41 - Caminho

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Talvez as sensações ruins que Melissa tinha sentido não tivessem tanto a ver assim com nervosismo ou ansiedade. Era um grande pressentimento, na verdade, algo que eu ignorei completamente, assim como os meus próprios receios. Além do mais, eu também deveria ter levado mais à sério aquela história de que o noivo não poderia ver a noiva antes do casamento, afinal, como eu poderia imaginar? Tudo estava bem entre nós dois, então o que poderia dar errado?

Mas talvez nem tivesse a ver com superstições, e sim com as circunstâncias. Eu deveria ter ouvido Melissa quando ela disse que casar naquele momento não era uma boa ideia, principalmente depois do que ocorreu com o meu irmão. 

Depois que a deixei na casa da Victoria, vi várias mensagens dos meus amigos no meu celular. Eles continuavam no meu apartamento e me esperavam para que fôssemos juntos em um carro alugado. Avisei que estava voltando e cheguei depois de alguns minutos. Eles, ao contrário das madrinhas, estavam mais calmos, mas mesmo assim acabei sendo alvo de algumas brincadeirinhas.

Quando chegamos na casa dos meus pais, minha mãe me recebeu na sala de estar. Ela parecia normal e logo veio dar uma arrumada no meu terno, agindo como sempre agiu. Ela estava um tanto emocionada e transparecia estar bem. Os outros convidados falaram comigo, estavam bem empolgados e não paravam de sorrir.

Não havia muitas pessoas justamente porque decidimos assim, só havia quem era muito próximo. Melissa tinha mais pessoas conhecidas na Nova Zelândia, por isso não foi possível que muitas delas estivessem ali. Mas nem era um problema muito grande, porque faríamos aquilo de novo e seria algo bem maior.

Assim, cumprimentei todos e depois fui para o altar, seguido da minha mãe. Uma metade dos meus padrinhos, assim como os da Melissa, já estavam ali há mais tempo, por isso confiei que tudo daria certo. A decoração estava perfeita e melhor do que nas imagens. Recebi muitos elogios e não consegui parar de sorrir. 

Todo mundo fazia questão de tirar algumas fotos e um fotógrafo registrava o que minha mãe e as madrinhas da Melissa pediam para registrar. O padre era um senhorzinho simpático e parecia mais ansioso do que eu. Só que essa ansiedade não se manteve, porque não demorou muito para que eu percebesse uma movimentação com as madrinhas e o pai da Melissa, que seguiu para dentro da minha casa.

Minhas mãos suaram e aquele frio na barriga veio quando imaginei que Melissa já tinha chegado. Me preparei, assim como os outros, que ficaram em silêncio nas suas cadeiras e esperaram para que ela entrasse. Uma música suave começou a tocar e lá no final do caminho eu a vi, com aquele vestido branco e uma coroa de flores azuis na cabeça.

De novo aquela sensação de que o tempo havia desacelerado aconteceu, mesmo que eu tivesse visto Melissa minutos antes. As pessoas ao nosso redor ficaram turvas e o ponto central foi somente ela, que tinha os olhos presos nos meus e um sorriso deslumbrante. Todas aquelas flores à nossa volta pareciam prestar atenção nela, como se sussurrassem uma imensidão de elogios, e eu nem duvidava que aquilo realmente poderia estar acontecendo, já que Melissa era a coisa mais linda ali naquele meio. O dia claro lhe agraciava e as nuvens lá em cima a contemplavam. Ela apenas tinha aquele poder de me deixar estonteado.

Depois de Tobiah e Emmett jogarem algumas pétalas de rosas pelo caminho, Melissa se aproximou o bastante para entregar o buquê à Victoria. Em seguida, o Sr. Lee colocou a mão dela na minha mão e me deu um sorriso. Só consegui parar de olhar para ela porque tivemos que prestar atenção no padre, que começou a falar. Minha mãe chorava ali perto, mas dava para ver que era um choro de alegria. Meus padrinhos e as madrinhas da Melissa não tiravam o sorriso do rosto e algumas delas também choravam.

Não consegui pensar em mais nada e o padre continuou falando na nossa frente. Ele dizia palavras sobre a importância da união e que Deus havia selado o nosso destino antes mesmo daquilo. Depois chegou o momento das alianças e, quando me virei para Melissa, a fim de dizer os meus votos, fitei os seus vívidos olhos e vi que eles estavam bem marejados e brilhantes. Eu também estava emocionado e me controlava para não chorar, por isso tive que respirar fundo enquanto segurava a sua mão trêmula.

a new life • hs | book 2 (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now