51| Escuridão

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C A P Í T U L O 51

E S C U R I D Ã O

A primeira coisa que fiz quando parei em frente à porta foi pegar na arma, com a intenção de me defender se alguém lá estivesse. Depois dei um pontapé na porta e rapidamente ela foi aberta, revelando a mesma escuridão que da última vez pairava naquela casa já desabitada e um pouco degradada.

Entrei, percorrendo o espaço devagar.

Não havia maneira de conseguir com que alguma coisa fosse descoberta através do computador e dos dispositivos móveis. Eu não podia denunciar o caso à polícia e também não tinha muito mais pessoas a quem recorrer. Foi então que eu percebi que é nos momentos mais apertados da vida que estamos sozinhos. Não só nesses, mas em todos. Tudo provém de um mero interesse. Inútil, adequado ao engrandecimento das pessoas. Elas queriam crescer, mas eu queria pisa-las e o que é que se pode fazer quando sai tudo ao contrário?

Quando o meu desespero se tornou viral, sem que eu consegui-se com que algo avança-se, o papel que o Carl me tivera dado com o morada antiga dele surgiu.

Talvez fosse absurdo considerar tudo e nada como uma possível pista. Mas a verdade é que tinha de seguir aquilo que tinha, até chegar àquilo que me tinha sido tirado.

O mais provável era não haver nada. O Matt conseguia estar sempre à minha frente. Mesmo que eu tivesse demorado um pouco a entender tal situação, ele conseguia sempre, muito antes do que eu.

Percorri todos os aposentos no andar debaixo e quando não encontrei nada, subi. Estava tudo igual à última vez, por isso o Matt muito provavelmente tivera estado ali. Claro que ele tinha de saber da existência da casa. Se ele estudou tanto o Carl ele tinha de saber todos os sítios por onde ele passava.

- Foda-se. – suspirei e guardei a arma no bolso. – Foda-se. Foda-se. Foda-se.

Encostei-me a uma parede e deslizei até ficar sentado no chão. Cobri a cara com as mãos e rapidamente tudo ficou mais escuro. Escuro e vazio, como eu estava por dentro e como eu iria ficar se não a encontra-se.

Será que ela tinha mesmo de entrar na minha vida para depois sair e me deixar daquela maneira? Afinal de contas eu não dizia que não tinha sentimentos? Talvez eu só os escondesse com medo de que eles fossem descobertos.

O meu telemóvel tocou quando os meus pensamentos estavam a cair num local mais fundo. Tirei-o do bolso e pisquei os olhos quando a luz forte atingiu a minha visão. Deslizei o dedo quando vi o nome do Niall no ecrã.

- Estás muito longe? – ele apressou-se a perguntar.

- Um pouco, porquê? – se não fosse importante eu não iria. Precisava de ficar sozinho. Precisava de pensar e de arranjar uma maneira de acabar com tudo aquilo.

- Chegou uma encomenda para ti. Ela é um pouco suspeita. Eu acho que devias de ver isto.

Levantei-me assim que ele falou. Uma encomenda? Eu não tinha encomendado nada.

- De quem é?

- Não diz. Só tem o teu nome.

- Eu vou já para aí.

Desci as escadas a correr e depois de ter batido com a porta fui para o carro. Adotei uma condução rápida. Aquilo poderia ser alguma pista que me leva-se à Ava. Se bem que o Matt nunca me iria dar uma pista. Ele só queria ver-me sofrer e ficar completamente desnorteado para que eu não tivesse capacidade alguma de chegar até ela e destruí-lo.

Callous | h.sOnde as histórias ganham vida. Descobre agora