50- O Encapuzado

205 29 31
                                    


Natasha

Eu estava ali, prestes a seguir a porcaria do encapuzado sozinha.

Eu e o Peter estávamos andando pelos limites do acampamento, ele me dando um sermão a cada vez que me fazia uma pergunta sobre outro mundo e eu errava grosseiramente a resposta. Aparentemente até a Crystal, a até pouco tempo, guardiã mais humana que havia, já dominava mais alguns conhecimentos sobre cultura de outros povos do que eu. O Peter ficava satisfeito com cada um dos meus erros, isso garantia mais chances de me encher o saco com seus sermões de como os conhecimentos letrados eram importantes.

Nossa conversa foi interrompida quando ao longe nós conseguimos visualizar a figura do nosso encapuzado preferido entrando na floresta sorrateiramente. Por mim eu teria ido atrás na hora, mas o Peter sempre comedido me convenceu de chamar o restante da nossa equipe para nossa missão de espionagem. Eu aceitei ficar de vigia no ponto que o encapuzado tinha se embrenhado na floresta enquanto ele buscava Tyler e Crystal, mas diante da demora eu já estava de saco cheio de esperar.

_Ei _Peter disse.

Sua mão no meu ombro me fez pular sobressaltada. E no mesmo instante ele, Tyler e Crystal estavam abaixados ao meu lado atrás de uma moita de arbustos.

_Vocês demoraram, agora vai ser difícil o encontrar _reclamei.

_Calma _Peter voltou a falar _nós só precisamos ficar atentos e seguir a sua trilha.

Com isso nós começamos a nos embrenhar na floresta. A trilha do encapuzado ainda estava bastante fresca, a ausência de nevasca no dia nos ajudava bastante. Eu e o Tyler como bons guerreiros conseguimos seguir com bastante facilidade a trilha. Peter também era bastante competente, apesar de ser um letrado e não guerreiro entendia bastante sobre rastreamento, embora não tivesse o mesmo faro que nós guerreiros possuímos.

Não demorou e chegamos as margens de uma cálida clareira. E no seu centro estava nosso misterioso malfeitor. O ar bruxuleava de forma bastante similar ao nosso último encontro com ele, e logo diante dos nossos olhos surgiu a mesma chama sobrenatural que vimos semanas atrás.

O encapuzado caiu de joelhos diante da fogueira sobrenatural e começou a falar de forma comedida e amedrontada.

_Mestre, desculpe, queria ter conseguido te contatar mais cedo, mas as coisas se complicaram nos últimos dias.

_Como assim? _a mesma voz cavernosa de outrora trovejou pelo ar, fazendo com que eu e meus amigos nos apertássemos ainda mais contra o chão, escondidos por trás de uma grande moita de vegetação espinhosa.

_Senhor, ainda não consegui encontrar uma solução segura para por nossos planos em prática _ele estalou a língua nervoso _tentar o assassinato prematuro de qualquer um dos nossos alunos se tornou inviável, como o senhor pontuou... os guardiões ficaram mais atentos diante do incidente com a barreira na prova guerreira, então eu não decidi como proceder de agora em diante.

_Precisamos de uma distração _ a voz pareceu tremer de tanta raiva _você está se mostrando cada vez mais incompetente! _agora sua raiva não era mera sugestão _não cumpra bem suas obrigações e saberá que eu não vou hesitar em te descartar como uma mosca!

_Me- me- mestre, não se preocupe, não vou decepcionar _ele suspirou _na verdade tenho uma tática em mente. Meus testes com infiltração de vazios no acampamento foram bem sucedidos, penso que possa provocar uma grande torrente de invasões, isso será uma boa distração para os mestres e toda a aristocracia dos guardiões.

_Você pensa? Ou pode? _a voz cavernosa não admitia erros.

_Eu posso meu senhor, eu posso! _ele cantarolou aturdido.

A Ordem Da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora