Capítulo 32

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Eu demorei para dormir, mas quando realmente caí no sono apaguei como se alguém tivesse me acertado com uma pedra. Não ouvi nem senti Oliver saindo da cama, seu lado já estava frio com um pequeno bilhete dizendo "fui pegar nossas malas, não saia do vilarejo". Mexi nas roupas que eu vestia até elas ficarem aceitáveis no meu corpo como as minhas antigas. Precisei rasgar algumas coisas e amarrar outras, mas no final até que deu certo. Quando terminei e Oliver ainda não havia chegado, saí do quarto com a barriga roncando. Tinha comida posta na mesa, e não era nada surpreendente que a comida ainda estivesse aquecida, como pão que acabou de sair do forno. Elementais e seus poderes. Silas não estava em casa, mas escutando os barulhos no vilarejo, não era difícil presumir que ele trabalhava. Então fiz o mesmo.

Ninguém me reconheceu lá, mas isso não impediu dois Elementais de me cercaram enquanto eu me livrava da madeira queimada.

— Ana, Ana, Ana. — Uma figura apareceu na minha frente como se fosse formada pelo próprio ar, quase fazendo meu coração parar. Era o Elemental da batalha, que pulava de um lado para o outro, aparecendo como um fantasma onde quer que quisesse. Agora que eu reparava, seus olhos eram finos e angulados, sua pele bronzeada. Ele tinha traços de Elementais do Sul, vilas que ficavam cercadas por água. Isso explicava suas habilidades com facas também, típicas do treinamento sulista.

Eu quase franzi a testa ao escutar o nome estranho até lembrar que isso foi o que Oliver inventou para mim. Minha mão foi sutilmente em direção ao cabo de minha espada, enquanto eu sentia outra presença atrás de mim.

— Sabemos para onde vocês estão indo — uma voz rouca e cheia de ameaças ressoou atrás de mim.

Agora era a mulher que ontem dominava fogo e água. Sua pele era escura como a noite, mas seus olhos eram verdes como o musgo da floresta.

— Posso saber quem são vocês? — perguntei, me virando para encarar os dois.

— Colegas do seu marido. Não sabia que ele era casado, no entanto — A mulher observou.

— Somos recém casados. — Dei de ombros.

A história já ficava estranha quando eles diziam serem colegas de Oliver. Oliver não tem cara de quem tem colegas. E cercar a esposa do seu colega não é uma atitude muito... amigável. Por um segundo me perguntei se Oliver estava bem, se nenhum deles interferiu em seu caminho, mas tinha algo sobre eles que me tranquilizava. Por algum motivo, eu sabia que eu estava segura.

— Isso é uma ótima lua de mel. — Ela sorriu, um sorriso quase felino que não me assustava.

— O que vocês querem? — Fui direto ao ponto. Odiava joguinhos quando não eram meus.

— Sabemos que você está à procura dos gêmeos e nós também precisamos deles. Pedimos apenas para acompanhar vocês. Oliver é o melhor rastreador do reino, então tenho certeza que vão se livrar de nós rapidinho — a mulher disse.

— Se vocês são colegas de Oliver, por que não perguntam para ele?

— Sabe como seu marido é teimoso. Já perguntamos, mas... — O homem de cabelos negros quase azulados se calou ao ouvir um familiar:

— Merda — Oliver bufou atrás de mim. — Não, eu já disse que a missão é privada.

O espião se colocou na minha frente, tapando a vista dos dois Elementais como se eu fosse uma inocente criança em apuros. Me coloquei ao lado de Oliver dando-lhe um pequeno empurrão de aviso.

— Eles disseram serem seus colegas.

— E acreditou neles? — Oliver perguntou, mas seus olhos ainda estavam fixados nos dois Elementais. A respiração pesada.

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