Bônus 4

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Correspondente ao capítulo 56 de Grayson.

Abotoando antepenúltimo botão da camisa azul, analiso meu reflexo no espelho. O anel de prata brilhando em meu dedo anelar direito.
Quem diria que Andrew Grayson seria laçado ?
Sorrio sozinho, pensando na garota ruiva que me arrumou alguns problemas desde nos beijamos pela primeira vez. Literalmente, Mia Collins é uma caixinha de surpresas. Batidas são dadas na porta, o que me faz virar e ajeitar os cabelos sem a ajuda do espelho.
- vir ver se você está pronto. - minha mãe entra no quarto, cruzando os braços e me encarando de forma divertida.
- não me olhe assim mãe. - balanço a cabeça negativamente, os olhos azuis dela me fitando.
- espero que ela não seja como as outras, estou cansada de conhecer garotas que riem de cada palavra que eu digo.
- não se preocupe mãe, Mia é inteligente, não retardada. - me sento na beirada da cama, apanhando as meias brancas em cima do edredom.
- acredito que ela seja inteligente mesmo, afinal se fosse apenas uma aventura você não estaria tão empolgado.
- eu estou feliz mãe, é difícil de aceitar ? - enfio os pés dentro dos tênis, amarrando os cadarços antes de me levantar.
- eu vivi para ver esse dia chegar. - ela ri, se aproveitando do fato de eu sempre ter falado que namoro era perca de tempo. - e respondendo sua pergunta, quando se trata de você Andy, tudo se torna um pouco mais complicado, mas eu já aprendi a lidar com isso.
- tudo bem, já disse o que tinha para falar ? - pergunto, enfiando as mãos dentro dos bolsos frontais da calça.
- já querido, e se me der licença tenho que ver se está tudo certo lá na cozinha. - ela se aproxima, fazendo um breve carinho no meu rosto com a mão esquerda antes de dar um beijo casto em minha bochecha.
Minha mãe deixa meu quarto levando consigo toda a tensão que pairava no ar. Respiro fundo, dando um último ajuste na camisa antes de ir buscar minha garota.

Toco a campainha e me endireito, erguendo o queixo esperando que ela ou o senhor Collins abra a porta. O clima está quente e eu deveria ter colocado uma camisa sem mangas ao notar a falta de vento. A porta se abre e ali está ela, usando uma camisa de seda azul marinho, uma saia de couro preta e um salto alto fechado.
E eu achando que não tinha como ficar melhor.
- você está linda. - abro um sorriso e ela logo retribui fervorosamente.
- posso dizer o mesmo de você Grayson. - meu membro da um enorme sinal de vida ao vê-la me chamar pelo sobrenome.
- podemos ir ? - pergunto já notando um nervosismo aparente da parte dela.
- claro.
Ela sai para fora, os cabelos vermelho alaranjados caindo como uma cascata de fogo sobre as costas. Mia confere algo em sua bolsa e então pego em sua mão, a pele um pouco mais gelada do que o comum.
Calma ruiva é só um jantar.
A puxo para mais perto, a cabeça dela tocando meu peito enquanto andamos para fora de seu quintal. A respiração da ruiva está um pouco mais forte do que o normal e um sorriso breve aparace em meus lábios ao imaginar que ela pode estar respirando meu perfume.
- vai ficar tudo bem, relaxa.
Aproximo meus lábios dos seus, a beijando para tentar acalmar seus nervos junto com uma carícia na nuca. Estico um dos braços para tocar a maçaneta da porta de casa, abrindo a e nos colocando para dentro. Por um instante Mia ficou parada, analisando a decoração do hall de entrada. A puxo para a sala de estar, quase rindo de seu olhar sobre os móveis e o resto do local.
- é linda. - sua voz sai baixa.
- minha mãe é um pouco exagerada.
E realmente é verdade, não sei quantas vezes só esse ano trocamos os sofás ou os tapetes por causa da porcaria da cor dos móveis.
- você não havia me dito que ela era ruiva Andrew.
Mulheres !
Viro o rosto, acompanhando o movimento de Mia para cumprimetar minha mãe. De todas as coisas que ela poderia reparar na minha namorada, por que tinha que escolher a cor dos cabelos ? Tudo bem, ela tem um cabelo único e muito bonito.
- é tão bom te conhecer. - minha mãe se aproxima rápido demais de Mia, a abraçando com um enorme sorriso no rosto.
Cruzo os braços, esperando que elas possam se soltar para levar Mia até um dos sofás.
- é um prazer te conhecer senhora Grayson. - a ruiva sorri.
- não, nada se senhora, só Jen, por favor.
- mãe, podemos sentar ? - e antes mesmo de ouvir a resposta, puxo Mia para nos sentarmos.
Minha mãe se senta de frente para nós, o olhar curioso sobre a garota ao meu lado me deixa um pouco incomodado.
- me diga...
- Mia.
- sim Mia, me diga seu cabelo é natural ?
Sério mãe ?
- ah sim, na minha família é normal ter o cabelo dessa cor.
- você é tão linda, Andrew soube escolher dessa vez.
Rolo os olhos violentamente, por que eu já sabia que ela iria falar algo desse tipo ?
- mãe. - a repreendo, colocando um dos braços sobre os ombros de Mia.
- obrigada sem... Jen, eu sempre achei você esvoaçante também.
Tudo bem, agora elas vão ficar trocando elogios ? E eu achava que não teria como ficar mais estranho.
- Andrew me contou que é nossa vizinha de frente e eu nunca te vi antes.
- vamos dizer que eu não costumava sair muito de casa depois da escola.
- ah sim, o jantar está quase pronto e meu marido só está terminando alguns assuntos do trabalho.
Assuntos tão importantes que não podem esperar até amanhã, ela quer mesmo me fazer ir até lá e queimar cada um daqueles malditos papéis.
- sem problemas. - Mia sorri fraco, fico feliz que pelo menos esse momento não pode ser arruinado pelo meu pai.
- me conte mais sobre você Mia, mora só com seu avô ?
- sim, somos só nós dois.
- e seus pais ?
Penso em talvez intervir, mas sei que Mia não tem nenhum problema para dizer algo se seus pais.
- meus pais moram em outro país, ambos tem o espírito livre.
- e você se sente bem com isso ?
Minha mãe estica um dos braços para pegar uma xícara de chá em cima da mesa de centro, de leve acaricio o ombro esquerdo de Mia, mas acho que ela não percebe tal toque.
- claro, meu avô sempre cuidou de mim maus do que de si mesmo, acho que ao invés de viajar o mundo e nunca criar raízes não me faria tão bem como ele me faz.
- vejo que sente admiração por ele.
- vovô é toda a fonte do meu conhecimento e da minha essência, ele é tudo pra mim.
Aperto o local da carícia, fazendo com que ela me olhe e saiba que não precisa responder todas as perguntas que minha mãe está fazendo. Levo a mão até sua nuca e retiro os fios de cabelo que ali estão, massageando a pele com a ponta dos dedos.
- seu avô fez um ótimo trabalho.
- ele fez muito mais do que isso mãe.
Ele criou um ser capaz de me fazer perder o sono.

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