Capítulo 7

15.3K 1.2K 102
                                    

O toque do celular me faz levantar da cama correndo para o apanhar em cima da escrivaninha, o nome de Sam brilha na tela e eu atendo rápido.

- fala Sam.
- descobri um jeito de fazer você encontrar a morango de uma forma na qual ela não pense ser armação.- a sensação de euforia invade meu ser, o sangue correndo com mais força em minhas veias.
- e qual seria esse jeito ?
- Mia me contou que amanhã irá a um evento de carros no litoral da cidade, parece que ela doou o Fusca para um ONG e eles irão leiloar o carro para benefício de órfãos.
- achei que ela não estava querendo sair de casa, já que ela nem estava indo à escola.
- Andrew, Mia não iria a esse evento se ele não fosse importante para ela.
Essa é uma ótima idéia, encontrar Mia por acaso em um local público a faria ficar encurralada, ela iria querer evitar atenção desnecessária e iríamos poder conversar sentados na areia da praia ou em umas das pedras. Sinto minhas sobrancelhas ficarem franzidas ao perceber que ela não levaria o avô para esse evento, já que o velho Collins está namorando agora e com certeza, Mia vai dar um pouco de privacidade ao casal.
- e você sabe se ela vai sozinha ? - meu bom humor morrendo junto com a pergunta.
- ela vai acompanhada dos gêmeos, parece que eles vão embora amanhã mesmo e ela quer se despedir, além deles serem amigos do fundador da ONG.
Lembrar da noite em que conheci Josh Harris não me agrada muito, seu típico jeito irritante de tentar me diminuir conseguiu com que ele ganhasse um pouco do meu desprezo.
- okay, e sabe que horas esse evento começa ?
- as cinco da tarde, vai ser na mesma praia em que fomos naquele dia. Os carros que vão ser leiloados vão ficar estacionados no calçadão, não vão passar de três e se eu não me engano, o Fusca vai ser o último.
- ótimo... E Sam, obrigado por me ajudar.
- só cuide para não a ferir mais Andrew, tome cuidado com as palavras.
- tudo bem.
- Brandon vai com você amanhã para evitar uma possível briga com os gêmeos, boa sorte Grayson.
- valeu Sam, valeu mesmo.

