35 - Exposição

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Depois de falar sobre mim e de me queixar com a Nicole, ela terminou de esconder os meus machucados enquanto eu perguntava sobre a vida dela – se já havia denunciado o tal cara que a agrediu. 

Ela respondeu que sim e eu me senti bem por ela. Eu não desejava um final ruim para nenhuma mulher, assim como para a Nicole. Denunciar o cara que a agrediu foi um passo muito grande e talvez ela nem tenha se dado conta disso.

Quando terminamos o nosso papo, Nicole voltou para o trabalho depois de avisar que eu tinha uma reunião para aquele dia. Assim, parte do meu tempo foi na sala de reunião com o diretor, os gerentes e administradores. Me esforcei ao máximo para focar na reunião, mas era meio difícil com o Henry aparecendo na minha cabeça. Algo me dizia que ele continuava tão puto quanto antes.

Logo, depois de algum tempo na sala de reuniões, voltei pro meu escritório a fim de lidar com as questões econômicas daquele dia. Fiquei ali o tempo inteiro, Nicole vinha algumas vezes na minha sala mas daquela vez só falamos de trabalho. 

Meu turno então seguiu muito normalmente e eu só fui ter notícias da Melissa quando ela entrou na minha sala. Ela me pegou conversando com a Nicole, o que não foi muito legal já que ela ainda não sabia que Nicole e eu não estávamos mais tendo nada além da relação de trabalho. 
     
Nicole olhou para a Melissa e deu um sorriso um tanto envergonhado. Fiquei feliz pelo fato da mesa estar entre nós dois e então me coloquei de pé. Melissa olhava seriamente para a Nicole, depois abraçou a pasta verde que segurava e sorriu de volta para a mulher, claramente sendo educada – já que o seu sorriso era forçado. Nicole percebeu aquilo, pediu licença e quase saiu dali correndo.      
     — Oi — falei, me aproximando da Melissa e tentando decifrar a sua expressão.      
     — E aí, como está o trato de vocês? — perguntou ela, já séria de novo. — Já transaram hoje? 
     — Hã…, não — respondi, surpreso com as suas palavras. Era a primeira vez que ela transparecia sentir ciúmes, assim de um jeito brusco. — Na verdade, aconteceu uma coisa e…
     — Isso é maquiagem? — Ela se aproximou mais de mim e cerrou os olhos, a fim de observar o meu rosto.
     — Nicole me ajudou a esconder os machucados.
     — Ah, é?
     — Sim, mas não é nada do que você está pensando...
     — Você não disse pra ela que ela só vai perder tempo mostrando o vídeo pro Henry? — jogou Melissa, e então foi se sentar à minha mesa. Eu apenas continuei de pé e pus as mãos nos bolsos. — Porque, como você já sabe, não é mais necessário mostrar vídeo nenhum.
     — Nicole e eu já resolvemos isso.
     — Como assim? 

Melissa me fitou e deixou que eu percebesse que ela ainda estava mal. Seu curativo estava trocado e ela apertava as próprias mãos. 
     — No dia em que você e eu brigamos na casa dos meus pais, eu fui até lá pra…, você sabe — Melissa desviou os olhos de mim e pareceu desconfortável —, só que, quando eu cheguei lá, tinha um cara batendo nela. Era um namorado que ela tinha fazia algum tempo. Claro que eu não gostei de ver o que vi, então a gente se atracou no meio da sala de estar. Ele foi o motivo daqueles machucados no meu rosto — expliquei, já sentando no meu lugar de sempre e colocando toda a atenção nela. — Eu não podia simplesmente sair de lá como se não tivesse visto nada. 
     — Então ela parou de chantagear você com o vídeo depois disso? — perguntou Melissa, um pouco mais calma. 
     — Sim, não temos mais nada — respondi, aliviado por Nicole e eu termos resolvido aquele problema. — Ela denunciou o cara, se desculpou pelo que fez comigo e agora está tudo certo. 
     — Ah...
     — Você está bem? — Melissa me olhou e apenas assentiu. Em seguida, respirou fundo e olhou na direção das persianas do meu escritório. Os funcionários andavam por ali e conversavam. — Tem certeza? 
     — Na verdade, não...
     — Você saiu sem falar nada hoje cedo — comentei, e então percebi que eu também apertava as minhas próprias mãos. — Não encontrei você aqui quando cheguei e você não respondeu nenhuma das minhas mensagens. 
     — Desculpa, eu não pude responder, fiquei ocupada o dia inteiro na fábrica e tive que investigar o funcionamento de lá pra ver se estava tudo em ordem — explicou, e senti vontade de tocá-la, pelo menos por um segundo. — Eu ia avisar onde estava, mas toda aquela história ontem no apartamento…, eu acordei exausta.
     — Está tudo bem — falei, sincero.
     — Você também estava cansado, então tive pena de acordá-lo hoje pela manhã, estava como se fosse um anjo — Melissa deu um sorriso tímido, e então pareceu saber que eu queria tocá-la e pôs suas mãos sobre a mesa, a fim de segurar as minhas enquanto observava os machucados nos nós dos meus dedos. — Fui pro apartamento do Henry me vestir pro trabalho e…, você sabe, vou ter que voltar lá para pegar as minhas coisas. 
     — Você vai vir morar comigo? 
     — Bom, eu queria — murmurou ela, mas parecia incomodada com alguma coisa. — É só que… está muito claro que Henry e eu não estamos mais juntos, mas as pessoas ainda não sabem. Você não acha que me mudar pro seu apartamento agora vai ser um pouco… um pouco rápido demais? — Melissa me olhou e parecia com medo da resposta. 

a new life • hs | book 2 (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now