Bônus 2

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Correspondente ao capítulo 10 de Grayson.

Com a respiração ofegante me pergunto pela décima vez o que acabou de acontecer.
Por que eu beijei ela ?
Com os olhos fechados suspiro pesadamente ao lembrar daqueles lábios macios se movendo contra os meus, talvez até um pouco receosos.
Será que ela não queria ?
Mas é claro que queria ou ela não teria correspondido, ou teria ? Com as dúvidas rodando minha mente abro os olhos, trincando o maxilar ao enfiar o punho esquerdo na parede e logo sentir os ossos da mão começarem a ficar doloridos.
- porra.
Saio do quarto sem olhar para os lados, descendo as escadas ainda pensando naquele maldito vestido rosa e no quanto Mia ficou extremamente sexy naquela roupa. Contornando a sala com os olhos não noto a presença da ruiva e sinceramente, a culpa começa a pensar em meio peito ao perceber que posso ter sido duro demais com ela.
- Daniel disse que estava me procurando. - a loira se aproxima, Alexis pode ser gostosa mas no momento eu só quero sair daqui e esquecer de uma vez aqueles cabelos vermelhos, os olhos cinza azulados e aquela bendita boca macia.
Ela arranha meus tríceps com as unhas pintadas em um tom de rosa e novamente Mia toma conta de meus pensamentos.
Mas que merda !
É só uma garota Grayson !
- não, eu não estava. - retiro suas mãos de mim, a deixando ali e saindo para ir até a sala.
Rolo os olhos ao ver Gabe Kenner encostado na parede fumando um cigarro, a anos eu venho esperando para lhe dar uma surra mas nunca tive um motivo. O arrepio que se instala em meu corpo quando seus olhos encontram os meus é como um sinal do destino, hoje eu vou arrebentar esse babaca.
- e aí Grayson, cadê a ruivinha gostosa que você carregou para o quarto ? - a fumaça sai devagar de sua boca.
- não é da sua conta seu bastardo de merda. - dou alguns passos em sua direção, arrancando o cigarro de sua mão e enfiando no primeiro copo de vodka que vi pela frente.
- o que foi ? A ruivinha deliciosa te deu um fora ? - a risada tosca dada por ele só me fez abrir um sorriso enorme. - o incrível Andrew Grayson tomou um toco ?
- não, a ruivinha não me deu um fora. - me aproximo mais, fechando os punhos atrás das costas. - ao contrário, a garota sabe como foder a cabeça de alguém. Mas eu acho que ela não se interessaria por você Gabe.
- e por que não ? - o sorriso escroto em seus lábios me faz querer socar sua cara até os olhos pularem para fora das órbitas.
- porque ela me quer, e quando uma garota que Andrew Grayson, ela não vai querer mais ninguém. Muito menos se for um fodido como você.
- filho da puta.
Antes que Gabe possa soltar o copo para erguer o punho contra mim enfio o joelho esquerdo em seu abdômen, sorrindo abertamente ao notar sua falta de ar. A música continua rolando, o que me deixa mais eufórico pela briga. Gabe se levanta, um dos braços cobrindo o lugar acertado pelo meu joelho. Ele joga os cabelos claros para trás e avança sobre mim, acertando meu maxilar de leve e nos levando para acertar as contas já na grama do jardim.
- nunca mais pense naquela garota. - lhe dou um soco no rosto, sentindo a pele da minha mão queimar com o contato. - ela é minha.
- isso é o que veremos Grayson. - lhe acerto mais um soco no rosto, a adrenalina correndo por minhas veias.
Eu estava sentindo falta disso.
Ao me virar para o lado rapidamente penso ter visto a garota passando junto com mais dois caras, e por isso Gabe vê a oportunidade de me acertar mais uma vez. A queimação em minha sobrancelha só aumenta a raiva que, eu até então, estava contendo. Sorrio e Gabe me olha torto, lhe enfio um último soco no nariz e me dou por satisfeito ao ver o sangue escorrer pelo mesmo.
- nunca mais se aproxime da garota ou vou quebrar muito mais do que seu nariz.
Me levanto, sentindo o coração pulsar forte.
- mas que merda é essa Andrew ?
Levanto o queixo, alisando os dentes superiores antes de me virar para Daniel.
- não está óbvio ? - bato as palmas das mãos na camisa.
Merda, essa grama tinha que ser natural.
- eu disse nada de brigas.
- então deveria ter deixado esse merda de fora da diversão.
Daniel só passa a mão na testa e encara Gabe, que ainda está jogado no chão com as mãos em volta do nariz.
- quebrou o nariz do cara ?
- eu deveria ter quebrado a perna.
Começo a caminhar até meu carro, ignorando os chamados do meu amigo. Que se foda essa merda toda, eu vou para casa.

