31- A Espera

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O acampamento era tudo, menos o que eu esperava que seria. Eu estava esperando ver um monte de tendas espalhadas em meio a uma clareira imensa ao meio de uma floresta sombria, com trincheiras ao seu redor para evitar fugas e um monte de cinzas de fogueiras apagadas aqui e ali. O acampamento estava mais para uma vila desenhada por algum arquiteto que misturava contemporaneidade com idade média e faroeste, as casas eram pequenos chalés de aparência sofisticados, lufadas de fumaça saiam dos seus topos, dando os chalés uma aparência acolhedora, uma fonte de calor em meio a um inverno uivante que se estendia imponente, tornando cada superfície a vista em um tapete de neve branca e pura.

Vários adolescentes vestidos em cotas de malha e com espadas presas as cinturas andavam de um lado para o outro, eles conversavam alegremente, uns se acotovelavam e nos olhavam. Em meio ao turbilhão de vozes podia identificar alguns dizendo coisas como os iniciantes desse ano não parecerem grande coisa, mas acho que nem todos que diziam isso tinham me visto em meio ao maremoto de peles pálidas e apreensivas ali, eu não era "a" garota assustada, todos pareciam estar meio eufóricos e assustados em estar vindo para este lugar. Olhei para o lado e Natasha estava passando o pé no chão como se buscando ver o piso por baixo da neve, pude ter um vislumbre de um piso de pedras polidas no chão, mas para que isso importava? Piso era piso eu estava mais interessada em uns archotes esquisitos que flutuavam no ar, estavam apagados porque era dia, mas evidentemente ofereciam iluminação a noite, eu olhei para Peter, ele notando minha pergunta disse:

_Luz mágica, abastece todo o acampamento, é como a energia elétrica do seu mundo, mas sem fios e sem precisar de recarga.

Uau, eu gostava daquele lugar, mal podia esperar para poder andar por ali e explorar todas as peculiaridades existentes. O mundo dos guardiões parecia ser bastante charmoso, por isso eles não deveriam demonstrar tanto interesse assim no mundo dos humanos... mas espera, o Peter havia falado do filme Ghost minutos antes ao falar com o Tyler e Caios, certo?

_Você já assistiu Ghost? _perguntei de supetão.

Peter riu diante da minha pergunta aleatória.

_Entretenimento não é o forte do nosso mundo, exceto as disputas nas arenas, mas em questão de dramaturgia não somos exatamente referência.

_Assistiu ao Ghost então?

_o meu trabalho é conhecer a cultura de todos os mundos que sabemos da existência, isso implica assistir as suas fontes de entretenimento mais famosas. _ele pensou. _mas eu acho que até pessoas que não são letradas assistem de vez em quando um ou dois dos seus filmes, humano são criativos.

_então amou a história do fantasminha apaixonado Peter? _perguntei no mesmo tom de provocação que via os garotos zoarem uns aos outros na escola.

_Ah... Bem, não foi o meu preferido, mas devo dizer que as garotas amam o gênero garoto sensível e aberto aos sentimentos. _ele sorriu brincando, eu o dei uma cotovelada censurando sua brincadeira mas rindo junto. _gosto de gêneros mais cômicos ou de ação, mas os meus preferidos são aqueles seus seriados policiais, eles são realmente representações de como a inteligência resolve tudo.

Eu não consegui manter a apreensão diante a cara de empolgação do Peter.

Natasha se aproximou lentamente de onde estávamos.

_Peter, você que gosta tanto de livros me diz se é natural os novatos serem mantidos aqui com cara de idiotas esperando pelos mestres disserem o que temos que fazer. _ela estava com uma cara de impaciência visível.

_Natasha você sabe que temos que aguardar que os mestres nos recebam e nos declare iniciantes da ordem, a disciplina é necessária.

_Mas já faz meia hora que estamos aqui! _ela reclamou.

A Ordem Da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora