Capítulo 61

3.8K 397 36
                                    

Observá-la dormir em meu peito se tornou umas das minhas coisas preferidas no mundo desde que eu pude sentir seu coração batendo junto ao meu, entender meus sentimentos foi o que eu precisava para enfim concretizar o que eu sempre imaginei.
Eu sonhava com a textura da pele dela.
Me perguntava se seria tão quente e macia como aparentava.
Imaginava como seria tocá-la, senti-la.
Até perdi as contas de quantas vezes eu imaginei estar com ela, desse mesmo jeito que estamos agora enquanto a via me encarar brevemente durante as aulas. Mia era um completo mistério para mim e eu não me contentava em pensar em outro descobrindo todos os seus truques, o espetáculo dela deveria ser apenas para mim.
Sorrio com a lembrança do nosso primeiro beijo e o quanto eu enlouqueci quando estava provando dos seus lábios com gosto de álcool e morangos, foi naquela noite que eu decidi que iria leva-la ao céu.
Só precisava saber primeiro se ela aceitaria o convite.
Mia e seu vestido rosa me tiraram do serio, me levara do inferno ao céu em questão de segundos e depois encheram meu peito de êxtase. Eu precisava dela, meu corpo clamava pelo seu e ele vibrou quando foi correspondido.
Foi ai que eu me perdi.
Me perdi no seu cheiro.
No seu gosto.
Me perdi em toda a sua pureza.
E eu confesso, me perder em suas curvas foi a minha salvação.

'' ''

