Capitulo 4 - Maria Clara

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Quando eu tinha dez anos, todos os alunos da sala zoavam comigo. Tanto por ser a mais "feinha que usava aparelho" e, por sempre estar feliz. Nunca teve um dia em que eu chegasse triste da escola e, todos achavam isso algo chato. Mas, eu nunca achei, isso é algo meu e, que eu guardo da melhor maneira possível. As pessoas reclamam de tudo e todos na maioria do tempo, em vez de ver o que tem de bom e ficar feliz por isso. Você pode não ter o melhor carro, mas tem o dinheiro para pagar o ônibus todo dia e ainda colocar a comida na mesa. Você não precisa de muito para ser feliz, o pouco que você tem já é o suficiente para dormir tranquilo.

Talvez um dia toda essa minha alegria se transforme em algo bem pior lá na frente, mas eu não me importo. Eu estou feliz agora, mesmo que eu não tenha dinheiro nem para pagar algo para comer, eu tenho a felicidade e o amor que poucos tem. Senhor Mikael precisa disso, de amor e felicidade, talvez assim, ele possa ver o quão feliz é e, dar valor nisso. Ele pode até ter sido rude comigo e, ter me tratado de maneira bruta, mas eu nunca desejaria o mal para ele.

E como hoje é o meu primeiro dia, eu farei de tudo para não, estressá-lo. Minhas coisas estão todas arrumadas e, eu posso perceber que tenho menos coisa do que imaginei. Vejo as mensagens em meu celular e percebo que dona Rosa disse que seu motorista estava a caminha. Estou bastante ansiosa para ver a mãe de dona Rosa. Será que ela vai gostar de mim? Ou pelo menos não implicar comigo? Estes pensamentos se encerram quando ouço uma buzina, vindo do lado de fora. Pego minha mochila e, fecho a porta. Quando tranco a porta e, me viro para o carro, vejo um homem de terno preto, alto e de óculos escuros. Plena manhã?

Vou até o mesmo e, permaneço calada, vai que ele não fala. O mesmo pega minhas mochilas e as põe no porta malas. Quando entramos no carro, penso alguns instantes se devo falar com ele ou não. E por mais pura educação decido falar.

- Bom dia - digo e, sorrio.

- Bom dia, senhorita Ferraz. A senhora Santiago está lhe esperando - ele diz, olhando para frente e avançando com o carro. Nem um sorriso? Essa família precisa sorrir mais.

Não demora muito e, chegamos. Meu deus, como é bom não pegar transito nem lugares cheios. O motorista estaciona na frente da porta, que era enorme. Logo vejo dona Rosa e, a mesma de dá um sorriso que retribuo na hora. Será que é só ela que sorri?

- Bom dia, querida. Seja bem-vinda - ela diz, vindo me abraçar.

- Bom dia, dona Rosa. Obrigada - digo, retribuindo o abraço.

- De nada. Pode entrar, fique à vontade - ela diz, me dando passagem para entrar. Quando adentro a casa, fico esperando a mesma me dar autorização para sentar ou até mesmo começar os meus serviços.

- Pois bem, vamos ao assunto. Pode se sentar - ela diz e, logo me sento – Como eu havia lhe explicado por telefone, a senhorita terá que dormir aqui, já que minha mãe está muito doente e, precisa de companhia. Miakel odeio deixa-la sozinha e, queria que ela tivesse alguém com quem conversar. Você ficará aqui de segunda à sexta. Pode andar pela casa, assistir TV, a casa é sua. Se quiser ir na piscina pode leva-la - ela diz tudo isso e, pega seu tablete que estava em cima do sofá.

- Entendido. Ah, se não fosse muito incômodo, eu gostaria de saber o que a senhora... - paro de falar, para que ela me dissesse o nome.

- Bela, o nome dela é, Bela - ela diz, sorrindo.

- O que a senhora Bela tem. Para que eu possa ser mais cuidadosa com as coisas que digo.

- Claro, sem problemas. Ela tem Alzheimer. O estado dela já está muito avançado, mas ela é bem de saúde e os cuidadores só vem aqui quando ela regride. Fora isso, ela é uma senhorinha querendo companhia - ela diz e, sorri para mim.

Porque ir... Se Pode FicarOnde histórias criam vida. Descubra agora