Encosto as costas na árvore do quintal da casa da frente e mesmo que pela lei eu esteja invadindo uma propriedade privada, preciso saber de alguma forma se ela já chegou. Sentindo o sangue seco se acumular no canto da minha boca e em uma pequena parte do meu supercílio, me viro para olhar em direção ao lado esquerdo ao notar risadas baixinhas. Vestida com um moletom bem maior do que ela, Mia anda calmamente com os saltos pendurados nos dedos de uma das mãos. Os cabelos um pouco bagunçados, talvez pelo vento. Ela ainda não me viu, o que me faz coçar a nuca e começar a andar em sua direção quando a ruiva passa direto. Mia se abaixa para pegar algo que está debaixo do tapete da entrada, mostrando um pouco das coxas por conta do vestido ter subido.
Ela tem belas coxas.
Quando ela se ajusta e coloca a chave na trança da porta tomo a iniciativa de dize algo antes que ela entre.
- você veio sozinha ?
Como se tivesse levado um choque, Mia para imediatamente. Os cabelos dançando sobre a touca do moletom.
- não é da sua conta ! - ela enfia o pé dentro de casa e ainda se recusa a me encarar.
- você veio sozinha ou não ? - pergunto já sentindo raiva pela atitude dela.
Olhe para mim ruiva !
Ela se vira, encarando profundamente meus olhos até notar os machucados em meu rosto.
- o que aconteceu ?
A preocupação aparente em suas íris cinza azulados a faz avançar sobre mim, colocando ambas as mãos em meu rosto e quase me fazendo a puxar para mais perto.
Ela tinha que cheirar tão bem?
- nada, não aconteceu nada. - retiro suas mãos se meu rosto, ignorando a sensação que é tocar a pele macia de suas mãos.
- então não precisa de cuidados e muito menos explicações da minha parte, boa noite. - antes que ela se vire por completo, agarro sua mão e a puxo para perto.
Ser grosso com ela não vai me ajudar a saber o porquê de não conseguir retirar seu beijo da minha cabeça.
- me desculpa pela grosseria, mas... Seu amigo não deveria ter deixado andar sozinha por aí a essa hora da noite.
- Sammy estava bêbado demais até para cuidar de si mesmo, ele precisava de mais atenção do que eu.
Engolindo seco, ela me observa. Os olhos fixos nos meus, parecendo saber de meus pensamentos.
- entra, deixa eu te ajudar.
Não digo nada, apenas a solto antes de começar a seguí-la até, o que me parece, ser a sala de estar da casa. Me coloco a caminho de um dos sofás enquanto ela vai até a escada, deixando os saltos ao lado de um tênis masculino. Logo, Mia anda até a cozinha me deixando sozinho na sala. Foco meus olhos no chão, imaginando o quanto foi bom ver Gabe engolir o próprio orgulho depois de ficar com o nariz quebrado.
- pode arder um pouco. - a voz calma e doce dela me tira do meu devaneio obscuro.
Mia se senta ao meu lado com um pedaço de algodão e um antisséptico nas mãos, a caixa de primeiros socorros sobre as coxas apertadas pelo vestido. Ela aproxima o algodão da minha boca, o passando suavemente pelo canto cortado e limpando o sangue seco, o lábio inferior preso entre os dentes.
- se morder mais forte vai acabar sangrando. - digo baixo, sabendo que talvez ela possa estar nervosa com toda essa situação.
- ainda estou brava com você, então não fale nada. - Mia consegue ser grossa quando quer, o que me faz querer rir.
- olha ... Eu não deveria ter te falado aquelas coisas, eu estava com raiva.
Tento me explicar, não querendo a deixar pensar que o beijo não foi bom. Na verdade, o beijo dela é como estar no céu.
Se controla Grayson.
- não justifica você ter sido um completo idiota. - ela deixa de limpar minha boca e coloca um pequeno Band Daid no local.
- desculpa. - digo por fim.
Começo a encarar, reparando nas sardas espalhadas pelas laterais do nariz até as maçãs do rosto.
- tudo bem.
Mia desvia o olhar, fechando a caixa de primeiros socorros e tentando se levantar sem causar a subida do tecido de seu vestido. O maldito vestido rosa que me rendeu uma briga e tanto.
- seu avô não deveria te deixar usar roupas assim. - me levanto, forçando as pernas a seguirem a ruiva que foi rapidamente até a cozinha.
Examino o local, olhando os armários de madeira perfeitamente alinhados e limpos. A cozinha não é tão grande, mas deve ser o suficiente para duas pessoas.
- meu avô amou o vestido e não sei porquê tanta implicância com ele. - ela se abaixa, guardando a caixa branca debaixo da pia.
A ruiva é tão inocente ao ponto de achar que eu não olharia para as pernas dela quando abaixada desse jeito. Será que a pele dela é tão lisa quanto parece ?
- ele mostra demais.
Ao me ouvir Mia se levanta, esticando as pernas brancas e delicadas. Os olhos cinza azulados constrangidos pelo pedaço de pano que ela chama de vestido.
Eu preciso rasgar esse vestido !
Eu realmente preciso.

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