Capítulo 30

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- o que vai fazer agora ? - Mia coloca o rosto a frente do meu, os olhos faiscando por trás das lentes.
- não sei, não tinha planejado isso ainda. - aperto mais os braços ao redor de sua cintura, a vontade louca de rasgar o tecido de sua camisa e tocar sua pele quente.
- quer ir tomar um milkshake no Mark's ?
- e a galera ?
- os chame para ir junto, vai se legal ver Carol de cabelos brancos por conta da bagunça. - seu sorriso é uma das coisas que simplesmente me desarmam, eu não consigo resistir a isso.
- se eu for ... O que vou ganhar ? - a pergunta não sai no sentindo malicioso, eu realmente quero ir até o Mark's e comer uma torta de morango.
Mas e depois disso ?
Vou ser jogado para o escanteio de novo ?
- se você for... - ela aproxima os lábios da minha orelha esquerda, o barulho da quadra se tornado quando inaudível perto da concentração da minha parte em escutar sua respiração. - te levo a um lugar especial depois.
Lugar especial ?
- okay ruiva, consegui atiçar minha curiosidade.
A contra gosto me solto de seu corpo, juntando os dedos na boca e dando um alto assovio. O time e mais algumas garotas viram para seguir o som.
- que tão se nós fossemos comemorar nossa vitória na lanchonete do Mark's ?
- eles tem milkshake ? - rio com a pergunta de Kevin.
- claro que tem idiota, vamos.

Sentamos todos em uma única mesa no fundo da lanchonete, risos e conversas altas são a única coisa que preenche esse lugar a essa hora da noite. Ah, tudo bem ! Não são nem nove horas ainda mas o lugar está um pouco parado para uma sexta feira.
- porra caras, eu daria um milhão de dólares só para ver de novo a cara de bunda do Hank quando o Andrew arrancou a bola dele. - Jason ri alto, expondo toda a diversão que vencer esse jogo nos trouxe.
- não, não. Aquele momento é impagável cara.
Somos interrompidos por Carol e seu uniforme ousado, o que realmente fez todos calarem a boca para olharem a garçonete.
- o que vão querer rapazes ? - ela apoia um dos braços na cintura, segurando um bloco fino de papel na outra mão.
- se eu disser que quero te levar para o paraíso qual seria a sua resposta ? - sinto minhas sobrancelhas se movimentarem de forma estranha.
Que porra de cantada é essa Mike ?
- sinto muito gatinho, não estou afim de trocar suas fraldas hoje. - ela esbanja um sorriso maldoso, o que lhe cai muito bem.
Mia se remexe em meus braços, provavelmente se segurando para não rir do pobre Mike e envergonhar o garoto. A mesa é preenchida de vais em direção ao garoto, que eu baixo e balança a cabeça negativamente.
- ahn, eu quero um milkshake de morango e batatas fritas. - Daniel é o primeiro a pedir, atraindo finalmente o olhar da mulher para ele. 
- mais alguém ?
Assim que levanto um dos dedos para indicar que quero fazer meu pedido o sino suspenso perto da porta toca, me fazendo olhar em sua direção. A barba ruiva é a segunda coisa que me prende a atenção, a primeira delas é a frieza nos olhos claros de Benjamim Collins. Sinto os dedos de Mia apertarem minha camisa, o tecido ficando um pouco repuxado em cima do peito.
Que merda ele quer aqui ?
Carol se afasta para o lado, percebendo que o homem passaria por cima dela se fosse preciso para chegar até nós. A jaqueta jeans parece pesada em sua corpo, os passas largos até a mesa deixam não só a mim, mas todos na mesa nervosos com o que um homem com aquele porte estaria nessa lanchonete.
- vamos Mia. - a voz grossa me deixa com raiva, o timbre mandão é o principal motivo.
- não vou a lugar nenhum com você. - ela ergue o queixo, a voz alta mas não segura o suficiente.
- não vou pedir duas vezes Mia, levante se e venha de uma vez.
A ruiva está imóvel, os olhos focados naquele que fez questão de estragar nossa noite ...
- eu não vou com você Benjamin.
Ele suspira pesado, passando uma das mãos pelos cabelos vermelhos e fechando os olhos por um milésimo de segundo antes de voltar a nos fuzilar com o olhar.
- ah, vai sim.
Rapidamente, ele pega em seu pulso, me levanto de uma vez, os caras do time fazendo o mesmo com a intenção de me ajudar a barrar esse louco.
- solta ela. - digo firme, segurando a cintura da garota para que ele não consiga levá-la para fora. - Mia não responde a você.
- não se mete moleque. - mais um puxão é dado, dessa vez fui obrigado a soltar para que ele não machuque o pulso dela. - vamos logo Mia, pare de agir como uma criança.
- e você pare de agir como um neandertal, me solte.
Sem aguentar ver aquilo saio de perto da mesa, indo em direção aos dois que são estão perto da porta de saída.
Escuto os passos dos outros me seguindo, o coração martelando forte ao vê-la se debater pelo aperto do pai.
Se é que ele pode ser chamado de pai...
Em frente ao mesmo carro em que ele e a esposa deixaram a casa do senhor Collins está dois homens vestidos de preto, óculos escuros cobrem seus olhos e isso me irrita mais ainda.
O filho da puta veio com seguranças.
Olho para o chão, procurando algo que possa me ajudar a fazer esse desgraçado soltar Mia antes que a machuque.
- aqui Andrew. - Kevin me oferece um pé de cabra do anda.
- da onde você tirou isso ? - pego a ferramenta com pressa.
- do porta malas do meu carro.
Apresso o passo, correndo para evitar que ele a enfie dentro do carro e leve para longe de mim.
- cuidem desse bando de pirralhos.
Paro imediatamente, o frio correndo a espinha quando armas são sacadas pelos seguranças e apontadas para nós. Solto a ferramenta, ouvindo o barulho do ferro ao cair no chão antes de um tiro ser disparado para cima. Gritos de mulheres que estavam no estacionamento são ouvidos, meu time todo parou ao meu lado para observamos o carro dele ir embora e levar a garota que amo.
- porra Andrew, esse cara é louco. - Mike não está errado de sentir medo do meu " sogro ".
- esse cara é o pai dela. - digo sem ânimo algum, me odiando por não ter conseguido impedir a ida dela. 
- Andrew, isso foi um tiro ? - agora você aparece Sam ?
- foi sim.
- o que aconteceu afinal ? - os cabelos do loiro estão um bagunça e os lábios de Brandon inchados.
- enquanto vocês dois se pegavam no banheiro o pai da Mia veio até aqui e a arrastou para casa. Aquele desgraçado arrancou a ruiva dos meus braços e a levou sem ao menos se importar se iria machucá-la ou não.
Benjamin Collins não está brincando.

