Capitulo 25 - Maria Clara

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No final das contas, todos nós resolvemos voltar mais cedo. Já que dona Bela estava tendo alguns relapsos do passado e, não queríamos ver ela em um lugar onde não quer ficar. Mikael queria que ficássemos mais uns dias, mas eu disse que precisava resolver alguns assuntos. Ele não insistiu muito, então não tocamos mais no assunto. Dentro do avião não trocamos uma palavra, se quer. A mesma coisa quando chegamos de viagem, ele não disse nada e, muito menos tentou falar comigo. Fazem dois dias que voltamos de viagem e, ele não para em casa. Vive saindo e, não solta o celulr. Não estou reclamando, é a vida dele e tudo mais, mas não acho que ele esteja fazendo isso para me provocar e, sim para não me ver.

Hoje, eu e dona Bela estamos na piscina. Está fazendo Sol e, achei que seria legal ela pegar um pouco de ar puro.

- Você não quer entrar querida? - ela pergunta, sentada na borda da piscina.

- Não, dona Bela. Estou bem aqui, obrigada - digo sorrindo. A mesma concorda e, volta a ler o seu livro, com os pés dentro da água fria. Algum tempo se passar e, ouço o portão se abrir, olho para trás por curiosidade e, vejo Mikael. Ele está voltando essa hora? Muitas perguntas se passam pela minha cabeça, mas são respondidas quando uma mulher entra junto a ele. A mesma era uma moça que aparentava ter vinte e pouco anos, cabelos grande e ondulados. Será que?... Não, não.

- Senhora Bela, eu já volto - digo a ela.

- Tudo bem.

Levanto rapidamente e vou até a porta da cozinha, que dá entrada a piscina e, subo até o escritório dele. Penso algumas vezes, antes de escutar a conversa, mas a curiosidade é mais forte.

- Eu adorei, poderia ser um jantar em algum lugar especial - ouço a moça dizer.

- Ótimo. Pensei em rosas banksiae - ouço o mesmo dizer. Seu tom de voz era animado e, o mesmo parecia ansioso.

- Perfeito. Qual restaurante você quer? - ela pergunta. Como assim?

- Panzollite - ele diz. Eles vão ter um encontro?

- Tudo bem, eu faço as reservas. Comprou as alianças? - ela pergunta, animada. Como assim? Eles, eles estão juntos?

- Sim! Você gostou? - ele pergunta, animado.

- Eu amei - ela diz, e imagino os dois sorrindo um para o outro – Mas, já contou a sua família? - ela pergunta.

- Para minha mãe, ela ficou feliz, que tenha sido você - quando aquelas palavras saem de sua boca, um elefante parece ter pisado em meu estomago. Uma sensação horrível e, que não desejo a ninguém. Meus pés não pensam duas vezes e, correm até a piscina novamente. Ele, ele estava com outra pessoa? E, dona Rosa sabia!

Quando volto para piscina, vejo dona Bela se enxugando. Meus olhos estavam carregados de água e, eu precisava de apenas um tempinho.

- Irei sair, querida. Pode descansar, irei para o meu quarto - ela diz.

- Tudo bem. Qualquer coisa, estou no meu quarto - digo e, dou as costas.

MERDA! MERDA! MIL VEZES MERDA! Grito internamente. O que eu fui fazer? Porque eu preciso ser, tão burra!? Eu poderia ter falado com Mikael e, ter dito tudo que eu sinto por ele. Eu poderia ter descomplicado as coisas, de um jeito surreal. Mas não! Eu agi igual uma trouxa, não querendo falar com ele. Ele é um homem... bom e, com certeza conseguiria uma mulher amasse e fosse amado de volta. Isso é ciúmes? Essa raiva toda é ciúmes? Porque se for, eu não quero sentir.

As lágrimas caem sobre meu travesseiro, como se fosse o castigo por eu ter deixado passar o primeiro homem da minha vida.

Com o tempo passando, a noite chega e, eu permanecia no meu quarto. Não sabia que horas eram e, não estava interessada em saber. Na hora da raiva, pego minha mochila novamente e ponho tudo dentro. Eu não posso continuar aqui, eu não posso continuar em um lugar, onde sei que este sentimento de perda sempre vai voltar. Minhas contas estão pagar e, comprei comida. Eu consigo arranjar um emprego novo e, pagar meu aluguel sem atrasos. Meus pensamentos somem, quando ouço alguém batendo na porta.