O sol tem seu jeito nada gentil de me acordar nas manhas em que as cortinas foram esquecidas abertas, fazendo questão de deixar seus raios quase me cegarem ao tentar abrir os olhos em uma manha de domingo. Tento esconder meu rosto, usando uma das almofadas para cobrir o mesmo enquanto procuro certos cabelos ruivos do outro lado da cama. O espaço vazio me faz abrir os olhos ainda sonolentos para ter certeza de que ela não esta apenas de pé a lado da cama, e assim, eu me levanto tentando entender se ela pode estar no banheiro ou no closet.
- Mia!
O silencio não me deixa satisfeito então decido ir até o closet para confirmar e ele esta vazio, sem nenhum sinal da ruiva. Talvez o Sr. Collins tenha precisado da sua ajuda e ela tenha saído do quarto antes que ele me visse sem camisa deitado na cama dela.
De novo.
Devagar vou até a porta, tentando ouvir alguma coisa que venha do andar de baixo.
- Vocês não podem simplesmente vir aqui e acharem que eu irei obedecer as  suas ordens como uma criança de cinco anos! Entendam que vocês quem decidiram ir embora, vocês quem decidiram me deixar para trás.
- Estamos tentando ser legais com você filha, mas você e seu avô estão dificultando as coisas.
A voz feminina desconhecida deve pertencer a Chloe Parker, o que faz meu corpo ficar em alerta. O que eles fazem aqui ?
- Sabe que as coisas só tendem a piorar se não aceitar de bom grado vir conosco.
Sentindo o perigo abro a porta com violência, correndo tão rápido pelo corredor ao ponto de quase tropeçar em meus próprios pés para chegar o mais rápido possível até Mia. A sala de estar está vazia, me fazendo imaginar que eles estão na sala de jantar. Desço a escada depressa, pulando alguns degraus e pouco me fodendo para o risco de uma queda.
Eu só preciso chegar até ela.
- Vocês mal me conhecem! Não tem autoridade nenhuma sobre a minha vida e deixaram isso bem claro a treze anos atrás quando entraram naquele carro e nunca mais voltaram.
Assim que apareço na porta Mia é a primeira a colocar seus lindos olhos sobre mim, correndo para me abraçar, apertando seus braços ao meu redor. Porra, ela realmente está aflita com isso!
Dou um beijo singelo no topo da sua cabeça, querendo transmitir a ela um pouco de segurança.
Estou aqui com você amor.
Quando ergo o queixo pego o olhar frio e gélido de Benjamim Collins analisando cada centímetro do meu corpo, os olhos claros me medindo de cima a baixo. Uma ruga aparece em sua testa quando nota a minha nudez superior, o fazendo se levantar com ferocidade.
- Mas que porra é essa? Meu pai só pode estar louco em deixar esse moleque entrar no seu quarto Mia!
A garota em meus braços se solta ao ouvir as palavras do pai, dando dois passos a frente para responder sua provocação.
- Não ouse chamar meu avô de louco! Em todos esses anos ele sempre fez o melhor que podia para me fazer ser a pessoa que sou hoje, foi ele quem me levou ao médico quando estive doente, foi ele quem me ensinou a andar se bicicleta,  foi ele quem me deu o colo que eu precisava por todos os malditos treze anos em que vocês estavam se divertindo por aí. - ela tenta respirar em meio às palavras mas acaba não conseguindo, as despejando como um balde de pedras sobre a cabeça deles. - Nunca mais chame de louco o homem que fez o seu papel por todo esse tempo e que assumiu a sua responsabilidade de criar, educar e amar uma criança. Vocês não imaginam o quanto ele me ama, afinal, como poderiam imaginar. Se tivessem me amado algum dia não teriam ido embora, não daquela forma.
Ela vira o pescoço para o lado, me olhando em seguida com aquele típico jeitinho de quem me chama para perto. Me aproximo, a abraçando por trás e passando meus braços ao redor de sua cintura. Benjamim apenas continua a me encarar de forma raivosa, os punhos fechados ao lado do corpo enorme.
- Não se metam na minha vida e muito menos a minha intimidade, essa casa não pertence a vocês e muito menos o meu corpo.
- o que quer dizer com isso? - a voz grave faz com que Mia agarre minhas mãos, deixando bem claro o seu tênue medo do seu pai.
- Parece Ben que esse garoto fez mais fo que se enfiar no quarto da nossa filha. - Chloe se levanta de uma das cadeiras, os Scarpins fazendo um barulho irritante toda vez que ela insiste em dar um passo.
- Veremos se ela ainda vai o querer depois que eu arrebentar essa cara bonita.
Respiro fundo, esperando ardentemente que ele venha pra cima e finalmente faça algo que provoque um peixe no mesmo nível de poder que ele: Richard Grayson.
Chloe se enfia na frente do marido, parecendo muito pequena perto dele.
- se controle Ben, você sabe o que pode nos custar se agredir o garoto. -  ele parece pensar por um momento, soltando um grunido de decepção ao ver que não terá outra saída a não ser me engolir.
- Vão embora, por favor.
A voz da minha garota soa forte ao quase expulsar os pais de dentro de casa, mas ainda sim eu sinto que ela não poderia estar mais triste com a situação.
- Só saiam daqui de uma vez, paren de a fazer sofrer tanto assim.
Aos poucos percebo que minha fala não agradou muito a Chloe, já que ela começa a se mover em nossa direção como uma verdadeira cobra preparando o seu bote.
- Oh! Notou como ele é fofo Ben? Parece que nossa filha encontrou um príncipe disposto a lutar suas batalhas. - ela permanece seria, talvez tentando precipitar todos os passos que serão dados a partir de agora. - só não se esqueça garoto, esse seu conto de fadas tem data e hora marcada para acabar. Sugiro que aproveite bem até lá porque depois disso, nunca mais vai encostar em um fio sequer do cabelo dela. Vamos Ben, voltamos outra hora quando estiver um adulto presente. Tchau filha, até outro dia.
E assim ela se vai, deixando seu perfume caro e extremamente enjoativo para trás. Benjamim como um bom cachorrinho segue sua esposa, parando por um momento ao meu lado. A respiração possessa atingindo meu ouvido.
Isso é tão desconfortante.
- vai se arrepender de ter encostado na minha filha moleque, vou fazer questão de abaixar essa sua crista quando eu esfregar sua cara no chão.
- Fale o que quiser Benjamim, não tenho medo das suas ameaças. 
Ele sorri de lado, descrente das minhas palavras. 
- E enquanto a você Mia, achei que seria mais esperta e não deixaria qualquer um entrar no meio das suas pernas.
- Você fala como se fosse melhor do que nós ... Mal vejo a hora de todo esse tormento acabar e ver você e a mamãe voltando para o buraco da onde saíram.
Ele parece surpreso pelas palavras dela, talvez não imaginasse que ela teria a coragem de o responder assim.
Obviamente esquecendo que o sangue que corre nas veias dela é o sangue dele.
- Deveria ter cuidado com a língua Mia, eu ainda sou seu pai.
- Meu pai se chama Conrad Collins e que eu saiba esse não é o seu nome.
Com o orgulho ferido Benjamim deixa a sala e quase leva a porta consigo ao sair, fazendo a ruiva estremecer e finalmente respirar fundo, aliviada.
Eu quero saber mais, entender melhor como toda essa situação começou e o motivo dela não ter me chamado.
- Eles estavam aqui a quanto tempo? - ela suspira, se virando para mim para deitar a cabeça em meu peito.
- Cerca de cinco minutos antes de você acordar, creio que viram o vovô sair para caminhar e viram uma oportunidade de conversar comigo a sós.
- Queriam te convencer a ir por livre e espontânea vontade?
- está mais para livre e espontânea pressão, nunca pensei que meus próprio pais poderiam chegar ao ponto de me ameaçar para me forçar a fazer o que eles querem.
- o que disseram pra você?
- deixaram bem claro que mesmo sem eu querer, aparentemente o processo vai sair a favor deles por meu avô ter um histórico ruim de saúde. Dizem que ele não é mais capaz de cuidar de mim.
- o que é mentira, seu avô está tão saudável quanto um touro.
- sim, eu sei. Mas não duvido de nada vindo da parte deles.
Com os dedos da mão esquerda faço um carinho em sua cabeça, pensando em alguma alternativa para tornar as coisas mais difíceis para eles.
De alguma forma, eu terei que usar o pouco poder que tenho nas mãos para descobrir algo grande o suficiente pra fazer isso parar.
E sim, eu vou tentar até meu último recurso ajudar a minha garota.

Collins Where stories live. Discover now