Ele está disposto a qualquer coisa para demostrar poder sobre a filha. 

" "

Ando de um lado para o outro, o barulho da espera para que ela me atenda é infinitamente angustiante.
Atenda ruiva, por favor.
A dor latejante em minha cabeça confirma que a cada vez que nos aproximamos algo acontece para nos afastar, e seriamente, cansa ter tantos altos e baixos em tão pouco tempo. Passo uma das mãos pelo rosto, engolindo seco ao jogar o celular sobre a cama.
- merda. - xingo baixo.
Me sento no chão, puxando meus cabelos conforme as lembranças voltam.
Ela não consegui me mostrar seu lugar especial.
Não conseguimos nem ao menos nos beijar.
E como eu queria um beijo dela.

Merda !

Escutando as batidas firmes do meu coração, ergo o corpo e enfio as pernas na primeira calça jeans que encontro pela frente. Coloco uma camisa qualquer e apanho as chaves da porta dos fundos, deixando meu quarto e logo em seguida, minha casa.
A janela dela está aberta, a luz do abajur é fraca e supostamente, a mesma ainda não conseguiu dormir. Me apoio em um dos galhos da árvore, escalando a mesma rapidamente até conseguir alcançar o batente de madeira branca. Me jogo para dentro, caindo de uma maneira silenciosa e quase caindo para trás. Na verdade, não consigo me apoiar em nada ao me assustar por ver o senhor Collins sentado sobre a cama da neta.
- esperava que você fosse mais rápido para subir essa árvore Grayson.
- não queria fazer barulho. - digo baixo, ainda não acreditando que ele me esperava.
- mesmo sem fazer barulho Grayson, eu sei de todas as vezes que você entrou nesse quarto. - sinto meu rosto esquentar, se é que isso é possível.
- desculpe.
- ah, não precisa pedir desculpas. Mia sabe muito bem o que faz e além disso, foi sincera comigo quando perguntei o que estava acontecendo. - ele se vira para mim, os olhos claros me fitando por baixo das lentes. - queria falar com você por outra coisa.
- que seria ? - coloco meus braços sobre os joelhos, escorando as costas na parede.
- meu filho e a esposa voltaram, estão causando problemas e eu não sou mais um veterano de guerra para dar uma surra naquele ingrato e muito menos fôlego para aguentar duas gracinhas.
- e o que o senhor que eu faça ?
- quero que ajude a Mia no que ela precisar enquanto eu estiver resolvendo toda essa história, vou precisar sair da cidade por alguns dias.
- não posso fazer muita coisa quando seu filho me ameaça com seguranças armados.
- dentro da escola ele não pode fazer nada Andrew, mantenha contato com ela e não a deixe sozinha lá dentro. Sei que Sam poderá ajudar aqui dentro, mas preciso de você lá fora.
- tudo bem. - me levanto, já erguendo uma perna para me colocar para fora da Janela.
- só mais uma coisa Andrew, tenha paciência com toda essa situação porque não está sendo fácil para nenhum de nós lidar com isso.

Fácil nunca foi ...

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