15- Sementes Élficas

385 56 235
                                    

_Crystal, Crystal. _uma mão me sacodia.

Dei um pulo. Minha cabeça bateu no teto da miniatura de caverna, a dor me deixou meio atordoada, levei minha mão ao local atingido. Quando meus olhos se acostumaram com a escuridão eu consegui diferenciar os traços perfeitos da silhueta do Tyler.

_Precisamos ir, Morgue disse que já devemos retornar com a caminhada. _ ele falava com uma voz calma e morna.

_Mas ainda é noite... _ soltei um ruidoso bocejo, com certeza aqueles não eram os modos de uma dama!

_Já são cinco da manhã, o dia já está amanhecendo.

De repente pensei em algo óbvio.

_Tyler, depois que nós deixarmos Morgue, como voltaremos?

Ele apenas deu de ombros

_Você ao menos conseguiria fazer o caminho de volta?

_ Calma, vai dar certo. Uma coisa de cada vez, vamos conseguir, não sei como_ ele riu_ Mas vamos _Ele disse tranquilo, e o alarme em mim esvaiu.

_Está bem. _tentei me por de pé, mas as mãos do Tyler me impediram.

_Dentro de uma caverna lembra?

Ele estava certo, me arrastei para fora do nosso abrigo improvisado. Só podia enxergar uma turva silhueta a nossa frente, podia estar amanhecendo mas isso não impedia de ainda estar bastante escuro, pelo tamanho figura se tratava do Morgue. Começamos a andar em silêncio atrás do Morgue, vencemos toda manhã andando sem descanso, as árvores nos livrava do pior do sol, já eram uma e meia quando perdi completamente minhas forças, comecei a soar frio e minha visão ficou turva, parei abruptamente passando a mão compulsivamente pelo rosto, Tyler me olhou preocupado.

_O que foi garota? _ Morgue perguntou fingindo preocupação sem sucesso.

_Só um pouco de fadiga. _tentei parecer forte, ninguém até ali tinha reclamado de nada, não queria ser eu o elo fraco a pedir clemência primeiro.

Minhas pernas vacilaram ainda mais, mas antes de que eu caísse Tyler já estava ao meu lado me dando apoio.

_Crystal, fui um idiota, deveríamos ter parado a mais tempo, deve estar desidratada.

_Desidratada? Nós não estamos nos sentindo mal, porquê a garota haveria de estar? Isso é só drama. _Morgue quebrava um graveto distraidamente entre os dedos, mas sua voz revelava impaciência.

_Drama? _Tyler respirou de uma forma entrecortada, como se estivesse tentando segurar uma raiva indomável. _Estamos andando a horas sem comida, encontramos um pouco de água para beber ontem apenas _no dia anterior havia caído uma chuva rápida, mas que serviu para coletarmos um pouco de água _ e tudo isso para ajudar a um duende idiota e mal agradecido.

_Tiveram sua recompensa, ou já se esqueceu das informações que eu lhes ofereci? _pareceu ignorar o fato de ter sido chamado de duende novamente. Tyler parecia muito bravo, pois Morgue acabou sacudindo a cabeça em um gesto de rendição. _Está bem garoto. _Morgue enfiou as mãos em seu sobretudo e tirou um pequeno papel marrom o abriu e retirou duas pequenas sementes de lá de dentro e se dirigiu ao Tyler.

_ Existe criaturas mágicas e vocês as podem ver por causa que tem a droga de uma marca, e blá blá blá! Estamos aqui mais por pena do que por causa de algum entusiasmo que suas informações possam ter causado! _Tyler o fuzilou com o olhar.

Morgue entregou as sementes ao Tyler, que pegou hesitante.

_ Coma-as, isso é semente de elfo, vai os manter saciados, vai ser como se vocês tivessem comido e bebido normalmente, porquê afinal de contas vocês terão pois as sementes dos elfos são capazes de suprir todas suas necessidades.

Tyler colocou uma das sementes na minha boca, em seguida ele deslizou uma semente para dentro da sua própria boca. De início pensei que aquilo tudo era algum tipo de psicologia fajuta, diga a alguém que se ela fazer determinada coisa irá ficar bem, ela faz, e apesar de não haver nenhuma relação com a ação da pessoa com seu bem estar ela vai pensar estar bem só por causa das palavras tranquilizadoras da pessoa, se fosse esse tipo de coisa eu não iria ficar bem, as palavras do morgue não me haviam convencido, talvez ele houvesse assistido Dragon Ball Z demais, mas sabe, as sementes dos deuses supostamente curavam nossas feridas, saciar a fome não estava dentro dos seus benefícios, é, pensando bem talvez até estivessem, para falar a verdade eu havia assistido tantos desenhos que já até misturava uns com os outros as vezes. De qualquer forma eu pensei que aquela história de semente de elfo não passava de uma história tirada de algum desenho ou livro.

Cerca de dois minutos depois já estava pronta para insultar o Morgue com alguma palavra que fosse sinônima de mentiroso, o Tyler pela sua expressão estava procurando uma palavra mais suja do que um sinônimo de mentiroso, porém de súbito uma sensação estranha começou a subir dos meus pés até minha cabeça, uma sensação de energia, Tyler pelos seus olhos arregalados apontou que estava sentindo o mesmo, demais! Morgue olhou para nossos olhos arregalados.

_Como estão se sentindo?

_Como ratos afundados em uma xícara de cafeína bem concentrada. _Tyler balançou a cabeça aparentemente buscando absorver a sensação.

_Vamos então.

_Mas e você Morgue, não está esgotado também? _ perguntei mais por curiosidade do que propriamente por preocupação.

_Gnomos são acostumados a cobrir distâncias enormes sem precisar comer ou beber, somos resistentes, bem, quase todos os seres mágicos são, não comemos a todo instante se decidirmos assim fazer.

Os olhinhos estranhos do Morgue vaguearam nossa volta, a cor rosa deles se tornou um pouco opaca, pude sentir o medo por de trás deles. Um arrepio correu minha espinha com tamanha intensidade que chegou a doer.

_Vamos? _foi minha vez de perguntar, a voz um pouco arrastada por baixo de uma fingida calma que tentei aparentar.

_É. Vamos lá, estou me sentindo pronto para correr uma maratona. _Tyler era o único de nós que parecia estar alheio a qualquer sensação estranha.

Caminhamos calados, Tyler tinha uma expressão calma, Morgue aparentava uma seriedade apreensiva, eu sentia meu estômago dando nós, e não era algo a ver com fome, a semente havia funcionado, aquilo era uma sensação de perigo, como se algo estivesse errado. Lá para as sete da noite Morgue declarou que já era hora de descansar. Tyler vociferou dizendo que podíamos andar mais um pouco, mas acabou se rendendo a vontade do Morgue. Nos abrigamos em uma aglutinação de algum tipo de vegetação macia que estava disposta ao redor de uma árvore.

Morgue dormiu assim que encostou no chão, apesar do medo aparente ele parecia o tipo de ser que encontra no sono uma fuga para a realidade.

_Tyler, algum de nós não deveria ficar de vigia?

Não veio uma resposta, ele também havia dormido, bem, não queria fazer papel de ridícula, se eles não haviam visto necessidade em vigias também não iria parecer neurótica. Fechei os olhos, devido ao cansaço do dia de caminhada logo dormi.

Tive um sonho recorrente.

A Ordem Da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora