a new life • hs | book 2 (CONCLUÍDO)

66 - Uma nova vida

Os meses se passaram, alguns anos também. Eu não queria adiantar muito o tempo, porque talvez se tornasse meio chato, mas eu gostaria de comentar sobre alguns momentos, onde eu consegui sentir a felicidade em todos os seus níveis, tudo de uma vez só.

Diziam que Melissa e eu éramos um casal muito calmo e romântico. Era isso o que ficava visível e eu até concordava. Havia uma parte minha que batia com a parte dela no quesito "eu estou em paz e em minha magnífica plenitude”. O fato era que, com Melissa Lee, não existia uma situação onde eu me sentia esgotado e inseguro. Era algo onde eu me encontrava em perfeito estado, porque não me faltava mais nada; Melissa era mais do que eu merecia, mais do que o suficiente para mim; ela era mais do que eu precisava, porém de um jeito onde não dependêssemos um do outro.

Eu a amava muito e era assustador, principalmente porque eu entendia que algo de ruim, sim, poderia acontecer e ela ser levada de mim. No entanto, eu a conhecia muito bem, conhecia toda a sua essência e todo o seu ser, todas as suas perfeições e defeitos, que, mesmo sendo defeitos, me faziam amá-la ainda mais. E eu sabia que ela se machucaria ao me ver mal, depressivo ou aflito, como se fosse sumir a qualquer instante. Se algo acontecesse a ela e ela pudesse falar comigo em meus sonhos, eu tinha certeza que ela me pediria para seguir em frente, porque ela estaria comigo em qualquer parte do universo.

E o mesmo valia para Lissa, porque, se eu morresse e ela vivesse ainda por mais algum tempo, tudo o que eu iria querer era que ela fosse feliz, que suportasse a dor, porque na verdade ela não iria me perder, meu corpo ficaria em um lugar longe dela, porém a minha alma a abraçaria em todos os momentos. E ela aceitaria a situação, sem se perguntar o porquê de nada, e diria para Sunee que elas me encontrariam em um lugar mágico e longe de toda a maldade; que não precisava ter pressa, pois o mundo ainda precisava das duas e eu sempre esperaria por elas. Talvez soasse melancólico e dramático, mas o que eu queria dizer era que o nosso amor era maior do que qualquer outro sentimento angustiante.

Um momento a compartilhar era o nosso casamento, que não terminou em uma tragédia, nem em um irmão triste e bêbado. Verdade seja dita, foi uma grande cerimônia. Daquela vez não havia conflitos entre ninguém, todos estiveram presentes. Na primeira tentativa houve muita tensão e eu acabei errando feio em ter ignorado o meu irmão. No entanto, o nosso casamento daquela vez foi uma grande harmonia, algo que eu acreditava que todos nós merecíamos, depois de tudo.

O lugar em si foi escolhido por Melissa, sendo que ela foi muito categórica e nem viu outras opções, como se casar na beira de um penhasco fosse o seu sonho desde criança. O lugar era esplêndido, cercado de montanhas e com o lago Wanaka atrás, com o pôr do sol olhando tudo de fininho. Todos os nossos amigos e família foram convidados e ninguém se ausentou por conta de problemas com voo ou passagens, já que as coisas foram muito bem planejadas e não aconteceu impulsivamente como da primeira vez que tentamos nos casar.

Sunee já estava com os seus oito anos de idade e era a nossa magistral dama de honra, usando um vestido rodado com laços na cintura, onde a cor branca se mesclava com uma leve cor verde, trazendo a combinação perfeita com a paisagem à nossa volta. Na sua cabeça havia uma coroa de flores brancas e nas mãos ela segurava um mini buquê. Como eu era um bobão, não consegui me segurar e manchei o rosto de lágrimas, enquanto Sunee caminhava na minha direção seguida de Tobiah e Emmett um pouco mais atrás, os dois segurando cestinhas e jogando pétalas pelo caminho. Os violinistas tocavam ao fundo e dali eu tinha a visão de todos os meus convidados e os convidados da Melissa. Eles tinham sorrisos nos rostos ao apreciarem a entrada da nossa filha e dos meus primos, e esperavam ansiosamente por Melissa.