Capítulo 36

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— Serão cinco dias para chegar na cidade. Lá, ficaremos na Estalagem da Bailarina, conheço uma Elemental que vai nos ajudar. Dormiremos lá um dia para conseguir a carroça para a fuga e alguns materiais para o plano. Vamos entrar pelos túneis subterrâneos do castelo, e eu os levarei para a porta, mas não entrarei na prisão. Esperarei até o final, mas isso é tudo que posso prometer. Prisioneiros Elementais ficam do quinto ao nono andar, mas se ela foi presa há alguns meses deve estar no quinto. Se ela não estiver lá, esqueçam. Há celas demais para vocês ficarem procurando. Sem falar que terão que fazer tudo enquanto estão invisíveis, e com todo o veneno espalhado o poder de vocês não durará muito. Então, sejam breves e se não acharem, saiam de lá. Já o seu pai só pode estar no primeiro andar. Se ele for importante como você disse, eles o mantêm onde tem acesso fácil. A segurança de lá é reforçada, então vocês precisarão de algumas armas que arrumaremos para vocês. A mesma coisa que antes, se não o acharem, não insistam. Voltem porque eu não os resgatarei. Está claro?

— Sim, senhora — ironizou Octavia.

Auryn lançou um sorriso bondoso demais para ela.

— Faça suas piadas agora, pois lá não terá a chance.

— Decido isso quando chegar lá. — Octavia piscou.

— É, vamos ver. — Encarou a menina de cabelos dourados, como se aceitasse o desafio que Octavia jogou.

— É melhor sairmos agora se realmente queremos chegar na cidade em cinco dias. — Oliver interrompeu.

Todos se viraram para ele e decidiram apenas concordar. Cinco dias viajando com eles, uma viagem que Liam podia fazer em poucos segundos, mas seria perigoso demais. Guardas e mais guardas ficam espalhados pelos arredores da cidade, sinalizando quantas pessoas entram e saem da cidade. Se um grupo de cinco de repente aparecer no meio do caminho, seremos pegos na hora.

Todos nós nos colocamos a descer a escada espiralada, e parte de mim não queria partir. Eu sabia que sentiria falta daquela paz. Mas desci, e antes de continuar percebi que Auryn travou no último degrau. Bem, eu compreendia. Esse era o primeiro passo dela. Depois de anos, ela voltaria ao mundo real. Eu também tive medo. Senti o olhar de Auryn pousar em mim e a única coisa que consegui fazer foi assentir. "Você consegue", era o que eu esperava que ela tivesse entendido. A menina assentiu de volta e pisou na grama.

E assim começamos a viagem.

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Dois dias andando e nada mudou muito. Oliver andava extremamente quieto em volta de Auryn, Liam e Octavia. Liam não parava de encarar Auryn, que por sua vez parecia não querer perder um detalhe do caminho. Octavia andava com seu olhar desconfiado de sempre. E eu tentava focar no caminho ao invés do silêncio constrangedor. Às vezes eu tentava puxar assunto com Oliver, mas o homem agia como se escondesse dez diamantes em sua mala, e logo cortava.

Agora estávamos parados na frente de um rio na esperança de conseguir comida. Liam puxou as calças até o joelho e estava estalando todas as partes possíveis de seu corpo, se preparando para focar em sua difícil tarefa. Ele encarou a água como se fosse sua pior inimiga, o que até me arrancou uma risada. Auryn o encarava com aquele ar de superioridade que ela emanava. Ao mesmo tempo, ela o encarava como se ele fosse uma criatura de outro mundo que ela tentava entender.

Liam pegou uma de suas várias facas e mirou. De repente a faca já estava no ar, e em um piscar de olhos Liam já comemorava. Ele foi até sua faca e pegou o peixe como se fosse um troféu.

— Eu vou ajudá-lo — Oliver falou, erguendo também suas calças e olhando para Liam como se aquilo não fosse nada impressionante. — Fique atenta à caçadora, avise qualquer barulho estranho.

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