Capitulo 23 - Mikael

262 30 0
                                    

Tudo que aconteceu depois que eu saí daquele salão, foram borrões em minha mente. Mas algo que não sai da minha cabeça, são os gritos de Maria Clara, isso eu nunca irei esquecer. As crises, não tem hora para virem, mas quando chegam, fazem uma destruição. Os olhos dela estavam me trazendo uma calmaria imensa e, quando senti um aperto em meu peito, sabia o que estava por vir. E tudo que eu menos queria, era ela me vendo nesse estado.

Naquele momento, no momento que os nossos olhos se encontram, eu iria tirar uma aliança do meu bolso e, torna-la minha. Mas tudo deu errado.

Não sei a onde estou, mas consigo ouvir vozes de pessoas gritando. Porra, com certeza não é a Maria.

- Foi você, que fez isso?! Você é uma desgraça na vida dele, mulherzinha!! - uma voz, masculina grita. Meu pai. Puta que pariu. Pai, não fala assim com ela, por favor.

- Henrique!! Estou cansada já! Essa implicância com Maria Clara, ela é uma mulher de respeito!! - minha voz. Obrigada, por defender ela, mamãe.

- Eu nunca, faria mal ao Mikael. O seu filho, é especial para mim - ouço a voz dela, dizer. Maria, não chore, por favor...

- Cala sua boca. Vadia!! - meu pai grita.

- Pai!! Para de trata-la assim!! Pelo amor de deus!! - ouço a voz da minha irmã dizer. Depois disso, minha mente foi desligando e, apenas adormeci novamente.

Não sei quanto tempo passou, mas meus olhos se abrem com dificuldade e, sinto minha respiração muito melhor do que da última vez. Olho para um lado e, vejo ela. E, em seu colo, está uma bandeja, que pelo que parece ser sopa. Mas ela estava com os olhos fechados e, parecia estar em um sono profundo. Devagar, minha mão toca a sua, e ela abre os olhos rapidamente. E quando nossos olhos se encontram, sinto o brilho nascer dela.

Maria sorri e, põe a bandeja em cima da mesinha, e logo em seguida, levanta pegando em meu rosto.

- Oi - digo, com um sorriso.

- Eu senti tanto medo - ela diz, com a voz baixa, sem olhar em meus olhos.

- Não precisa sentir medo - digo, acariciando sua mão.

- Precisa sim. Porque eu não quero, te perder - ela diz.

- E não vai, eu prometo - digo, tentando acalma-la.

- Eu queria poder ajudar mais - ela diz, e se senta na cama.

- Você ajuda muito. Eu que estraguei tudo, fiz tudo ficar uma bagunça - falo para ela, e deito ela em meu peito.

- Você não torna minha vida uma bagunça - ela diz – E sim, uma saída.

Quando ela diz aquelas palavras, meu coração falta sair da boca e, minha vontade é de beija-la e nunca mais parar.

- Não vá embora, nunca - imploro a ela. A mesma se ajeita, ficando de frente para mim.

- Eu não iria embora, nem se quisesse - ela diz, sorrindo – Estou feliz de poder lhe ver e... - ela morde o lábio e, parece estar nervosa – Fazer isso - ela diz, e cola nossas bocas, iniciando um beijo.

Cada toque de nossas bocas, são como pequenos choques elétricos, ficando cada vez mais fortes. Era algo que eu estava querendo a muito tempo e, eu não sabia como dizer a ela. Mas, sentir sua boca, seu corpo bem próximo ao meu, seus cabelos bagunçados e seu vestido amassado, é como estar em um paraíso. A falta de ar começa a dar suas caras, então fomos parando nosso beijo aos poucos. Eu não queria me separar dela, não queria mesmo. Quando abro os olhos e, olho para ela, suas bochechas estavam vermelhas e seus lábios inchados. Que mulher.

- Desculpa - ela diz, separando-se de mim.

- Para de pedir desculpas. Eu que devo desculpas, por ter estragado sua primeira viagem internacional - digo, segurando sua mão.

- Nossa - ela diz sorrindo – Nossa viajem internacional.

- A primeira de muitas - digo, a ela.

- Muitas - ela diz e, se aproxima para me beijar novamente.

- Com certeza - digo a ela, e me ajeito na cama – Onde estão os outros? - pergunto.

- Eu disse para irem se divertir.

- Que bom, que fez isso - digo olhando para o teto – Não podem deixar de se divertir, por causa de algo tosco - digo, com raiva.

- Nunca mais. Escute o que estou falando - ela diz, pegando minha cabeça com força e, virando-a para olhar para – Nunca mais, ouse falar isso - seus olhos, estavam marejados e, eu não queria vê-la chorando.

- Obrigada - digo, beijando sua mão.

Maria Clara, parecia estar com pensamentos distantes, e eu não sabia o que passava naquela cabecinha dela. Alguma hora ela irá falar, eu sei que vai.

- Seu pai brigou comigo. Mas não diga a ele que eu lhe falei, eu disse isso para que você não brigar com ele. E se ele disse alguma coisa, é só fingir que não se importa - ela diz, tristinha.

- Tudo bem, não irei brigar com ele. Mas não diga, para eu fingir que não me importo. Porque eu me importo e, eu ouvi tudo que ele disse a você - ela olha para mim, espantada.

- Obrigada, Mika - ela diz, me abraçando.

- De nada - abraço ela, de volta – Mas, e minha mãe? Minha avó está bem?

- Elas estão no hotel, disseram que iam fazer um bolo para você - ela sorri, ao dizer – Seu pai, foi para o hotel também. Como amanhã iremos embora, podemos fazer algo na parte da manhã - ela sugere.

- Podemos ir, para a torre de Toronto - sugiro.

- Pode ser - ela sorri – Sua família irá junto? Olha, se não puderem arrumar as malas, eu arrumo - ela diz, rapidamente.

- Não, você não vai fazer nada, não é esse o seu trabalho. Amanhã, nós iremos lá, apenas nó dois - digo a ela.

- Tudo bem - ela diz, ainda tentando esconder algo.

- Você quer me dizer alguma coisa? Maria, pode falar, eu sempre vou ouvir você - digo a ela.

- Hm, é que, eu queria saber se aquelas coisas que você disse, eram verdades. Você gosta mesmo de mim? - ela pergunta, enquanto olhar para mim. Sabia que essa conversa iria aparecer, mas eu não queria pedi-la em namoro hoje, quero fazer algo muito melhor para ela. Vamos Mikael, diga algo que não a deixe triste, mas que a faça ter esperanças.

- Claro, você é minha amiga. Obvio que gosto de você - quando digo isso, o brilho de seus olhos vai diminuindo. Porra, não era isso que eu queria. E alguns segundos, um sorriso falso toma conta de seus belos lábios.

- Tudo bem. Hm, vou chamar o médico para lhe dar alta - ela diz e, antes que eu consiga falar alguma coisa, a porta bate, fechando-se. 

Porque ir... Se Pode FicarWhere stories live. Discover now