ele se sentou a minha frente, e da sua bolsa ele tirou um pote azul —.

— Gosta de bolo de chocolate? —. Questionou.

— Gosto —.

— Que bom, minha avó fez ontem, é simplesmente o melhor bolo do mundo, trouxe para você, acho que você vai adorar —.

— Não precisava se incomodar —. Achei aquilo uma fofura, Victor estava se mostrando uma pessoa totalmente do que eu imaginava.

— Não é incomodo —.

— Posso te fazer uma pergunta? —. Pergunto.

— Claro —.

— É que você não parece ter dezoito anos, parece ter um pouco mais —.

— Eu tenho 22 anos, mas eu não repeti de ano, não pense que eu sou burro, eu tive uns problemas de saúde —.

— Hum entendi —. Eu abri o seu pote, e lá dentro havia um bolo bem decorado, com várias camadas de brigadeiro e coco. Peguei minha lancheira, sim meu pai ainda fazia lanche para mim, não era nem a minha mãe, mas ele. Olhei dentro para ver o que ele tinha feito de surpresa e era torta de frango. Sorri.

— Quer torta? —.

— Aceito, mas eu vou te pedir um pouco desse brigadeiro —. Ele com a colher tirou um pouco do brigadeiro da cobertura e passou em um pedaço de torta e comeu.

— Espero que não ache que eu sou um doido por gosta disso —. Falou sorrindo. Ele tinha um sorriso bem bonito, grande, ele tinha dentes perfeitos e olhos bonitos.

— Claro que não —. Sorri e fiz a mesma coisa, pois eu gostava de comer assim, ele riu novamente.

— Sempre achei que você nunca iria falar comigo —.

— Ué, por quê? —.

— Não sei, é que sempre te vi aqui pelo colégio, mas nunca nos falamos nem uma vez sequer, e também... —. Ele não prosseguiu eu fiquei curioso.

— O quê —.

— É que você é muito bonito —. Nesse momento senti minhas bochechas ficarem vermelhas e queimarem.

— Desculpa eu não quis te constranger não foi minha intenção, acho que já vou indo —. Ele disse já se levantando.

— Não, fica, não precisa ir —. Digo segurando em seu braço, ele olha aquilo e então se senta.

— Olha, eu sei que não nos conhecemos a tanto tempo assim, mas eu não quero criar rodeios, você sairia comigo? —. Acho que eu esperava e não esperava por aquilo.

— Claro, mas eu tenho que pedir aos meus pais primeiro —. Ele sorriu e depois se despediu. Eu fiquei um pouco mais de tempo ali sentado pensando no que tinha acabado de acontecer. Não demora muito e Alana chega.

— Nossa, o que será que aconteceu com o Victor pra ele está feliz daquele jeito, o cara estava socando o ar de alegria —.

— Não sei, mas ele me chamou para sair e eu aceitei —.

— Não brinca, meu garoto — Ela veio até mim e beijou minha bochecha.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

O Dono do Meu Corpo [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora