52 - Recomeço

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O povo da tribo Mentawai eram pessoas boas, de alguma forma, eles nos receberam bem em suas casas, nos trataram de forma respeitosa e nos convidaram a conhecer a sua cultura

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O povo da tribo Mentawai eram pessoas boas, de alguma forma, eles nos receberam bem em suas casas, nos trataram de forma respeitosa e nos convidaram a conhecer a sua cultura. Eles eram de um dos países que mais perdiam as suas florestas por conta do desmatamento e viviam na selva da melhor forma que conseguiam. No entanto, mesmo que eu tivesse gostado muito de todos eles, não consegui deixar de esquecer as imagens dos assassinatos, ali a passos de distância de mim. 

Claro que eu não tinha que falar nada, porque eu estava no território deles. Além do mais, continuei tolerando aquilo por causa da Melissa. Eu ainda nem tinha entendido bem o motivo para ela estar ali, porque no fim ela levava a questão de maus-tratos a animais mais a sério do que todo mundo ali reunido. Ela era a única vegana do grupo de turistas e, mesmo que eu visse a tristeza estampada em cada poro do seu corpo por conta daquela situação, fiquei calado, porque imaginei que, se ela quisesse ir embora, já teria ido.

Mas eu estava enganado, pra começo de conversa. Estávamos bem próximos, deixando aquela história de Nova York de lado, conversando sobre coisas novas, como o fato de que ela estava com uma loja virtual, vendendo produtos veganos e sustentáveis, como cosméticos e acessórios. Ela tinha a ajuda da Steffanie, que obviamente recebia parte do lucro. 

O grupo de turistas também tinha se aproximado de mim, afinal, não tinha como não conversar com eles. Com tantas pessoas falando uma língua muito diferente na tribo, era bom ter alguém que conseguia te entender. Não tivemos muita oportunidade de conversar, na verdade, porque, sendo honesto, quase não passei muito tempo com eles, já que fomos embora, Melissa e eu.

Eu nem passei muitas horas na tribo e, no meu segundo dia durante a noite, conversei com Melissa quando tivemos que nos afastar do ritual que estava tendo dentro de uma das cabanas. Eu preferi não saber como acontecia, mas tinha a consciência de que estavam usando animais. 
     — Não temos que fazer isso — eu disse, enquanto ouvia os Mentawai cantando uma música. Pouco mais a frente dava para ver a luminosidade, mas não o que acontecia na cabana. — Não precisamos, principalmente você. Sei que está sendo muito difícil, então por que não vamos embora?
     — Você quer ir embora? — perguntou ela de volta, mas não parecia muito surpresa. Melissa estava chorando e aquilo me trazia infelicidade. Ela com certeza já tinha aprendido muito sobre eles, tinha conhecido muitas pessoas de países diferentes e estava ali na Ilha de Sumatra, um lugar divino e belo. Eu também amei fazer parte daquilo, mas vê-la mal por presenciar situações cruéis me deixava mal em dobro, porque as tais situações também me entristeciam.
    — Eu quero ficar com você — respondi, fitando-a. Estava bem escuro na parte de fora das cabanas, mas a lua me permitia ver um pouco dos seus olhos, que estavam molhados e exprimiam desconsolo. — Mas está sendo duro saber o que acontece todo dia aqui. Você não tem que passar por isso, vai totalmente contra os seus princípios. Sei que você tem vontade de dizer a eles a sua opinião, mas a probabilidade de eles se irritarem e se ofenderem é grande. Você ouviu o guia, eles passam suas tradições de geração para geração.
     — É incrível a capacidade que eu tenho de fazer tantos planos e no fim não seguir nenhum deles — comentou ela, revirando os olhos. — Eu sabia o que me esperava, eu sabia o que eles faziam, já tinha estudado um pouco sobre eles, mas mesmo assim eu vim.
     — Por quê? 
     — Eu falei pra você, Harry — Melissa me olhou, depois de suspirar —, eu precisava fazer alguma coisa. Gosto de conhecer os lugares e fiquei curiosa sobre a outra face deles, a face onde não tem sofrimento nem dor… É só isso, e não me arrependo. Todos eles são legais e receptivos, tirando a parte das…, você sabe.
     — Vamos embora — pedi, pousando a mão sobre o pescoço dela e já percebendo que a música dos Mentawai havia parado. — Aqui não tem como trancar portas e eu soube que, nesses dias estando na selva, você ficou sonâmbula toda vez em que caiu no sono. Você está com as pernas e as mãos machucadas, Melissa, poderia ter se ferido feio. Você está se entristecendo, porque a dor é maior do que observar a floresta, e isso não precisa ser assim. Eu sei que não tenho nada a ver com as suas decisões, mas… você sabe que eu amo você… muito — meu polegar acariciou o seu queixo e ela suspirou mais uma vez —, e eu não quero ver você desconsolada. Não sou capaz de mudar essa realidade, mas faria o que pudesse, se eu pudesse.
     
Quando terminei de falar, Melissa envolveu o meu rosto e tocou a sua testa na minha testa. Senti sua respiração sobre os meus lábios e os meus olhos já estavam fechados esperando pela sua atitude. Assim, ela tirou todo o meu anseio e me beijou. Nossas línguas logo se tocaram e eu a puxei para mais perto, agarrando e apertando a sua cintura. O beijo era lento e intenso, fazia transparecer a nossa paixão a cada suspiro dado. Suspiros de alívio e conforto. Melissa puxava os fios do meu cabelo e isso só me deixava mais animado. Cada um retribuía as leves mordidas nos lábios e eu apenas queria estar mais colado a ela.

a new life • hs | book 2 (CONCLUÍDO)Место, где живут истории. Откройте их для себя