5- Colegas de almoço

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Eu estava muito confusa e ansiosa quando entrei na sala. A resposta para aquela incógnita seria medalhão invisível, loucura ou histeria? Eu nunca acreditei naquele tipo de coisa, magia sempre me pareceu uma invenção boba e fantasiosa para acalmar o ego do ser humano quando este não conseguia compreender alguma coisa, mas a verdade era que, naquele instante eu oscilava entre acreditar que algo sobrenatural estava acontecendo e entre acreditar que estava perdendo o juízo.

Me sentei em minha mesa com a cabeça fervilhando, mal me importei com a cara retorcida de Lívia, ela não tinha esquecido mesmo a minha discussão com Ângela, será que ela pensava que antes da discussão tinha mais chances de virar amiga da Ângela do que tinha agora?

Já a cara dele conseguiu me deixar incomodada. Tyler entrou na sala costumeiramente conversando com Justin, mas hoje pela primeira vez ele me lançou um olhar pensativo, me encarando de cima a baixo com a sobrancelha arqueada, parecia um vilão de filme de época planejando maldades, já sua aparência não era de um homem de antigamente. Ele vestia uma bermuda preta e uma camiseta branca com o slogan do time de basquete, seu cabelo preto estava bagunçado de uma forma despreocupada e seus olhos verde jade brilhavam perspicazes. Bem... Eu sabia o que todas as meninas viam nele, negar a beleza dele seria até uma heresia da minha parte.

Ângela por sua vez entrou na sala meio atrasada, como sempre, mas não me direcionou nem mesmo um simples olhar, isso também contribuiu para aumentar o bolo que parecia crescer em minha garganta.

Quando chegou a hora do intervalo eu entrei cabisbaixa no refeitório. Olhei em direção a mesa em que Lívia, Mônica e Eunice estavam, elas fizeram cara de desdém e cochicharam entre si. Eu nunca tive muitos amigos, nem sabia se Lívia podia ser considerada uma amiga de fato, mas a realidade é que me arrastar até uma mesa vazia no final do refeitório me fez sentir ainda mais deslocada naquele ambiente do que o normal.

Eu sempre disse para mim mesma que não ligava para esse lance de popular, sempre gostei de quietude, ter meus momentos sozinhas, e na escola a companhia de Lívia, Mônica e Eunice, mesmo com suas conversas fúteis, sempre foi o suficiente para mim. Nunca invejei de fato minhas irmãs e nem suas amigas populares, mas ali, sentada sozinha, vendo aquelas meninas bonitas e cercadas por pessoas sorridentes as bajulando questionei a mim mesma se a minha solidão era assim tão satisfatória. Estava divagando entre pensamentos depreciativos sobre mim mesma quando uma voz suave me despertou.

_Podemos nos sentar? _olhei para cima assustada, a dona da voz doce era uma menina que eu nunca havia visto antes na escola. Ela era relativamente baixa, a pele tinha um tom oliva escuro, ela possuía cabelos negros e cacheados cortados na altura do queixo e seus olhos eram castanhos e límpidos como de uma corsa. Em pé ao lado dela se encontrava uma ruiva de ar confiante, seus cabelos cacheados cor de fogo iam até o meio das costas, os seus olhos verdes claros e lábios carnudos tinham um ar petulante, ela era quase da minha altura, porém seu corpo era mais definido e esguio. Ambas eram pálidas, o que eu achei interessante, aparentemente apenas eu conseguia morar no Texas e não adquirir nem mesmo um leve bronzeado.

_Podem sim _respondi com um tom de voz assustado, não esperava que ninguém fosse querer sentar comigo. A ruiva pareceu achar graça disso, ela deu uma risadinha mas foi reprimida por um olhar sério da morena baixinha. Elas se sentaram com suas bandejas abarrotadas de comida. Eu abaixei a cabeça e me concentrei em comer meu sanduíche, apesar de irem se sentar ali eu não acreditava que estivessem interessadas em uma conversa comigo.

_Como se chama? _a garota ruiva perguntou, sua voz era firme e afiada, era como se cada palavra que saísse de sua boca fosse um desafio.

_Crystal. _respondi.

_Bonito nome. _a garota de cabelos pretos disse. O que estava havendo? Elas estavam tentando ser legais? Eu agradeci com um obrigado sem graça.

_Algum significado especial para os seus pais te darem esse nome? _A ruiva perguntou enquanto comia despreocupada algumas batatas.

A Ordem Da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora