12 • Tarde de estudos

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Setembro, 1998 • Boston – MA Christopher Evans

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Setembro, 1998 • Boston – MA
Christopher Evans

Me olhei no espelho pela décima vez antes de decidir que não tinha como melhorar a minha aparência. Eu continuava o mesmo loiro de olhos azuis com sessenta quilos que sofria bullying diariamente no colégio. Não mais diariamente, já que ter amigos evitava com o que eu fosse encurralado sozinho nos corredores pelos três patetas.

Pude ouvir a voz de minha irmã no andar de baixo avisando que Scarlett já havia chegado. Era sábado de manhã e todos estavam em casa, menos os mais velhos, por causa da faculdade. Coloquei os óculos de graus no rosto e desci as escadas correndo ao lembrar o quanto Carly poderia se aproveitar da situação por eu ter convidado uma mulher para vir em casa pela primeira vez.

— Hey! — acabei demonstrando desespero, o que fez Scar rir.
— Isso tudo é para me ver? — ela apontou para a jaqueta e boné que eu usava.
— Parece que você é importante — minha irmã brincou, fechando a porta.
— Não é nada demais — tentei convencê-la — É só uma jaqueta.
— Você não usa ela para ir a igreja aos domingos? — encarei a minha irmã que me lançava um olhar maléfico. Ela apenas existia para me provocar.
— Não, não uso — indiquei que a ruiva subisse as escadas.
— Filho! — minha mãe apareceu quando coloquei o pé no primeiro degrau. Foi inevitável praguejar — Oi, Scarlett! — elas se cumprimentaram.
— Olá, senhora Capuano.
— Fora da escola, sou apenas a Lisa — Scar sorriu, assentindo a informação — Chris me falou que você está precisando de ajuda em história.
— Pois é. Tive sorte em conseguir um professor particular — a ruiva tocou o meu ombro, já que estava dois degraus acima de onde eu estava.
— Muito legal da sua parte, filho — sorriu sem mostrar os dentes — Mas mantenha a porta aberta, por favor — minha mãe me lançou um olhar desconfiado e eu tombei a cabeça para trás, não acreditando que aquilo estava acontecendo.

Empurrei Scarlett escada acima enquanto ela ria de toda a cena do andar debaixo. Era a primeira vez que eu trazia alguém para a minha casa, sem ser o Sebastian, e acredito que a ruiva tenha mais ou menos uma ideia disso. Ela realmente estava se divertindo as minhas custas.

— É a primeira vez que você traz uma mulher para casa? — ela falou antes de eu fechar a porta — Porta aberta, Evans! — brincou, voltando a rir.
— Está tão na cara assim? — assentiu, sentando em minha cama.
— Não é como se sua mãe e sua irmã estivessem se esforçando para disfarçar — eu revirei os olhos.
— Mas não é como elas pensam — Scar me olhou de um modo intenso, que eu tive que desviar, antes de ter uma ereção indesejada. Ela e esse hábito de brincar comigo.
— Pode até ser como elas pensam. Nunca se sabe.

Quando voltei o meu olhar para a ruiva sentada em minha cama, acompanhei a sua atenção fisgada em cada canto do cômodo. Os pôsteres do Patriots na parede, os troféus do clube de política, a vitrola na cômoda sob prateleiras de livros e HQ's, a
coleção de disco de vinil, a escrivaninha com a lição de casa pausada e a miniatura do Capitão América.

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