31 - Perda

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A aflição era como uma senhora rabugenta, que andava ao meu lado, me cutucando com uma bengala e me deixando nervoso.

Victoria já estava com quase três meses, fizemos tudo certinho e eu busquei ser presente em tudo relacionado à gravidez, até mesmo se ela tinha vomitado muito ou se estava com desejos esquisitos de grávidas. Qualquer coisa que ela sentia já me deixava em alerta, principalmente estando estressado com toda a história com Melissa, Henry e Nicole. 

Eu pedi para que ela me mandasse mensagem e me deixasse informado de qualquer coisa. Eu a acompanhei no obstetra nas três vezes em que ela precisou ir, vi o nosso bebê no ultrassom e aquilo me deixou extasiado. Era emocionante de verdade ver um brotinho seu se formando, algo que veio de você e que tinha uma parte da sua essência. Logo, saber que aquilo poderia simplesmente acabar me deixou impaciente e muito agitado.
     — Harry, pelo amor de Deus, tenta respirar fundo e anda um pouco mais devagar — pediu Melissa, agarrada ao bando do passageiro com medo de que eu pudesse bater. Rapidamente diminuí um pouco, mas continuei com uma velocidade alta a ponto de não demorar a chegar no hospital. — Obrigada…
     — Desculpe, estou nervoso — confessei, e então abri a janela do carro a fim de tomar um pouco de ar. — Ela sofreu um acidente e eu nem sei como ela está, se ela e o bebê estiverem muito mal… — Nem continuei, porque só de pensar naquilo me fazia sentir dor.
     — Olha…, tenta pensar positivo, isso ajuda a nos deixar com a cabeça no lugar — aconselhou Melissa, mas a verdade era que ela também estava preocupada e não sabia bem o que dizer. Assim, esta olhou pra frente e pôs uma mão sobre a minha que estava no volante. Senti um pouco de conforto, mas então o meu coração começou a acelerar de novo quando chegamos no estacionamento do hospital. 

Saímos do carro e a Melissa segurou na minha mão mais uma vez. Em seguida, entramos no hospital e eu logo me informei na recepção. Fomos avisados do local onde Victoria estava internada e seguimos pro terceiro andar. 

No elevador, Melissa me abraçou de lado e buscou me passar o seu apoio. Afinal, já havia acontecido um acidente com Victoria e eu, e agora ela estava passando pela mesma coisa de novo, o que chegava a ser frustrante. O que era aquilo, um castigo? 

Na sala de espera do terceiro andar, estava um Aaron muito abatido e cabisbaixo. Ele estava sentado em um dos sofás com os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos cobrindo o rosto. Provavelmente havia chorado antes e tentava se acalmar. A Sra. Brown estava ao seu lado, o cabelo meio bagunçado e os olhos assustados. Sua aflição era quase palpável, afinal, ela tinha perdido o marido e agora sua filha sofreu outro acidente.

Assim, nos aproximamos deles e Aaron se levantou, a fim de me dar um abraço e cumprimentar a Melissa, sem estar tão surpreso em vê-la ali já que ele sabia da nossa história. Cumprimentei a Sra. Brown e ela apenas assentiu com a cabeça, as mãos meio trêmulas.
     — O médico falou alguma coisa? — perguntei ao Aaron, pondo a mão no ombro dele e começando a me desesperar mais uma vez ao ver os dois naquele estado. Aaron cometeu os seus erros no passado assim como qualquer ser humano na Terra e amava a Victoria de verdade, logo ele passou a ser importante pra mim também. — Há quanto tempo estão lá?
     — Eu estava saindo do trabalho quando a Sra. Brown ligou pra mim, vim o mais rápido que pude. Quando cheguei, Victoria já estava lá dentro com o médico. As enfermeiras só pediram para esperarmos aqui, ninguém falou mais nada — explicou ele, agitado. Fiquei com vontade de ir atrás de qualquer pessoa que pudesse me dizer o que estava acontecendo, mas deduzi que, se eles não tinham falado nada pro Aaron ainda, era porque estavam cuidando da Victoria e precisavam ter certeza.

E isso demorou o bastante para eu ficar mais nervoso, talvez tenha se passado uns vinte minutos depois que cheguei. No entanto, enquanto Melissa ficava abraçada a mim e o Aaron andava de um lado pro outro, se aproximou uma médica segurando um prontuário. Ela tinha uma expressão afável, mas senti que aquilo era só pra deixar a gente calmo. Aaron contudo não ficou calmo, pois chegou mais perto da médica a enchendo de perguntas sobre a Victoria. 

a new life • hs | book 2 (CONCLUÍDO)Kde žijí příběhy. Začni objevovat