𝐅𝐈𝐑𝐒𝐓 𝐋𝐎𝐕𝐄 | ✓

46 • Colocando as cartas na mesa

Nov. 2018 • Mystic Lakes, Medford – MA
Chris Evans

Eu e Sebastian já estávamos com cem dólares ganhos em cima de Robert e Jeremy na sinuca, e eu não podia negar o quão satisfatório era ver a cara dos meus dois adversários quando encaçapei a última bola oito, finalizando mais uma partida.

— Da próxima vez farei dupla com o Chris — Jeremy comentou, me fazendo rir.
— Está me chamando de ruim? — reclamou o Downey.
— Você é péssimo, Robert — admiti.
— Péssimo é uma palavra muito forte, amigo — ele devolveu.
— Mais alguém a fim de perder dinheiro? — Seb anunciou, me entregando uma nota de cem dólares.
— Eu quero é cerveja — Hunter anunciou, após conferir o frigobar vazio.
— Vou com você — o acompanhei.

No andar inferior, o aroma de feriado já era reconhecido. Além da terra molhada, indicando o dia chuvoso, o cheiro da torta de maçã, purê de batata e do molho de carne se misturaram na cozinha, enfatizando ainda mais a minha fome, pois as pizzas do almoço ainda não tinham chegado. 

— Torta de chocolate no dia de Ação de Graças? — Hunter perguntou, espiando por cima do ombro de Zoe, que batia a massa na batedeira.
— Se reclamar de novo, vai ficar sem bolo de aniversário — a morena devolveu, me fazendo rir enquanto pegava duas packs de cerveja na geladeira.
— Falando em aniversário, cadê a Scarly? — virei para a cozinha, procurando o perfil loiro, reclamando da bagunça no cômodo, mas não encontrei. Ela não estava ali.
— Adrian ligou para ela — Hunter fechou os olhos, como se já soubesse o que tinha acontecido.
— Ela não parecia muito bem, Hun — admitiu, Brie.
— O que houve? — perguntei.
— Adrian vai ser pai de novo — assenti, compreendendo que aquilo pode ter mexido com a Scarlett — Eu vou lá falar com ela.
— Acho melhor dar um tempo a ela — Lizzie sugeriu.
— Se alguém não for falar com ela, não teremos peru para o jantar — ironizou, Brie.

Hunter subiu as escadas, comigo em sua cossa, e o vi entrar no quarto de Scarlett, mantendo a porta entreaberta. Não tive coragem para entrar. Parecia ser intimo demais, um assunto de família, porém a minha preocupação me impediu que eu simplesmente fingisse que estava tudo bem. Eu me importava com Scarlett e sabia mais ou menos o quanto ela se culpava pelo fim do casamento e por não conseguir ser mãe, me recordando da primeira vez que ela foi em minha casa, para conversarmos sobre o seu divorcio.

Deixei as cervejas com Sebastian, próximo a mesa de sinuca e fui em direção ao quarto de Scarlett, me encostando na parede do corredor no lado de fora, para me certificar de que a minha amiga ficaria bem.

— Você está bem? — pude ouvir a voz de Hunter, preocupado com a irmã.
— Estou, eu só... precisava de um tempo.
— Você não pode ficar assim.
— E como você quer que eu fique, Hunter? — senti uma pontada de ira no tom de voz de Scarlett — Eu acabei de me divorciar, e nem sei se conseguirei construir uma família, ser mãe...
— É óbvio que você vai conseguir, Scar!
— Eu já estou velha, Hun! As coisas funcionam diferentes para a mulher! — ela tinha razão. Mulheres tinham mais dificuldades de engravidar com o passar dos anos. Isso a preocupava.
— E você pode garantir que não encontrará alguém em menos de quatro anos? — silêncio. A curiosidade me fez espiar. Scarlett estava parada ao lado do irmão, com os braços cruzados e cabeça baixa, em frente a porta de acesso à varanda, tendo a chuva como trilha sonora. Não podia ver, mas eu sabia que ela estava triste, e isso partia o meu coração — Você não pode controlar tudo ao seu redor, sis.
— Eu sei.
— Então pare de se machucar tentando. Eu posso não te dar um sobrinho, mas eu sei que você vai me dar um, ou talvez dois — Scarlett virou para o seu irmão, lutando para esboçar um sorriso — Se recomponha e volte para as pessoas que te amam. Eles estão aqui por nós. Por você.