34- Novos Conceitos

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As palavras de Meandre me incomodaram muito durante o decorrer das semanas que se seguiram, se Luísa estivesse ali diria que meandre era uma víbora vadia! Depois de duas semanas no acampamento e de estar cada vez mais inquieta com a aproximação do dia dos testes de separação de equipes eu resolvi falar com o Peter. Eu o encontrei sentado embaixo de um salgueiro em uma das praças do acampamento.

_Pet! _Chamei ao me aproximar, ele segurava um grosso volume encadernado em couro. Ao me ver ele o fechou e o pousou no colo.

_Oi Crys, passeando pelo acampamento? _perguntou simpático.

Não. Na primeira semana no acampamento eu resolvi andar pelas ruas, como resultado acabei me perdendo, andei até esbarrar com aulas de luta corpo a corpo no pátio. Eu juro que o professor era louco, ele olhava monotonamente enquanto dois garotos que aparentavam ter uns dezessete anos se engalfinhavam no chão. Um tinha o nariz esmigalhado e o outro sangrava pela boca quebrada por socos e possíveis joelhadas, pareciam dois lutadores de MMA pertencentes a alguma liga clandestina que permitia selvageria. Ao me ver o professor olhou para mim e com um erguer de sobrancelhas perguntou se eu estava assim tão entusiasmada para o início das minhas aulas que até estava invadindo aulas de outras turmas. Eu quase vomitei em imaginar a possibilidade de algum dia eu ter que fazer algo do tipo. E as palavras da Meandre me envenenaram ainda mais, eu não serviria para isso.

_Não. Te procurando para dar um oi!

_Mestre Lourenço te assustou muito aquele dia? _Peter conhecia a história, eu tive a sorte de o encontrar quando eu estava fugindo a passos largos da aula do professor, ele me ajudou a voltar para o salão das iniciantes, a partir desse dia só andava nas imediações dali, senão minha sorte iria me fazer ficar perdida novamente em questão de instantes.

_Nada permanente.

_Péssima mentirosa! _ele constatou.

_Tenho imortalidade, uma hora vou superar!

Ele riu.

_Nós não temos nos vido muito nos últimos dias. _comecei.

_Não tenho culpa do dormitório feminino ser separado do masculino. _ele deu de ombros. _Você não sai de lá dentro, e vai ser estranho se eu ir lá muito, vou parecer uma espécie de maníaco cercando meninas.

_Sei. Tem estado com o Tyler? _resolvi matar todas minhas perguntas. Eu nem ao menos via o Tyler a dias, quem dirá falar com ele, ele parecia me ignorar, nossa amizade recíproca parecia não se aplicar ali.

_Treinamos um pouco luta com espadas ontem, por quê?

_Não o tenho visto. _me sentei ao lado do Peter.

_Ele tem estado ocupado treinando para o teste, os guerreiros sempre são expostos a situações de luta, ele quer estar preparado, e faz bem, ele tem desvantagem por causa de não ter treinado até pouco tempo.

_Ele era um atleta. _tentei fazer um comentário inteligente que tirasse do Tyler uma justificativa para seu total desinteresse e frieza comigo.

_Não é a mesma coisa.

Comecei alisar minha calça negra e meu casaco cinza de forma desconfortável.

_O que foi Crys? _Peter notou minha apreensão.

_Será que eu tenho chances de me sair bem nos testes Peter? _perguntei por fim.

_Claro! sua mãe, era uma grande mística, você também será! _ele disse com uma segurança tão palpável que se eu não conhecesse a mim mesma bem chegaria a absorver tamanha confiança.

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