Capítulo 45

51 2 0
                                    

Não era difícil saber que tínhamos chegado. Mesmo à luz do dia, a floresta era mais sombria que cavernas. Nem os meus olhos Elementais conseguiam enxergar algo alguns metros na nossa frente. Não conseguia nem descrever o susto que levamos ao dar um passo mais adentro das sombras e, de repente, ter meus olhos ardendo com a luz ofuscante. A floresta desapareceu como se por todo esse tempo estivéssemos em uma das ilusões de Auryn. Minha mão foi diretamente para a pequena espada que eu carregava, mas nada lá parecia ser uma ameaça. Tirando aquela sensação que as paredes se fechavam ao meu redor. Algo aconteceu com meu corpo logo que a claridade tomou conta. Como se as caixinhas dentro de mim tivessem trancado com uma chave que não era minha. Meus poderes não funcionavam lá, eu percebi abrindo e fechando a minha mão sem ter nada saindo.

Olhando um pouco para cima, eu me vi perdendo o ar. E quando eu realmente olhei para o céu, foi quando meu coração começou a bater cada vez mais alto. Pedaços de terra e pedra flutuavam, alguns grandes, alguns pequenos, alguns pequenos demais. Eles pareciam ter sua própria vida, com a grama crescendo verde e límpida. Um penhasco subia quase até às nuvens, onde nem os pedaços de pedra e terra alcançavam.

— Chegamos — Geórgia falou, cruzando os braços. — Agora só falta uma coisa. — Ela olhou para cima e um suspiro alto ecoou pelo ar, juntando o meu próprio suspiro com o do resto do grupo.

É claro que estaria lá em cima. Oliver podia até se ofender com a descrição, mas aquilo era um caminho espinhoso para uma artimanha caótica, querendo ou não.

— Seus poderes não funcionam, caso não tenham percebido — Geórgia avisou com uma amargura que eu começava a me acostumar.

Isso nos deixava com apenas uma opção. Usar as pedras flutuantes para chegar ao topo, mas ainda assim era um caminho incompleto.

— As rochas não alcançam o topo — eu observei, mas aquilo era mais uma pergunta.

— Está vendo aqueles pontos brancos ali em cima? — Geórgia guiou meu olhar com seu indicador.

Eram pontos que se camuflavam com as rochas do penhasco, naquele branco fosco que me lembravam ossos humanos. Era difícil de ver, mas os pontos se moviam, destacando-se levemente do resto da paisagem.

— O que é aquilo? — perguntei, forçando meus olhos como se fossem distinguir realmente o que eram aqueles pontos tão distantes.

— Dragões. — Geórgia deu de ombros. — São pequenos e o único jeito de chegar no topo. Vocês precisam dar um jeito de controlá-los. E são poucos os que chegam lá, então eles não estão muito acostumados com... bom, com qualquer coisa.

— Como você sabe tanto sobre esse lugar?

— Já vim aqui antes, à procura do espelho. Não consegui chegar ao topo sozinha e fui pedir ajuda, mas então fui capturada. Além disso, sou ótima em fazer pesquisa — Geórgia deu de ombros.

— Tem certeza que o espelho está lá em cima? — Oliver perguntou para a irmã, seu tom um pouco afiado.

A expressão de Geórgia se contorceu por um milésimo de segundo, e então voltou ao normal, fingindo que não se importava com a dúvida do irmão depois de sua explicação.

— Você conhece um lugar mais bem guardado do que esse? Sem falar que não existe apenas um espelho raro lá, são Os Cinco.

O grupo se virou rapidamente para Geórgia, menos eu que não fazia ideia do que eram Os Cinco.

— Todos estão aqui? — Auryn pergunta incrédula.

— O que são Os Cinco? — E eu pergunto confusa.

Coroa de CinzasWhere stories live. Discover now