80- O Fim Das Férias

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Eu estava mergulhada em um sono tranquilo, sem sonhos, quando raios de sol persistentes me fizeram abrir os olhos. Percebi que, no turbilhão de emoções de ontem, havia esquecido de fechar a cortina da janela. Embora a intensa claridade me incomodasse, eu não tinha vontade de sair da minha cama. Braços fortes e possessivos me envolviam, mantendo-me firmemente em seu abraço.

Ao abrir os olhos um pouco mais, deparei-me com um jovem moreno de beleza cativante. Seus lábios repousavam entreabertos, e seus olhos estavam cerrados em um sono sereno e tranquilo. Ele dormia ao meu lado, segurando-me de forma gentil e possessiva. Parecia que já deveria ser pelo menos umas dez da manhã, e isso era estranho, já que Tyler costumava acordar cedo. Percebi o quão exausto ele devia estar, e como os últimos dias haviam sido verdadeiramente desgastantes para ele.

Fechei meus olhos e preparei-me para roubar alguns minutos a mais de sono, ignorando por completo a luminosidade que invadia o quarto, enquanto me aconchegava ainda mais nos braços de Tyler. Entretanto, três batidas suaves na porta romperam a quietude, fazendo-me erguer da cama num movimento ágil. Desejava que Tyler pudesse desfrutar de mais tempo de descanso, ininterrupto, sem ser despertado, então, com extrema cautela, desembaracei-me de seus braços e me dirigi à porta, pisando com suavidade no chão.

Ao girar a maçaneta e abrir a porta, me deparei com minha avó. Jane Sullivan estava vestida de forma simples, porém elegantemente. Ela usava um vestido longo de linho creme com um cinto de couro marrom para acentuar a cintura, sapatilhas combinando, e seu cabelo dourado estava arrumado em um coque baixo e elegante.

Antes de me cumprimentar, minha avó, Jane Sullivan, direcionou seu olhar para dentro do quarto com uma expressão preocupada. Segui o olhar dela e percebi que ela podia ver Tyler estirado na minha cama, com a manta caída, revelando sua cueca boxer preta. Minhas bochechas coraram instantaneamente. Em um movimento rápido, fechei a porta atrás de mim, sentindo-me envergonhada na presença dela.

Jane me observou com preocupação e falou com seriedade: - Crystal, eu entendo que o amor juvenil é empolgante, mas é preciso ter cautela. Mesmo sendo Guardiões, e tendo responsabilidades diferentes das pessoas comuns, vocês ainda são quase crianças, e certos acontecimentos não planejados, mesmo na vida de uma Guardiã, podem ser complicados.

Minha vergonha aumentou, e eu respondi imediatamente: - Não fizemos nada, vó. Estávamos apenas dormindo.

Jane pareceu acreditar facilmente em minhas palavras e continuou: - Peço desculpas por ser intrometida, mas sei que você não teve o apoio de uma mãe para discutir certos assuntos. - Ela parecia triste ao mencionar isso. - E bem, Susan não tem sido uma mãe exemplar para você. Saiba que estou aqui para conversar sobre qualquer assunto. - Jane tocou meu ombro. - Não precisa se sentir envergonhada em falar comigo. Podemos discutir qualquer assunto, até mesmo sobre os meninos. - Ela sorriu ao ver minha face ruborizada. - Em minha experiência, sei que jovens com a aparência do Tyler costumam dar um pouco de trabalho, não é mesmo?

Sorri concordando com sua afirmação, mesmo com minha vergonha evidente. Ao mesmo tempo, senti uma gratidão sincera por ela me oferecer uma relação de cumplicidade que eu nunca havia experimentado com nenhum adulto. - Obrigada - agradeci com sinceridade.

Jane me analisou, vestida apenas com minha camisola, e sugeriu: - Acho que você deveria se trocar e prender o cabelo. Não é adequado ir assim para uma conversa com seu pai.

Suas palavras me acertaram. - Eu realmente não tenho vontade de falar com ele!

Jane suspirou. - Crystal, você deve enfrentar isso. Vocês têm questões a discutir. - Ela tocou carinhosamente meu rosto. - Ele errou muito, mas ele te ama. Apenas o ouça. Adiar isso só tornará tudo mais difícil.

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