55- A Cidadela

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Só paramos de correr quando nos deparamos com uma sala mal iluminada a que o corredor nos despejou. Nos sentamos em um canto no chão, eu e Peter controlávamos nossa respiração ofegante, enquanto Tyler e Natasha permaneciam imperturbáveis pela adrenalina da nossa ação e corrida. Peter desenrolou o pequeno mapa que Theodor havia dado para ele, eu espiei por cima do seu ombro. O mapa era constituído por um intricado desenho minúsculo, com várias linhas e reentrâncias, pareciam, como obviamente era por se tratar de um mapa, rotas e localizações de locais.

O mais interessante era que, Peter com um sorriso espirituoso se levantou apontando em direção de um corredor estreito que tínhamos visto antes, aparentemente o meu primo lia aquela confusão de traçados como um simples desenho infantil.

A arquitetura de cada corredor parecia ser mais rebuscada que o outro, e ouro e materiais preciosos não pareciam ser problema para a ordem, pois eles dispunham de tais riquezas em cada detalhe da cidadela. Nós ziguezagueamos de um corredor para o outro, sempre nos encolhendo por detrás de pilastras e ornamentos para não sermos notados, no entanto, a cidadela parecia bastante vazia para ser o coração da ordem.

Depois de cerca de uns 40 minutos, ou mais, nós encontramos uma pequena sala. Ela tinha o mesmo aspecto dos outros cantos do edifício, no entanto no seu chão havia, ao contrário do restante do piso de mármore branco liso, um piso com uma série de desenhos espiralados, e o único móvel na sala era uma pequena estante cheia de livros de capas de couro com aspecto antigo. Peter se curvou de joelhos no chão, começou a estudar os desenhos de forma compenetrada. Tyler ficou na entrada da sala, vigiando a aproximação de algum guardião.

_Nós não devíamos ajudar? _eu perguntei a Natasha que, igual a mim, apenas observava o trabalho de Peter.

_Se você sabe pelo que ele está procurando, vá em frente! _ela deu de ombros. Como eu não sabia pelo que meu primo estava procurando nos desenhos no chão eu apenas finquei meus pés longe dele para não atrapalhar.

Peter traçava os dedos sobre os padrões, como se estivesse os lendo, ele franzia o cenho aqui e ali como se estivesse se esforçando para entender algo complexo. O tempo parecia urgir, e a cada minuto nós ficávamos mais nervosos, a cada instante poderia aparecer alguma pessoa ali. Depois de alguns instantes a voz do Tyler veio em um sussurro preocupado. _Pet, tem alguém se aproximando!

Peter começou a trabalhar mais freneticamente. Eu já podia ouvir os passos das pessoas se aproximando pelos corredores, ou seria apenas o tamborilar do meu sangue pulsando alto em meus ouvidos?

_Eureca! _Peter falou em um sussurrar presunçoso. Com isso ele correu em direção a estante dos livros, e começou a trocar as obras de lugar de forma ávida, eu queria ajudar, mas bem, eu não tinha ideia de como fazer isso.

O que antes eram passos viraram vozes, eu ia começar a apressar o Peter, quando ele encaixou um livro em uma parte da estante, e com isso uma passagem escura, com uma escada espiralada, se abriu no chão. Ninguém teve que falar nada, todos nós nos lançamos correndo para a passagem, e quando Peter finalmente desceu pela passagem ela se fechou as nossas costas de forma totalmente silenciosa.

Nós conseguíamos ouvir os passos acima de nós, os baques surdos retumbando sobre nossas cabeças. Nós nos encontrávamos em um túnel, composto por paredes escuras e uma escada de pedra polida. O Ambiente era escuro e poeirento, mas mesmo assim nós não vacilamos. Descemos a passos largos pelo espiral da escada, eu conseguia ouvir nossas respirações com clareza, e eu me sentia claustrofóbica, se estivesse sozinha provavelmente correria de forma desenfreada para sair daquele lugar.

Pareceu durar horas nossa descida, ou talvez meros minutos, aquele lugar me sufocava, e a cada passo parecia piorar. Os túneis pareciam ziguezaguear de um lado para o outro, mas Peter não vacilava como nosso guia. De repente o ambiente escuro explodiu em luzes, havíamos chegado em uma pequena sala de aparência simples no subsolo. Parecia haver partículas de poeira na atmosfera, e eu conseguia sentir no ar mais do que a poeira. Meus amigos não pareciam registrar nada, mas para mim a força ali era palpável.

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