18| Chantagem

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C A P Í T U L O 18

CHANTAGEM

Assim que saltei do muro deixei que as minhas mãos amparassem a queda, indo com elas ao chão no momento em que os meus pés também entraram em contacto com o solo poeirento, repleto de pequenas pedras. Olhei em volta depois de me ter levantado, apenas para confirmar que ninguém me estava a vigiar. Quando constatei que ninguém estava por perto caminhei até à porta pesada e cinzenta. Procurei pela chave roubada no meu bolso e abri-a.

Talvez eu não o devesse fazer. Eu não estava propriamente preparado para voltar ao antigamente. Mas, uma vez que a informação já estava a circular por toda a parte eu tinha de jogar pelo seguro.

Uma quantidade absurda de armas foi revelada quando abri a porta. Das mais variadas. Até daquelas que nem com um comprovativo legal, que comprovasse o porte e uso, eram permitidas ter. Eram assustadoras em parte, porque maioritariamente eram usadas para matar. No entanto eu não queria uma para matar, só em último caso. Já tinha tido experiências demasiado aterradoras, era escusado ficar com um trauma.

Entrei e acendi a luz, que me provocou uma terrível dos nos olhos. Logo os fechei para diminuir o impacto e depois abri-os lentamente para me ambientar. Encostei a porta e olhei em volta para poder escolher algo que me ajudasse futuramente. As armas maiores estavam penduradas. Outras estavam nos expositores e outras dentro das gavetas. Decidi a das gavetas, no entanto todas se encontravam fechadas.

- Merda. - disse baixo enquanto olhava à volta para procurar algo que me pudesse ajudar.

Não havia nada. Nem chaves, nem uma possível ferramenta que me permitisse abrir. Até que me lembrei da chave com que tinha aberto a porta. Peguei nela e quando a introduzi no pequeno local, a mesma rodou e consegui puxar a gaveta. Uma série de armas pretas foram reveladas. Havia diferença em todas e então escolhi a melhor, pegando numa série de balas a seguir.

- Tio? - era só o que mais me havia de faltar agora. Pensei assim que ouvi a voz da loira do lado de fora. Guardei rápido a arma no bolso do casaco e depois fechei a gaveta com toda a força possível. - Estás aí dentro?

A porta foi aberta e a voz dela tornou-se mais clara. Naquele momento tudo o que desejei foi ter o poder de estalar os dedos e fazer com que todo eu me torna-se invisível, ou então que pudesse sair daquele local.

- Harry? - ela olhou para mim com bastante confusão no olhar. - O que é que estás a fazer aqui?

- Pergunto o mesmo. - falei firme, mesmo estando com receio por já estar enrolado em problemas bem grandes. - Não é suposto estares aqui. Muito menos andares dentro da propriedade.

A Savannah sabia das coisas, embora não estivesse envolvida, ela sabia. E quando eu digo que ela sabia, era de tudo. De uma ponta à outra. E isso não era muito bom. Nada bom.

- Eu moro aqui. - ela entrou e fechou a porta atrás dela. Não iria sair coisa boa dali. - E que eu saiba, - ela caminhou até mim enquanto batia as unhas demasiado compridas em cima da vitrina, provocando um barulho extremamente irritante. - não podes estar aqui. O meu tio é o único que tem as chaves.

Revirei os olhos. Ia ser difícil dar-lhe a volta. Mas eu ia conseguir.

- O que é que vieste aqui fazer? - olhei para ela com uma expressão neutra. Parecia que ela estava a tomar o controlo da situação e eu estava a ficar encurralado nela. - Diz-me Harry. - a sua cabeça inclinou-se para o lado, revelando um sorriso provocador. - Eu não mordo. - até que ela se encostou totalmente a mim, passando as pontas dos seus dedos pelo meu pescoço.

- Para quieta! - avisei num tom firme e rude. Da sua parte apenas ouvi um riso irritante.

- Não. - voltou a rir-se e eu respirei fundo para me tentar controlar-me.

Callous | h.sOnde as histórias ganham vida. Descobre agora