Ele encerra a ligação logo após eu deixar o celular cair sobre a cama, os olhos fixos na janela de madeira aberta no outro lado da rua. O ar saindo de meus pulmões como se quilos estivessem presos a ele, a vontade de subir naquela árvore e acabar com essa merda de uma vez por todas criando uma névoa em minha mente.
Não piore as coisas Andrew !
Decido fechar minha cortina, os olhos já ficando doloridos por tal força de vontade para tentar ver a ruiva. Me sento na cama, pensando em como retirar os gêmeos da jogada para conseguir falar com a Mia. Brandon poderá me ajudar com isso, distrair aquele imbecil do Josh não deve ser tão difícil, mas acho que o real problema será se Mia disser algo aos irmãos que comprometa minha aproximação. Coço minha nuca com a mão esquerda, encarando a direita com um intenso sentimento desconhecido. O dedo anelar ainda vazio me deixa inquieto, lembrar que a três dias atrás o anel que simbolizava nossa relação ainda estava nele é consideravelmente doloroso. Um barulho em minha porta me faz deixar de encarar meu dedo para encarar a pessoa desprezível que está com uma das mãos na maçaneta, os olhos azuis não escondem sua intenção de me irritar mais uma vez.
É, eu preciso começar a trancar a porta.
- eu nunca tive a sensação de ter o coração partido maninho, mas sei como é partir um, na verdade, já parti vários enquanto estava na Itália.
- e que porra eu tenho com isso Anthony ? - digo quase com a voz arrastada, não tendo o mínimo de paciência para aturar esse cretino.
- a cada dia que se passa você está ficando cada vez mais parecido comigo - me levanto, o encarando com uma expressão incrédula no rosto, mas antes que eu possa falar algo, ele continua. - e a melhor parte de tudo isso é que você me odeia, o que significa que daqui a algum tempo vai odiar a si mesmo e eu finalmente vou te ver virar o que sempre desprezou.
- já terminou ? - digo rápido, tentando ignorar o fato de realmente ter escutado isso.
Que merda ele está pensando ?
Eu nunca, NUNCA vou ser igual a ele.
- pode fingir que não é verdade, mas quanto mais você nega isso, mais eu vejo um pouco de mim em você. - e com um sorriso falso nos lábios ele encerra o assunto. - o dia de amanhã promete e aí Andrew vai ver que eu não estou mentindo. Uma péssima noite para você.
Pesadamente, puxo o ar para dentro dos meus pulmões, um gosto metálico se espalhando pela minha boca quando a porta se fecha e pela primeira vez no dia, a vontade de socar a cara de Anthony aparece. Bato as palmas das mãos e a luz se apaga, o quarto sendo iluminado apenas por uma luminária fraca no canto esquerdo da cabeceira da minha cama. Meu couro cabeludo coça ao notar que Anthony pode saber de alguma coisa que eu não sei, e essa coisa pode ter a Mia e meus planos para amanhã no meio.
Por Deus, essa é última coisa que eu preciso.
Me deixo cair no colchão, os olhos focados no teto e a mente rodando em torno daqueles cabelos vermelhos alaranjados.
Como ela pode ser tão bonita ?
Cada detalhe dela me deixa deslumbrado, desde os olhos cinza azulados até às sardas espalhadas pelas costas, os cabelos vermelhos alaranjados, os lábios delicados.
Droga ruiva, eu sinto sua falta.
Enfio meus braços por baixo da cabeça, deixando os cruzados para melhor me ajeitar na cama depois de flexionar os joelhos. A risada dela ecoando em uma lembrança do dia em que fomos a praia, nós dois jogando aquela maldita água salgada nos rostos um do outro, os beijos molhados que trocamos. E tudo se foi tão rápido quanto começou ...
Raven Sinclair foi a pior pessoa que eu pude conhecer na vida, alguém que parecia não prestar tanto quanto eu acabou se tornando um verdadeiro pé no saco. Ela foi fácil, poucas conversas para que o sexo casual acontecesse e palavras bonitas as vezes foram ditas, nada que levasse a crer que algum dia eu teria algo sério com Raven.
Mas promessas de amor... Mia foi a única garota que mereceu ouví-las.
Mas foi como Brandon disse desde o começo dessa merda toda, Raven ficou maluca o suficiente para bancar a descontrolada e acabar com tudo o que eu havia construído. O sono começa a aparecer, minhas pálpebras lutando para se fecharem e darem início a única terapia que eu não consigo fugir. Trinco o maxilar, ouvindo o barulhos dos dentes se encostando antes de desistir e fechar os olhos.
O ar condicionado está ligado nos vinte e cinco graus, os fios do meu cabelo caídos na testa estão um pouco grudados por conta de uma mínima parcela de suor.

- eu ainda não terminei Andrew. - o sorriso tímido dela é a coisa mais excitante que eu já vi.
As bochechas rosadas acompanhando uma mordida leve no lábio inferior, a saia rodada ainda presa aos quadris e o sutiã com uma das alças caídas no ombro.
- você ainda não terminou e eu já estou louco ruiva, sinto muito, mas serei eu quem irá tirar o resto da sua roupa.
Ela desvia o olhar para o chão, me deixando ficar a vontade para levar minhas mãos até o zíper lateral da peça. A cada toque é um arrepio, a cada vez que meus lábios encostam na pele nua de seu abdômen é um suspiro sensual.
Essa garota acaba comigo.
A saia desliza pelas pernas macias e quando toca o chão, Mia ergue os pés um de cada vez para se libertar por completo do tecido. A lingerie de renda azul marinho é nova para mim e impulso rasgar as peças delicadas é forte.
- ah Mia, o que eu faço com você ?
O perfume adocicado em seu pescoço não consegue me fazer não puxar seu corpo para mim, a pele extremamente quente atiçando meu lado selvagem.
- acho que você tem boas ideias para responder essa pergunta Grayson. - ela molha os lábios, acabado com o pouco controla que eu ainda mantinha.
- você e sua língua afiada ruiva.

Aquela noite foi simplesmente primorosa, todos os carinhos, os toques, os beijos, as mordidas e chupões. Tudo ficou marcado em mim.

Marcado de uma forma que está doendo agora.

E eu não posso deixar essa dor atrapalhar os meus planos de conversar com ela.

O problema é se ela aumentar a ferida com sua rejeição...

Collins Onde as histórias ganham vida. Descobre agora