Capítulo 23

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Bocejo com preguiça, respirando fundo o maravilhoso perfume de sua pele, sentindo todos os pelos do meu corpo se arrepiarem.
Vou sentir falta desse cheiro.
Mia se mexe, encostando um pouco mais em mim e me deixando mais a vontade para tocar nela. Com cuidado levo minha mão até seu rosto, tocando as maçãs delicadamente com a ponta dos dedos, uma de cada vez. Eu poderia contar todas as pequenas sardas que cobrem essa pele perfeita, claro, seu eu tivesse tempo.
Se ela me desse esse tempo.
Toco seus lábios rapidamente, a boca macia e rosada tão excitante quanto bonita. Quando levanto o olhar sou flagrado por ela, que me observa minuciosamente em momentos que eu julgava serem apenas meus.
Não sei que horas são, muito menos ligo se me atrasei para a escola ou não. Ela está aqui, do meu lado e ainda não fugiu ou disse alguma coisa sobre a noite de ontem.
- oi. - digo primeiro, trazendo minha mão para perto do meu corpo.
- oi. - o breve sorriso me deixa mais aliviado.
- como esta se sentindo ? - pergunto preocupado com uma possível dor de cabeça.
- estou bem, mas não merecia sua preocupação depois daquela mensagem. - os olhos dela parecem melancólicos, assim como sua voz.
- você poderia me mandar mil mensagens como aquela e ainda assim eu me preocuparia com você ruiva.
Ela engole seco, molhando os lábios rosados antes de desviar o olhar. Cerro os olhos, a vendo se enrolar no lençol e se sentar na cama, as mãos segurando o tecido para cobrir os seios enquanto a cabeça está abaixada, os cabelos cobrindo o rosto.
- não sei se foi uma boa idéia termos feito aquilo Andrew.
Rio sem humor, totalmente mexido pelo que acabei de ouvir, tudo bem, eu já tinha uma ideia de que ela poderia dizer algo assim quando acordasse, só não esperava que fosse tão direta.
- eu imaginava que você iria dizer isso. - digo baixo, cruzando os braços atrás da cabeça. - eu amei cada segundo da noite de ontem, adorei saber que seu corpo ainda corresponde o meu. Então, você pode dizer que foi um erro, sair por aquela porta e fingir que nada aconteceu e continuar com essa sua história de dar um tempo, mas eu prefiro ficar aqui, cheirando esses lençóis a cada segundo disponível e lembrando do que fizemos nessa cama. Eu amo você, e por te amar vou respeitar essa decisão, mas já aviso que qualquer tentativa sua de me afastar vai ser inútil e que não vou sair da sua cola até te convencer a voltar para mim. 
Suspiro pesado, o silêncio do quarto me deixando maluco com o passar dos segundos, com o passar dos minutos.
- eu só preciso colocar as coisas no lugar certo antes de te dar a sua resposta.  - olho em sua direção, encontrando os olhos dela inundados pelo brilho das lágrima.
- okay ... - jogo o lençol para o lado, me levanto rápido para apanhar a calça de moletom pendurada no mancebo.
A visto rápido, quase tropeçando nos meus próprios pés ao tentar andar até a porta.
- faça o que tem que fazer e me dê logo a resposta, esse tipo de jogo é perigoso ruiva.
- perigoso por que ? - apoio a mão esquerda no batente da porta, não me dando o trabalho de virar e encarar seus olhos para responder.
- você me tem agora Mia, me tem de corpo e alma, mas se demorar demais eu creio não estar mais disponível quando você terminar de colocar suas coisas no lugar. Uma hora eu vou cansar de ser ignorado e quando essa hora chegar, se ela chegar, de adeus ao Andrew que você conhece. - abaixo a cabeça, deixando as palavras fluírem. - sua roupa está nós pés da cama, vou fazer um café pra gente.
Saio sem pressa, meu coração batendo tão forte no peito ao ponto de me deixar com uma leve tontura. O silêncio dela não é um bom sinal e eu deveria saber quais são essas coisas que nos separam ... Mas eu não faço a mínima idéia do que seja.
Que merda ela precisa por no lugar para finalmente acabar com essa distância ?
Espero que Sam possa me ajudar a entender o que se passa naquela cabeça cheia de fios ruivos, acho que só ele pode me responder e caso ele não saiba, eu estarei perdido.

