4- Fantasmas do passado

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Quando finalmente cheguei em casa fui direto para o meu quarto, pois Marge, uma das funcionárias da casa, que também já havia sido nossa babá em outros tempos, disse que nossa mãe não queria ser incomodada. Após tomar um banho me deitei e retomei a minha leitura, mas o Sr. Darcy e Elizabeth não estavam conseguindo me entreter como já haviam feito outras vezes, isso porque eu estava inquieta. Susan Halle não era o tipo de pessoa que sedia a qualquer simples mal estar, por isso eu estava meio preocupada. Decidi que iria ver o que tinha de errado com ela.

Cheguei na porta do quarto dela, mas hesitei na hora de bater, e se ela quisesse só ficar sozinha para descansar? Quer saber, descobriria se ela estava bem, e se esse fosse o caso eu sairia de lá menos preocupada. Bati na porta timidamente e chamei:

_Mãe? Você está bem?

Uma voz trêmula respondeu do outro lado:

_Sim. Não se preocupe.

_Você está chorando?

_Não, acho que é uma gripe.

Girei a maçaneta da porta, a porta não estava trancada, abriu com um estalo. Minha mãe estava estirada sobre a cama, os cabelos castanhos em um emaranhado denso de fios, assim que ela percebeu que eu havia entrado ela me dirigiu um olhar de olhos vermelhos de choro, falou comigo sem entusiasmo:

_Disse que estou bem! _sua voz dizia o contrário.

_Não quer que eu lhe traga um chá, ou mesmo um remédio?

_Não _Seus olhos não tocavam os meus.

_Mãe _ela me olhou da mesma forma de antes, de um jeito distante _Você não parece estar bem _comecei a andar em sua direção _se estiver se sentindo mal não é melhor ir a um médico? _toquei seu braço, ela se afastou de mim como se eu houvesse a queimado.

_Saia daqui!

Ela não gritou, falou aquelas duas palavras de forma calma e até mesmo suplicante, mas aquilo me acertou de uma forma esquisita. Foi minha vez de me afastar como se houvesse sido ferida. Pensei em uma ou duas coisas gentis para dizer, mas no fim voltei para o meu quarto sem mais nenhuma palavra.

Outra vez no meu quarto eu tentei esquecer aquilo, afinal ninguém está bem o tempo todo, nossa mãe deveria estar cansada. Talvez ela tivesse tido problemas no trabalho, ou quem sabe apenas estivesse cansada e eu tivesse sido enxerida demais. Conectei meu celular no sistema de som do quarto e comecei a ouvir algumas músicas enquanto fazia minha lição.

O tempo passou voando, quando vi já era noite. Me levantei para descer para o jantar, mas quando abri minha porta levei um susto com uma Marge espantada na minha porta. Ela carregava uma bandeja com um prato feito e um copo de suco.

_Marge? Algum problema?

Ela endireitou sua postura e tentou suavizar o rosto assustado.

_Problema nenhum menina _ela colocou um sorriso no rosto, mas ele parecia deslocado ali _Trouxe seu jantar.

Eu olhei para ela confusa _Por que trouxe minha comida no quarto? Sempre jantamos em família.

_Bem, sua mãe está com um pouco de dor de cabeça, então pediu que vocês comessem em seus quartos hoje.

Pensei ter visto uma névoa em seu olho, falsidade em seu sorriso... é talvez eu também estivesse cansada e pensando ver coisas _Obrigada Marge _mesmo ela relutando eu peguei a bandeja dos seus braços, entrei e me servi sozinha. Mais tarde ela voltou e recolheu a bandeja.

Aquele dia havia sido cansativo. Até tentei ler mais um pouco, mas o cansaço me venceu, e logo eu estava adormecida.

***

A Ordem Da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora