50 - Ilha de Sumatra (Bônus Melissa)

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MELISSA

Tudo à minha volta estava um breu, as estrelas cintilavam lá de cima, o vento era suave e nos abraçava com um leve frio

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Tudo à minha volta estava um breu, as estrelas cintilavam lá de cima, o vento era suave e nos abraçava com um leve frio. Era possível sentir a natureza respirando lentamente e roncando durante aquela noite, com a sua fauna e flora em cada canto que se tocasse. O tronco tocando as minhas costas me energizava e eu conversava mentalmente com a Vossa Madame Verde; o cheiro de plantas e de frutas frescas era pacificador, algo que me fazia simplesmente querer estar ali pelo maior tempo possível.

Mas eu estava em uma missão e os meus olhos tinham uma visão apenas de um alaranjado, por conta da câmera de visão térmica que era essencial para enxergar além daquele negrume. A civeta comia os frutos que a figueira lhe proporcionava e, ao andar, deixava os seus excrementos despejados nos galhos a fim de marcar território. Vê-la ali em seu habitat natural, livre e sossegada era reconfortante, principalmente depois de denúncias sobre maus-tratos. Era uma pesquisa importante e seria documentada na universidade pública de Auckland. Eu não faria parte das apresentações, mas estava fazendo parte das pesquisas, algo que já era bem satisfatório.

Era noite de lua nova, por isso estava bem mais escuro que o normal. Eu continuava gravando os hábitos noturnos da civeta e a superfície onde Ada e eu estávamos situadas era bem firme e segura. Tivemos que escalar aquela árvore enorme com a ajuda dos guias e dos amigos biólogos. Não foi fácil e me rasguei um pouco, mas quem se importava? Aquilo era realmente o que eu gostava de fazer.

Ada cochilava, ela estava exausta, nosso dia foi repleto de gravações, fotografias, estudos e explorações. Eu também estava muito cansada, mas não conseguia pregar os olhos, temerosa de perder qualquer movimento da civeta.
     — Aqueles humanos imundos são nada mesmo, não são, meu bem? — sussurrei, enquanto sorria para a civeta, que nem sonhava que eu estava ali à espreita. — Eles não merecem estar no mesmo mundo em que você.

As imagens das civetas machucadas, presas em gaiolas e exploradas foram o suficiente para me fazerem chorar. Eu era muito sensível quando se tratava de maus-tratos aos animais e aquilo me quebrava de um jeito doloroso. Fiquei satisfeita quando soube da punição aos culpados, porque eu confiava na lei, e estive prestando apoio junto com todos os voluntários.
     — O-o que você disse, Mel? — gaguejou Ada, um tanto assustada. Até me admirei por ela ter me ouvido, mas depois entendi, pois Ada poderia colar as próprias pálpebras se pudesse, apenas para ficar acordada. Ela apenas não estava conseguindo se controlar.
     — Está tudo bem, fique tranquila — eu disse, sem tirar os olhos da civeta. — Você quer observar um pouco?
     — Por favor, estou quase pedindo para as formigas me picaram. Eu não quero dormir! — exclamou, de um jeito muito discreto. — Ela ainda está se alimentando?
     — Sim, por enquanto tem a figueira inteira pra ela — brinquei, já que aquela figueira recebia a visita de muitos animais. A árvore dava bastante frutos, mas aquilo acabava em questão de horas.

Dei a câmera para Ada e abracei as pernas, enquanto evitava olhar para baixo, já sentindo um frio na barriga por lembrar que estávamos a mais de seis metros de altura. Lá embaixo estavam os guias e alguns dos biólogos especializados em filmagens. Eles estavam gravando e anotando os resultados que obtivemos. Suas câmeras também tinham visões noturnas e nos comunicávamos pelo walkie-talkie.

a new life • hs | book 2 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora