16| Ações

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C A P Í T U L O 16

AÇÕES

Fazia tudo sentido. Estava tudo debaixo do meu nariz e eu não percebi como demorei tanto tempo para entender o óbvio. A Ava era filha do Carl. O Carl era pai da Ava. Todas as minhas desconfianças de a cara dela não me ser estranha vinham da fotografia que o Carl me tinha pedido para eu procurar, a mesma que eu tinha visto por vários dias desde que ele tinha sido raptado.

Era tudo muito estranho, mas não uma coincidência. Não há coincidências na vida. As coisas apenas acontecem. Assim como também não há destino. Nada foi programado. Nós apenas traçamos o nosso caminho sob a nossa inconsciência que nos leva a fazer coisas erradas. Que foi o que eu fiz depois de ter entrado naquela casa e ter visto a fotografia dela. Fui muito egoísta. Só me preocupei comigo e mais tarde tiraram-me aquilo que eu mais necessitava. Mas, não terei sido apenas eu a fazê-lo? Afinal de contas quem nos pode apunhalar vezes e vezes sem conta somos nós próprios. Apenas deitamos a culpa para os outros para suavizar a situação. No entanto isso não remedeia nada. E não remediou mesmo. Eu fui parar ao pior sítio existente e fiquei emerso na solidão. Sem nada nem ninguém.

Olhei para o café. Se entrasse ia vê-la. Mas se fosse treinar, deixar a minha raiva no saco de boxe, ia ver o pai dela. Não queria ir para casa porque iria pensar demasiado, e juntando que não tinha ninguém com quem abstrair os meus pensamentos, decidi entrar no café. Afinal de contas agora tudo dava certo.

Andavam atrás dela. O Matt sabia que ela era filha do Carl. Se ele lhe roubou a fotografia por alguma razão foi. Só que ele chegou primeiro do que eu. E com todas as certezas, ele sabia que eu já a tinha levado para minha casa. Sendo assim havia duas razões para ele andar atrás dela. E eu era o culpado. De todas. Nunca a deveria ter levado para minha casa, muito menos ter um contacto tão para além do determinável. E deveria de ter tirado a fotografia ao Matt a tempo de ele descobrir. Mas como não se pode voltar atrás e mudar as coisas, eu tive de me envolver, demasiado. Se me arrependi? Bem, eu magoei-me. Mas ela foi uma parte tão boa de mim que eu só desejava poder repetir.

Empurrei a porta. O café estava cheio e isso significava que não iria falar muito com ela, o que me deixava aliviado. Sentei-me na mesa habitual. Tirei o casaco e depois suspirei.

- Olá! - levantei a cabeça. Era ela.

- Hey. - acenei com a cabeça. Era muito estranho olhar para ela e saber que ela era filha do homem que eu estava a ajudar e consequentemente que eu a estava a ajudar por isso. Era uma confusão. - Quero um café.

Os olhos dela pousaram em mim suavemente. Era medo? Ou vontade de me perguntar alguma coisa? Só sei que eu mudei drasticamente a minha maneira de pensar. Fui de um oito para um oitenta numa questão de horas.

Ela assentiu e depois virou costas. No entanto acabou por se voltar para trás depois de alguma exitação.

- Pensava que vinhas cá ontem. - o olhar dela pousou em mim com um certo receio.

Ela tinha atitudes muito distintas. Tanto reagia de forma agressiva, de maneira a que eu não me aproxima-se. como a seguir já estava com milhares de desconfianças a controlar todas as ações dela.

- Eu estive ocupado e não consegui. - de certa forma eu estava a agir como ela. Passei de despreocupado para atento. E foi ela que fez com que isso acontecesse. Assim como eu também a mudei. - Mas eu estou aqui agora. Cumpro sempre a minha palavra. - será que cumpria? Ou era apenas mais um mentiroso?

- Eu preciso mes-

- Vamos lá Ava. Há muito que fazer. Não há tempo para conversas. - o John impediu-a de falar quando parou à nossa beira. - Boas mano. O que é que vai ser?

Callous | h.sOnde as histórias ganham vida. Descobre agora