01 - Sequelas do coma

356 48 141
                                    

Não era de se esperar uma noite tão esquisita como aquela

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Não era de se esperar uma noite tão esquisita como aquela. O verão se despedia e eu me atrasava com as férias. A faculdade era algo que estava tirando boa parte do meu tempo, mas definitivamente não me parava. A ideia da viagem não foi à toa, afinal, era para eu me desestressar totalmente. E ficar sozinho. O problema era que eu não sabia se havia pegado o voo ou se havia mudado de ideia e escolhido ir de carro.

Era disso que eu lembrava.

Haviam flashes da confraternização antes das férias, onde eu bebi o suficiente para passar mal. Era uma diversão e nada a mais. Aquilo fazia parte de mim e eu não pude negar uma noite de música e bebida, já que os estudos tiravam um pouco do meu tempo. O fato era que eu estava um tanto confuso, porque sabia que estava deixando algo passar. Eu não lembrava se havia ido pro quarto do campus com Duane, e muito menos se estava lúcido para viajar.

Enquanto lutava na busca de lembranças em meu cérebro desconcertado, estranhei ainda mais quando ouvi bips e senti um leve cheiro de café. Quando consegui abrir os olhos, a claridade daquele lugar quase me cegou. Era como se eu tivesse dormido por um bom tempo, e eu não me sentia nem um pouco confortável, principalmente depois que vi tubos ligados aos meus braços e senti uma máscara de oxigênio sobre o meu rosto. Rapidamente deduzi que aquilo tivesse sido por conta do exagero na bebida, afinal de contas, eu estava deitado na cama de um hospital, e quando foi a última vez que eu estive em um hospital?

Minha boca estava seca sob a máscara e aqueles tubos passaram a me deixar inquieto. Achei que estivesse sozinho no quarto e pensei em chamar por alguém, mas depois dei uma olhada em volta e vi um rosto familiar deitado em um sofá no canto do quarto. O sofá se misturava com aquele branco exagerado e as poucas decorações eram quase invisíveis. Até me senti mais aliviado ao vê-lo ali, porque ele poderia me dizer de uma vez o que diabos eu havia feito depois de sair do campus da Hans.
     — Henry? — lhe chamei, mas deduzi que eu estivesse quase sem voz devido à rouquidão. Provavelmente Henry não acordaria com os meus chamados, já que isso nunca acontecia desde que eu o conhecia. Ele sempre dormiu como uma pedra e era uma sorte quando acordava bem-humorado. — Cara, não posso levantar daqui, então trate de acordar...

Aquilo era mais um murmúrio meu, o que me fez rir. Olhei para Henry novamente e percebi uma mudança. Sim, ele estava diferente da última vez que eu havia o visto.

E quando foi a última vez?

Vasculhei as memórias e até que não foi difícil de me recordar. Tínhamos conversado por vídeo chamada, era um dia frio somente para ele e eu bebia o meu chá de todos os dias. Henry estava empacotado com um casaco de tricô vermelho que vovó havia dado de presente no Natal, havia uma xícara de chocolate quente junto a ele e a decoração do hotel onde ele estava era algo convidativo. Seu cabelo se encontrava curto e o rosto limpo.

Os olhos dele brilhavam enquanto ele falava de alguém importante na vídeo chamada. Henry contava algo sobre uma mulher que ele havia conhecido nessa sua viagem para a Nova Zelândia. Ele parecia realmente interessado na pessoa, principalmente pelo fato da mulher ser adepta às causas sustentáveis. Escutei tudo sendo o bom ouvinte que eu era, Henry estava animado e era daquilo que eu lembrava.

a new life • hs | book 2 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora