Capitulo 13 - Maria Clara

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Quando me solto dos braços de Mikael, saio correndo atrás do senhor Moraes. Ele é um dos cobradores de aluguel e, nunca gostou de mim, muito menos dos meus pais. E preciso conversar com ele e, dizer que foi um engano e, que precisa me deixar pagar. Nem que para isso, eu perca meu emprego.

- Senhor Moraes!! - grito seu nome, enquanto corro O mesmo para de andar e, quando chego perto dele respiro rapidamente, esperando que minha respiração volte ao normal – Aqueles eram os meus patrões, eles me chamaram para vir aqui. Por favor, deixa eu lhe pagar tudo que eu devo, eu lhe pago até sábado - digo, enquanto tento respirar normalmente. Minhas mãos estavam tremendo e minhas lágrimas estava quase caindo.

- Até sábado. Se passar disso, você não precisa voltar lá. E se continuar insistindo, eu mando a empresa de tratores derrubar aquela espelunca. Sua puta barata - ele diz, e sai andando.

Ah, meu deus. O que eu vou fazer? Mikael já disse que não irá me adiantar e, eu não posso vender tudo que tem dentro de casa. E mesmo se quisesse, aquilo não tem nem a metade do valor que eu estou devendo. Dois anos, dois anos de aluguel atrasado. Onde eu fui chegar? Porque eu não procurei um emprego antes? O que eu estava fazendo? Eu não consigo entender, eu cheguei a este ponto e, não me reconheço mais. Cadê a Maria que lutava pelo que ama e acredita? Cadê a Maria que agia em vez de ficar só pensando. Eu nunca deixei ninguém me humilhar como fizeram agora e, como o senhor Mikael fez comigo. Se eu desistir deste emprego, vai ficar tudo do jeito que está, a única coisa que irá mudar será o salário que receberei e, será todo para pagar as contas. Não tenho mais coragem de voltar para aquela casa e, olhar na cara de Mikael. Ele riria da inha cara e, me chamaria de fracassada.

E agora? Como volto para casa, da senhora Rosa? Mais que bosta, o que eu fiz para merecer tudo isso. Olho para os lados e, vejo se passa algum ônibus, mas nada, hoje é o pior dia para se pegar um ônibus.

- Maria!! - escuto uma voz me chamando e, quando me viro é Lina.

- Oi, Lina – digo, envergonhada.

- Porque você não voltou? Estava preocupada - ela diz e, me abraça.

- Desculpa. Mas eu preciso voltar, esse horário sua mãe já está casa e, deve estar fazendo meu trabalho - digo, com um pouco de raiva.

- Tudo bem, mas pode ficar tranquila. Vem, Marcos está esperando a gente no carro - a mesma diz e, voltamos algumas quadras até chegar o estacionamento. Onde Mikael foi?

- Seu irmão ficou com raiva? - pergunto, com medo.

- Ele ficou meio estressado, depois que você foi embora. Mas nada que não passar - ela diz, sorrindo.

Depois deste ocorrido eu nem precisarei me demitir, ele fará esse favor para mim. Porque eu gritei com ele e, isso ele nunca toleraria. Marcos dirige até a casa de Lina, enquanto desço, os dois ficam conversando. Procuro as chaves na minha pequena bolsa e, quando encontro fico um pouco tensa. Abro a porta devagar e, quando vejo a cena em minha frente, uma grande vontade de vomitar me vem ao estomago.

- Meu deus!! - dou um grito. No mesmo instante Mikael olha para trás assustado e ao mesmo tempo com raiva.

- Que porra!! Não sabe tocar a merda da campainha?! - ele diz, enquanto sai de cima da loira, cobrindo sua cintura com o lençol. A mulher que estava absolutamente sem nada, se cobre também e me olha com olhar mortal. É a namorada dele?

- Mikal, o que é isso?! Tem motel pra isso, cara! - Lina diz, gritando.

- Porra, nossos pais saíram com a vovó!! - ele grita, mais pra mim, do que para Lina.

- Com licença - digo, com nojo da cena que não sai da minha cabeça. Subo as escadas o mais rápido que consigo e, entro sem ligar se bati a porta com força. 

Porque ir... Se Pode FicarOnde histórias criam vida. Descubra agora