Capitulo 37 - Maria Clara

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Minhas pernas ainda estavam naquele asfalto quente e áspero, minhas mãos tremiam contra minha boca, e meus olhos não paravam de chorar, meus joelhos ardiam, assim como meu peito. Todos os carros que vinham na contramão, era a esperança de que ele voltaria, mais não voltou...

- Para onde ele foi? - ouço Lina, gritando de fundo, enquanto corre até mim.

Quando suas mãos tocam meu corpo frágil, eu falto morrer de ar. Eu precisava dele.

- Ele foi embora... - digo, com um sussurro. Ele desistiu quando eu mais precisei dele, desistiu de nós. Minha vida havia parado naquele momento, ele levou minha alma junto dele, e não sei se a teria de volta.

- Maria, olhe para mim - Lina diz, ordenando, enquanto pega em minhas bochechas molhadas – Vamos encontra-lo. Está me ouvindo? - faço que sim com a cabeça.

Quando chegamos ao apartamento, eu saio correndo, mesmo com meus joelhos ardendo e minhas pernas fracas. Ele estaria aqui, eu sei que estaria. Apertei os botões do elevador, para ele demoraria para chegar ao térreo. Saio correndo, pelas escadas, alguns tropeços são dados, mas a dor, nada, se compararia a dor interna.

Quando chego a nossa porta, a porta estava destrancada. Ando pela cozinha em reforma, a sala de jantas. Nada. Subo as escadas e vou até o nosso quarto. Ele não estava lá. Procurei suas roupas, e nada, não havia nada. Corro para os outros quartos, na esperança de vê-la lá. Os quartos dos nossos filhos, nossa família moraria nessa casa, ele disse isso a mim, ele prometeu. Volto para o nosso quarto e, abro os armários. Até que um papel branco cai...

Maria Clara

Meu amor, meu primeiro e grande amor, está carta será o mais breve possível, já que não quero lembrar de ninguém do meu passado. Eu sinto muito, se estou lhe fazendo sofrer, e sinto muito por partir seu coração. Mas, saiba que não está sendo fácil para mim também. Estou pedindo para que se esqueça de mim, tenha sua vida de modo que comigo, não teria. Eu sei as promessas que lhe fiz, sei da família que construiríamos juntos, mas... não era para ser. Nunca, mas nunca, pare de achar que eu não lhe amo. Pelo contrário, é por amor que não estou deixando você afundar comigo. Talvez, no momento que estiver lendo essa carta, eu esteja bem longe. Um avião. Ainda não sei. Vou começar de novo, vou conseguir minhas coisas por méritos meus, não de uma família, que não é minha família. Estou deixando dinheiro suficiente para que a reforma seja feita na casa; pode pintar as paredes de amarelo, com certeza ficaram lindas. Amarelo é minha cor favorita, pelo simples fato de ficar linda em você. Descobrir que a sua vida foi uma mentira, é algo impactante, e faz você enxergar a verdade atrás de tudo. Nunca amarei alguém, como amo você. Algum dia, talvez, eu volte. E se esse dia chegar, saiba que estarei pronto para ficar com você.

Com amor, seu eterno Mikael

Um sorriso aparece em meu rosto, e vou indo até a cama. A mesma tinha seu cheiro, cheiro de bolinhos de bacalhau, já que ele derrubou alguns sem querer. Abraço aquela carta contra o peito e, começo a chorar. Não irei conseguir ninguém, irei esperar ele voltar, mesmo que eu espere a vida toda.

- Ele está... - quando Lina me vê sobre a cama, abraçando a carta, ela começa a chorar e fazer carinho em minha cabeça – Me desculpa - ela diz, me abraçando. 

Porque ir... Se Pode FicarWhere stories live. Discover now