04| Hipnose

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C A P Í T U L O  04

HIPNOSE

Se eu tivesse certezas de que o Matt não me mataria, então eu fugia. Fugia para um lugar bem longe onde ele não me pudesse encontrar. Talvez eu até fosse para Oregon tentar encontrar os meus pais e a minha irmã. Não que eu a conseguisse identificar, porque a última vez que a vi ela era praticamente recém nascida. Mas a eles, a eles eu conseguia identificar facilmente. Isto se eles ainda estivessem vivos, o que não me pareceu. O dinheiro que eles receberam em minha troca foi muito pouco. Talvez eles nem tenham conseguido manter a minha irmã viva, e tudo por minha culpa. Se não fosse eu, não aconteceria nada do que aconteceu. Não haveria um Harry completamente emerso em raiva e tão sem coração.

O nascer do dia deu lugar ao som dos pássaros, o que me deixou um pouco incomodado. Parei assim que vi um banco num jardim e respirei fundo algumas vezes para acalmar o cansaço. Tornou-se difícil, mas com tempo lá consegui. Sentei-me no mesmo e quando olhei à minha volta percebi que tinha estado a noite toda a dar voltas e voltas ao redor da floresta e que estava no parque perto da entrada da mesma. Algum receio apoderou-se de mim quando me lembrei do incêndio, mas rapidamente foi excluído quando percebi que já estava apagado, devido às chamas que já não eram visíveis. Peguei no meu telemóvel, que estava quase sem bateria. Nas horas marcava 7:15 am e eu senti automaticamente fome. No entanto isso foi excluído assim que me lembrei da rapariga e das suas acusações.

Eu não a podia deixar contar às autoridades sobre o incêndio, especialmente se ela tinha tantas certezas de que tinha sido eu a atear fogo à floresta. Especialmente com o meu historial com ela no café do John. Não que ela tivesse um pingo de importância, mas ir parar à prisão era a última coisa que eu queria, especialmente tendo o Matt a controlar-me. Porque se eu fosse preso por atear fogo, eu podia muito bem ser investigado e aí eu nunca mais saía da prisão, nem que desse todo o dinheiro existente na minha conta bancária.

Levantei-me então e comecei a caminhar novamente para o local onde tinha estado na noite anterior. Fui devagar devido às dores no meu pé, mas mesmo assim consegui chegar em dez minutos ao local. Procurei pela casa que ela tinha referido. Estava um pouco rodeada por árvores e talvez tenha sido por isso que eu não a tivesse encontrado. Subi pelas pedras acima com algum esforço e sentei-me numa, quando encontrei uma boa visão para a casa. Consegui ver uma luz acesa e não tardou a que a porta se abrisse e a rapariga saísse de lá.

Ela vai agora para o café. Pensei quando a vi guardar as chaves na mala e descer pelo caminho de terra batida. Ela estava com um longo casaco e com um cachecol envolta do pescoço. Depois colocou o capuz e isso foi a cereja em cima do topo do bolo para ela não reparar em mim.

Saltei das pedras e bati com as mãos no chão. Quando olhei para as mesmas vi pequenas linhas de sangue a serem formadas, mas pouco me importei com isso. No entanto foi o suficiente para a rapariga ter colocado uma distancia considerável entre nós. Por isso mesmo, e sem pensar nas consequências eu corri na direção dela, o pé a doer-me fortemente, mas tentei não pensar muito nisso, e num instante consegui chegar-me perto dela.

Pensei em colocar-me à sua frente, mas isso implicaria muito possivelmente levar um estalo por sua parte, e então agarrei o seu ombro com uma mão e não tardou a que ela se virasse para trás.

Ao início ela semicerrou os olhos, confusa e talvez com medo, mas depois de ela ter olhado bem para a minha cara ela apenas fez uma expressão furiosa. Revirei os olhos com aquilo, mas deixei-a falar.

- O que é que queres? Andas a seguir-me com medo que conte à polícia o que fizeste? – soltei uma gargalhada falsa com as perguntas dela.

No entanto eu não falei e agarrei o seu pulso, empurrando-a para um beco. Ela deu um pequeno grito, mas não exerceu força para contrariar e tornou tudo mais fácil.

Callous | h.sOnde as histórias ganham vida. Descobre agora