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— você quer comer alguma coisa? – Arthur me olhou preocupado, enquanto se sentava em minha frente.

— tô sem fome. – deixei minha perna em seu colo, enquanto ele deixava as coisas em cima da cama.

— foda-se, vai comer! – ele deu de ombros.
— seu pé continua doendo? – ele examinou meu pé, em seu colo.

— só dá umas pontadas horríveis, que me faz querer gritar. – peguei o meu celular o desbloqueando.

"Tem tempo, pra uma
reunião, depois?"

A mensagem de ph, me fez lembrar de que eu ainda não tinha renovado o contrato, o que me fez negar com a cabeça em decepção por ter esquecido.

— tá ouvindo o que eu tô falando? – Arthur puxou o meu celular, o deixando em cima da cama.

— me leva pro seu estúdio depois? – cruzei os braços.

— achei que você queria ficar comigo aqui. – ele falou, enquanto enfaixava o meu pé.

— tenho reunião com o ph. – Arthur concordou com a cabeça. — como foi a aula?

— de boa. Amanhã tem mais. – ele deu de ombros. — sou inteligente! – ele se gabou rindo.

— realmente. – ri sem graça. — eu não quero comer mesmo.

— tem certeza, absoluta? – concordei com a cabeça. — quando você sentir fome, me fala. Segura aqui.

— por que eu tenho que usar isso? – olhei pro garoto, que tirava a fita.

— por que você não perguntou pro médico?
Eu não sou médico. – ele deu dois tapinhas na minha mão. — tá apertado? – neguei com a cabeça.

— mas eu perguntei. Ele só riu e a gente saiu da sala.

— você faz pergunta idiota, Clara! Se o cara vai encaixar seu pé, deixa ele enfaixar.

— sinto uma gastura, quando eu piso no chão.

— consegue andar? – ele me olhou, deixando a fita no armáriozinho.

— tenho medo de forçar muito. – olhei pro meu pé, o analisando.

— fica de boa filha. – Arthur se deitou do meu lado. — daqui a pouco tu tá pulando por ai. – ele deu de ombros.

— posso perguntar uma coisa? – fiquei de lado, e ele concordou com a cabeça.
— como você conheceu a Bruna?

— por que ficou interessada no assunto? – ele arqueou um sobrancelha.

— só responde.

— eu tava em uma festa...– arqueei um sobrancelha. — nisso, eu tava bebendo muito, senti alguém batendo no meu ombro e quando virei, era ela.

— ela fez o que?

— me beijou donada.

— nossa, que menina esquisita. Você deve ter ficado mó desconfortável, né?

— que nada. Eu até que gostei. – ele deu de ombros, me fazendo abrir a boca, pra falar, mas não saiu nada.

— te odeio mano. – neguei com a cabeça, e o garoto riu. — você é que nem o Bak 2.0

— mentira! – ele me olhou indignado.

— aposto que nessa festa aí, você pegava todo mundo. – ele sorriu largo. — amor!

— que foi mano? Eu disse nada. – Arthur riu baixo.  — essa fase da minha vida já passou.

— nossa, você é muito falso! – peguei o meu celular, me sentando na cama, na tentativa de sair dali.

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