O cheiro de ovos e bacon é bem atrativo, meu estômago ronca enquanto apanho algumas frutas na geladeira e as coloco dentro de uma vasilha de vidro. Eu deveria agradecer a minha mãe por fazer compras para mim, mesmo sem saber quando eu irei vir ou não.
Mães são estranhas de um jeito bom.
Pego os talheres, me sentando na banqueta de metal antes de pegar uma fatia de bacon e a enfiar na boca. Eu estou faminto !
E ancioso para o que vai acontecer agora que deixei as cartas na mesa.
O barulho dos saltos me faz virar o rosto para o lado sorrindo rapidamente ao vê-la vestida novamente com a peça que me faz pensar obscenidades. A todo custo Mia evita de me olhar diretamente nos olhos, se sentando ao meu lado com mais timidez do que antes.
- eu fiz ovos com bacon mas sei que você só come frutas de manhã, então deixei os dois aí caso você queria comer algo diferente hoje.
- tudo bem, obrigada Andrew.
Pego o copo com suco e tomo um gole, me controlando para não perguntar o que ela estava fazendo naquela boate em plena segunda feira. Tudo bem, não tem dia certo para encher a cara, mas não faz muito tempo desde que Mia começou a beber para já estar nesse nível de farra.
- como sabia que eu estava na boate ?-  e mais uma vez ela adivinha meus pensamentos.
- Anthony me ligou.
- então vocês estão se entendendo ? - me viro para ela, puxando seu banco pela base para mais perto com os pés.
- não ruiva, nós dois trocamos favores as vezes e infelizmente agora eu estou o devendo. - a ruiva coloca uma uva verde na boca de forma quente, me fazendo querer ser aquela uva.
- não quer saber porque eu estava lá ?
- sinceramente, eu até queria mas tenho medo da sua resposta. Na verdade, eu tenho medo de muita coisa depois que vi Anthony na sua casa.
Ela desvia o olhar, mastigando a uva suavemente, pensando em uma boa resposta.
- não precisa responder se quiser.
Meu estômago se embrulha, o mal estar subindo ao imaginar que ela poderia ter ido a boate com alguém além de Sam... Ok, Anthony poderia a ter levado até lá apenas para armar toda essa situação, me faz agradecer e enfim dar seu golpe final : pedir um favor que eu não poderei negar. Me levanto, largando o prato pela metade em cima da bancada da cozinha.
- tenho uma coisa para te dar.
Caminho até o piano, pegando o cartão que deixei em cima dele antes de voltar para a cama ontem a noite e voltando até ela.
- esses são os números do painel do elevador, para quando você finalmente tiver as respostas que me deve.

" "

- está atrasado senhor Grayson. - faço uma careta de desculpas, esperando que o senhor Pierce não pegue no meu pé depois da péssima manhã que tive.
- eu sei e peço desculpas por isso, não acontecer de novo. - faço minha melhor cara de inocente, sabendo que não cumprirei minha promessa.
Mas duvido muito que Susan deixe isso acontecer.
- você não me engana com essa conversinha mole Grayson, agora vá de uma vez para o seu lugar.
Mando uma piscada para ele e corro entre as carteiras para enfim me sentar ao lado de Brandon. O mesmo parece sério, com os olhos focados no livro de física e um lápis enfiado atrás da orelha esquerda.
- está tudo bem cara ? - pergunto ao abrir a mochila.
Brandon apenas se vira na minha direção e arqueia as sobrancelhas por um segundo, provavelmente pensando no que me responder.
Normalmente ninguém está me respondendo na hora.
- estou bem cara.
- então por que essa cara ? Parece decepcionado.
- só estou cansado, meu pai estava dando um pouco de trabalho lá em casa e eu passei as últimas noites na casa do Sam.
- o que aconteceu ? Por que não foi lá pra casa ? Temos um quarto de hóspedes que você conhece muito bem.
- ah Andrew, aquele velho problema do meu pai em se manter fiel a minha mãe.
Porra !
Depois de tanto tempo esse cara ainda insiste em pular a cerca !!
- achei que ele e sua mãe já estavam estáveis. - digo confuso, sabendo o quanto essa história fode a cabeça do meu amigo.
- e estavam, mas é só ela sair a trabalho que o filho da puta já enfia duas mulheres na cama deles.
- sinto muito cara. - estico o braço, colocando a mão direita sobre seu ombro e apertando o mesmo. - mas seu pai não tem mais jeito.
- eu sei, mas minha mãe não merece passar por isso, não mesmo.
- a quanto tempo está dormindo na casa do Sam ?
- já faz uns cinco ou seis dias, eu não parei para contar.
- se quiser pode ficar no apartamento.
- e eu ainda não entendo porque você fala apartamento se na verdade aquele lugar é quase tão grande quanto a minha casa - ele ri, e eu fico feliz por vê-lo sorrir em meio a todo esse momento fodido.
- hum, minha mãe consegue ser exagerada quando quer.
- eu tenho um lugar Andrew, mas ficar com Sam está sendo legal, nós nós entendemos bem.
- hey, vocês dois ai no fundo. - nos viramos para frente, segurando o riso ao ver o senhor Pierce nos olhando feio. - prestem atenção na aula.
- desculpe.
Assim que Pierce vira de costas eu e Brandon trocamos um olhar cúmplice. Tudo bem, nós podemos terminar essa conversa depois.

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