Capitulo 29 - Mikael

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Duas semanas se passaram. Eu conseguia sentir minha garganta limpa, meus ouvidos estavam atentos a qualquer momento que fazia ao meu redor. Ás vezes eu não entendia o que falavam, mas ela... a voz dela. Era aquela voz, aquela voz me fazia querer acordar. Quando ouvi aquela voz, suplicando para que eu levantasse, meu coração pulou dentro do peito, como se me ascendesse novamente. Meus olhos estavam tão... cansados, que eu não conseguia ver direito o seu rosto, e a fumaça só atrapalhava mais. Mas percebi que ela havia tirado a blusa molhada, para cobrir meus braços que estavam queimando, minha pele ardendo pela fumaça. A última coisa que me lembro, é de seus gritos pedindo ajuda e, logo depois se aconchegando em meus braços. O resto foram apenas palavras ditas e, que com certeza significaram muito naquele momento.

Cada dia, eu sentia mais e mais seu cheiro de lavanda. Sim. Ela usava shampoo de lavanda e, começou a ser um dos meus preferidos. Sinto alguém segurar minha mão, e meu coração volta a bater. Ela, tinha esse poder sobre mim, ela me fazia querer morrer e viver ao mesmo tempo.

Não sei se estou aqui a muito tempo, mas estou tempo o suficiente para saber que eu nunca mais, vou querer sentir aquela dor. Um mês. Um maldito mês, pode estragar sua vida para sempre.

E quando estou quase, caindo no sono novamente, ouço Maria falar:

- Oi, lindo - ah, aquela voz, eu poderia ficar ouvindo ela falar o dia inteiro e, com certeza não me cansaria – Faz duas semanas que você está aqui – o que? Duas semanas em um hospital? E ainda desacordado – Sim, duas semanas - ela diz, e dá um risinho inocente – Você não está mais em perigo faz uns dias, os médicos só estão esperando você acordar - ela diz, e ouço a mesma fungar. Não chore... – Eles disseram que você pode nunca mais acordar, mas eu não pude acreditar - ela diz, caindo no choro. Como posso ficar assim para sempre? Não posso. Não posso deixa-la aqui, não posso deixa-la sofrer, não mais do que já sofreu – Sabe por que? Sabe porque não pude acreditar que me deixaria? - não meu amor, eu não sei – Porque eu te amo, Mikael você é o amor da minha vida, e você não pode desaparecer como se nunca tivesse existido - ela diz, beijando minha mão e derramando mais lágrimas – Confesso que estou com medo, muito, mais muito medo de lhe perder. Ou que acorde e, tenha esquecido de mim, de nós. Mas, mesmo que isso aconteça, mesmo que você não me queira aqui quando acordar, eu vou lhe esperar, porque você é o meu Mikael - ela parou ali, ficou em silêncio por alguns minutos, mas que pareciam eternidades – Quando vi você jogado no chão, tão sem vida, sem amor, eu faltei me matar pelo ódio que nasceu em mim. Eu queria nunca ter lhe deixado daquele jeito, mas não pude evitar a minha falta de educação ao não querer te ouvir. Minhas costas ardiam, minha boca estava seca e, não sentia o fogo me tomando por inteira. Não me arrependo de ter ficado quase dez dias internada, com as costas vermelhas e cheia de bolhas, elas são as marcas do que eu fiz por você naquele dia. Sua avó, ela está bem, eu consegui salva-la. Sim, eu salvei ela, não me pergunta como, eu só salvei. Eu arrombei portas, quebrei banheiro, passei por bombeiros, tudo isso, para tira-lo dali - ela diz, e apertar minha mão cada vez mais forte. Eu queria poder dizer a ela, que eu morreria por ela, morreria para nunca ver aquela cena. Eu só quero poder acordar e, dizer tudo que sinto, não perder mais nenhum momento com brigas bestas e gritarias sem sentido. Eu, eu preciso poder dizer a ela, tudo. Antes eu não sabia se ela sentia o mesmo por mim, eu não sabia se estava fazendo o certo, mas depois de tudo que ela fez por mim e minha família e, confessou seus sentimentos, eu não tive nenhuma dúvida. Ela. É. A. Pessoa. Que. Eu. Quero. Na. Minha. Vida – Quando fui embora daqui, para poder tomar um banho e descansar - ela continuou – Sua mãe a sua irmã me levaram para uma casa, perto de sua empresa. Elas me ajudaram e, até me deram banho quando não consegui. E, quando eu já estava melhor, elas me deram uma caixinha preta aveludada. Disseram que os bombeiros acharam caída na porta do seu quarto. No momento, achei que era um colar, ou uma pulseira delas, mas... não era. Era uma aliança, e uma aliança muito cara - ela diz, e ri ao mesmo tempo que chora – Eu não mereço aquilo, não mereço. Mas, se você, se você queria dar ela para mim, com certeza eu amaria, ela tem pedras amarelas e nossos nomes grifados. Lindas. Simplesmente lindas. Eu amei elas, Mikael, eu amei - ela diz, caindo mais choro – Eu não faço a mínima ideia do que fazer com elas. Mas, quero que ainda sejam nossas - ela diz, soltando minha mão. Não... – Elas estão aqui na minha mão, e eu vou por elas em seu dedo, para quando você acordar, ver que eu quero ser sua. E você meu. Eu te amo tanto, tanto, tanto, nunca pensei amar alguém assim. Eu aceito namorar com você meu Miakel - ela diz, e coloca as alianças em nossos dedos. Eu aceito. Eu aceito mil vezes, minha Maria. Por alguns instantes, meu cérebro parece dar um impulso e, acho que consegui apertar sua mão – Mikael?! Mikael, você está me ouvindo? - a vontade que tenho de vê-la, toca-la, ama-la, senti-la. Eu forço meus olhos a se abrirem. Quero ver minha namorada, minha noiva, e com certeza minha futura esposa.

- E-eu... te amo, princesa.

Porque ir... Se Pode FicarOnde histórias criam vida. Descubra agora