- Quem é? - pergunto, tentando não demonstrar minha voz embargada.

- Sou eu, princesa - ouço a voz dele. Porque ele está me chamando assim? – Por que não veio jantar? Senti sua falta - o que? Sentiu minha falta?

- Estou terminando um negócio, daqui a pouco eu desço.

-Tudo bem - ele diz e, ouço seus passos se afastando.

Depois que acabo de arrumar minhas coisas, um pé d'água começa a cair. Eu mereço. Desço as escadas, indo até a cozinha. Bebo um pouco de água e, penso se quero mesmo fazer isso. Eu não sei. Talvez eu devesse conversar com ele, ou até mesmo explicar a situação em que me meti. Saio da cozinha e, procuro ele pela sala, escritório e seu quarto, mas não o encontro. Decido ir procurar no jardim, perto da piscina. E quando meus olhos veem Mikael se ajoelhando e, mostrando um anel, para mesma mulher que estava conversando com ele, mais cedo no escritório, meu coração se parte ao meio e, uma sensação de traição toma conta de mim.

Quando ele me vê, seu sorriso sai rapidamente de seu rosto. Sinto minhas lágrimas molharem minhas bochechas e, a tristeza tomar conta de mim. Volto rapidamente para sala e, pego minhas mochilas que estavam no chão. Mentiroso. Idiota.

Começo a procurar as chaves na minha bolsa, mas minhas mãos tremiam tanto, que eu não as achava. Quando finalmente as acho, sinto mãos pegarem meu braço delicadamente.

- Me solta, seu mentiroso!! - grito com ele.

- Maria, por favor me escuta!! Não é nada disso, que você está pensando! - ele tenta dizer. Eu sei muito bem, o que eu vi, Mikael.

- Não preciso entender nada! Você é um mentiroso! Porque não me disse nada?! - grito, empurrando ele.

- Não é nada disso, Maria Clara!! Aquela moça está trabalhando em uma coisa comigo!! - ele diz, tentando pegar em minhas mãos para me acalmar.

- Sei, uma amiga que fala de alianças e rosas amarelas! Eu não sou burra, Mikael. Eu ouvi você s conversando no escritório hoje de manhã. Até sua mãe sabia! E, ela ficou feliz por ter sido ela - digo, chorando.

- Maria... - ele tenta dizer.

- Não! Não fala nada! Sabe de uma coisa, eu nunca deveria ter beijado você! - digo, batendo em seu peito, o mais forte que consigo.

- Princesa... - eu não queria ouvir ele, não queria ouvir suas mentiras.

- Eu amo você - digo, chorando começo, baixo – Eu amo você e, você não sente o mesmo - digo, chorando mais e mais.

Minhas mãos vão a chave, que já estava na porta e, abrem ela. A chuva estava forte demais e, eu já estava vendo a merda acontecer. Mais mesmo assim, saio da casa dele e, me molho toda.

- Claro que eu sinto! - ouço ele dizer. O mesmo estava trás de mim. E estava molhado também. Ao taxis que passavam estavam todos ocupados e, eu já estava começando a ficar com frio – Porque está dizendo que não sinto?

- Porque você disse! Disse que éramos amigos! Eu beijei você, porque pensei que podia ter algo entre a gente. Mas não pode. Você só queria se divertir com a empregadinha - digo, chorando, tentando olhar para ele, mas a chuva era tão forte, que impedia.

- Não diz isso... - ele diz.

- Digo sim! Porque você não era o que pensei que fosse! - grito em sua cara.

- Você disse que não me abandonaria - ele diz, chorando.

- Não confie nas minhas palavras, eu confiei nas suas e, olha só no que deu - digo e, vejo um táxi vindo. Dou sinal para ele parar e, o mesmo para em frente à casa.

- Você não pode ir! - ele grita, quando me vê indo até o carro.

- Vai embora da minha vida!! E, não apareça na minha casa!! - grito, enquanto entro no carro.

Quandoo o motorista dá a marcha para acelerar, Mikael começa a bater no vidro incansavelmente. Mas não consegue resposta. 

Porque ir... Se Pode FicarWhere stories live. Discover now