41- Progresso

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Cara, você já tentou usar um arco? Uma dica, não é como nos filmes, não é nem um pouco fácil, eu quase matei um esquilo na floresta tentando acertar o tronco de uma árvore, árvore que estava a cinco metros de mim apenas. O esquilo saiu de dentro da moita que estava, e eu juro, se ele tivesse dedos mais flexíveis teria erguido um para mim... não de uma forma muito respeitosa.

Já fazia três semanas treinando com meu arco, e nossa! Ele era bonito, mágico, único... e um saco, eu nunca conseguiria usar aquela coisa afinal!

_Já matou muitos animais na floresta hoje?

Uma voz familiar me assustou. Eu me virei e vi um garoto de cabelos escuros como a noite, olhos de um jade profundo, corpo sarado e movimentos felinos, ele usava uma calça cinza, botas pretas e um suéter grosso de lã creme. Nossa estávamos a tão pouco tempo naquele lugar, e ao mesmo tempo eu mal conseguia me lembrar do mundo além dali, só me lembrava mais acentuadamente da nossa vida de antes quando me punha a comparar o Tyler de antes com o de agora. Ele parecia mais... perigoso... gato...e bem, faz mal dizer gostoso também?

_Raciocínio lento?

_Aprendizado lento mesmo! Eu não consigo usar isso.

Ele riu de forma divertida.

_dê um tiro vai.

_Tiro? Isso não é um revolver sabia?

_vai logo Sullivan! _Tyler continuava divertido.

_Ok! _sorri, gostava do meu novo sobrenome, parecia ser parte de quem eu era agora.

Estiquei a corda prateada do arco, e soltei a flecha maldosamente no tronco da árvore. Ela passou zunindo e se espetou a metros à frente da árvore.

Tyler começou a rir descaradamente, penso que até de forma exagerada, tentando me irritar, e certamente cumprindo sua meta.

_bem, se eu mirasse no meio da sua testa será que acertaria qual parte inferior do seu corpo? _falei isso enquanto apontava o arco para ele, e media a pontaria e pensava sobre minha interrogativa de forma fingida.

_Ei, vire essa coisa para outro lugar! _ele pareceu se alarmar de forma genuína.

Eu revirei os olhos para ele e continuei a tentar acertar o tronco. As flechas realmente não acabavam, isso era legal, e bem, era conveniente, por que com a quantidade de flechas que eu parecia ter a inclinação de perder no meio da floresta com minhas débeis tentativas de acertar um alvo seria um problema se eu tivesse que as catar afinal.

Depois de um tempo eu pensei que o Tyler tivesse ido embora, pois estava de costas para onde ele havia estado, e o silêncio do local era substituído apenas por eventuais zunidos de flechas e minhas maldições sussurradas a cada erro.

_quer ajuda? _bem, no fim ele não havia ido afinal.

_E você saberia como me ajudar? _disse sem me virar pra ele.

Senti mãos fortes agarrar meus ombros e me virar delicadamente para trás, em uma fração de segundos o arco estava nas mãos do Tyler, assim como a flecha que outrora eu segurava para o armar. Em um movimento seco e elegante ele rapidamente armou o arco e soltou um tiro certeiro. A flecha viajou em direção do tronco, o trespassou e veio a acertar o tronco de um pobre abeto atrás dele.

Meu queixo estava ligeiramente caído.

_Eu acho que você está fazendo tipo... kikbox?

Tyler me olhou deliberadamente. _Hum?

O seu tiro atravessou a árvore Tyler! _meu tom deixava claro a obviedade da situação.

_Não fui eu que coloquei força demais, as flechas que são boas. _ele mediu o arco admirado. _o que indica que você deveria parar de brincar e aprender de fato usar isso. Me parece que ele é bem perigoso para você não saber como usá-lo.

A Ordem Da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora