29- Família

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Eu me senti perdida pelas palavras de Peter, mas o garoto apenas me encarava com a sobrancelha arqueada em seu rosto perfeito.

_Agora é minha vez de te contar algumas coisas Peter, quer ouvir? _perguntei vacilante.

_É claro. _ ele disse com cara de curiosidade.

Comecei a conta-lo tudo sobre meus encontros com Sra. Jane. Ele me olhava sem muito estarrecimento no semblante. Quando terminei ele me olhou e balançou a cabeça sorrindo.

_Ela só ficava tensa perto de você por que ela ficava preocupada com você, e é natural que ela te tratasse com um pouco mais de dureza, você é uma guardiã, não uma menininha a ser mimada para que se torne fútil como os humanos. _ele disse com tom de obviedade.

_Você acha mesmo? _ fiquei meio indecisa quanto se devia ou não acreditar nas suas palavras.

_Mas é claro, ela também é meio chata comigo as vezes, coisas de avó que quer que seus netos sejam durões. _piscou para mim.

_Como assim humanos Peter, fala de um jeito como se também não fôssemos. _ eu o fuzilei com mais perguntas.

_É, mais somos diferentes por que somos imortais, as pessoas a se referirem a nós se referem como Guardiões da Lua, aos sem marca chamam apenas de humanos ou terráqueos, a raça deles se parece muito com a nossa, mas somos diferentes. _ disse dando de ombros.

_Então por que até agora todos só chamavam o mundo de onde vim como o dos sem marca?

_Para não te deixar confusa, é difícil aceitar que se é diferente, não somos humanos comuns, somos guardiões dos mundos, nós somos quem mantêm a ordem _ele começou a falar com uma voz célebre _Somos a ordem da lua, como a lua permanecemos nas sombras, mas podemos sempre ser vistos pairando pelo espaço, somos observadores silenciosos que mantêm os mundos seguros, até os mundos ignorantes como o dos terráqueos. _disse em tom apaixonado, seu rosto se iluminando.

Ele pareceu aguardar mais perguntas, mas eu estava ainda processando tudo. Meu pai se chamava Marcos, aquele nome não me era muito estranho, era como se eu já tivesse o ouvido, e minha mãe, ela tinha sido uma heroína, um bolo se formava na minha garganta ao pensar nela. Como Ágata era? Será que possuía o ar gelado e cortante de Cecília? Ou talvez tivesse a calma acolhedora de Selena?

_Como era no mundo humano? _Peter quebrou o silêncio, eu levantei a cabeça e foquei no meu recém conhecido primo. Ele não esperou que eu respondesse, voltou a falar. _Ouvi nossa avó conversar com Selena, Selena disse que você estava em apuros com sua mãe adotiva e suas irmãs de criação, uma delas era intragável pelo que sei. _ele tagarelava sem parar. _Minha avó ficou bastante nervosa quando soube que uma tal de Ângela, sua irmã de criação acho, te expôs em uma aula em uma escola que humanos vão, nossa, deve ter sido ruim, é e ainda teve o problema com os vazios, sabe, uma vez vi um vazio que estava zanzando pelo bosque perto de uma cidade mortal, meu pai o matou. Eu acho que deve ter sido ruim para vocês terem sido atacados por dois estando sozinhos e sem treinamento _ele respirou para ganhar fôlego. _ tinha o gnomo, mas ele nem para ajudar né, mas o que esperar de um contrabandista! Nossa, eu acho...

_Peter! _Ok, agora estava confusa e meio irritada por ter sido feita de boba.

_Quê? _ele ficou confuso com o meu tom acusatório.

_Pensei que não soubesse quem eu era de início! _o acusei. _E você parece ter todo um roteiro dos meus últimos dias _apontei um dedo para a sua cara assustada.

_É.... bem... não queria te assustar. _ele corou, parecia com um anjo quando isso acontecia, as bochechas rosinhas em contraste com a palidez e aqueles olhos verde água e encabulados era a máxima da meiguice. _desculpe.

A Ordem Da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora