Capítulo 43

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— Pergunta importante: quem vai roubar bebida do casamento? — Liam questionou, jogado no sofá.

Eu, Oliver, Octavia e ele jogávamos uma bolinha de papel de um lado para o outro, cada um em sua própria posição confortável. Até agora ninguém deixou cair.

— Você — nós três respondemos em coro.

— Eu não, estou muito confortável.

— Com seus poderes você consegue roubar em cinco segundos, deixe de ser preguiçoso, Liam. Oliver pode ir também. Ele era espião, provavelmente sabe roubar sem ser notado — falei, meus olhos quase fechando, apesar do barulho lá fora.

— Por que não vai a princesa? — Oliver perguntou com apenas uma sobrancelha erguida.

— Princesas como eu são muito facilmente notadas.

— Preguiçosa! — Liam acusou, jogando uma almofada para acompanhar sua blasfêmia.

— É sério! Eu parava bailes sempre que chegava. Sem falar na quantidade de homens que já me pediram em casamento. Príncipes de outros reinos competindo pela minha mão — falei dramaticamente.

Para ser honesta, boa parte dos pedidos se devia ao fato de eu ser herdeira. Entretanto, muitos não foram. Muitos homens gostavam do mistério, do desafio de conquistar a princesa que afastava todos, sem exceção. Afinal, todos querem ser a exceção.

— De todos os príncipes, você escolheu o pior guarda — resmungou Oliver, jogando aquela bola de papel mais forte que o normal.

Mathias. Eu quase não pensei nele depois de tudo. Oliver o matou e por mais que a memória esteja viva até demais em minha cabeça, parecia um sonho distante. Deuses, eu fui tão tola. Eu era muito tola debaixo daquela máscara de guerreira. Tola demais.

— Foi um equívoco. De qualquer jeito, não dava para me aproximar de pessoas da realeza.

— Por que não? — Liam olhou para mim e pegou a bolinha.

— O relacionamento é muito público e criam muitas expectativas também. Sem falar que eu mal conseguia esconder meus poderes de um reino, imagine dois.

— Você nunca ia ser rainha, não é mesmo? — foi a vez de Octavia perguntar.

Neguei e logo em seguida ouvi passos apressados vindo em direção à casa. Auryn mais uma vez abriu a porta em um baque e ela, Aisha, e Sra. Lindsey entraram como um furacão.

— Temos vestidos! — Aisha abriu seu maior sorriso.

Eu queria sorrir só para não fazer a menina triste, mas eu não vestiria vestido nenhum.

— Calynn e Octavia não vão para a festa — Liam falou por todos nós.

— Elas agora vão. — Auryn cerrou os olhos. — E vocês também, compramos camisas.

A menina dos cabelos dourados jogou a roupa na cara de Liam e de Oliver, e eu olhei para cima pedindo ajuda aos Deuses. Só as divindades me tirariam dessa furada.

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Os vestidos eram todos lilás. No começo achei uma cor incomum para um vilarejo e então lembrei que eles também tem poderes. Octavia ficou com um vestido com um corpete estruturado e saia lisa com abertura na coxa. Aisha usava um vestido curto que as camada de tule se sobressaltavam e a deixavam igualzinha uma bailarina. Auryn vestia um que ia até os joelhos e era tão leve que a cada movimento a saia de várias camadas balançava de um lado para o outro. Meu vestido batia um pouco abaixo dos joelhos, era liso de seda brilhante e alças finas. Simples, mas muito elegante, marcando todas as partes certas do meu corpo que ainda tentava voltar a uma forma saudável. A moda humana não era muito diferente da dos Elementais. Ambos podiam mostrar a pele e não precisavam beijar necessariamente o chão com sua barra. Mas no caso do meu vestido, este seria inaceitável no reino. Na verdade, seria considerado uma camisola e eu não sabia o que sentir sobre isso.

Coroa de CinzasWhere stories live. Discover now